Varíola dos macacos: 95% dos casos são transmitidos durante o sexo, diz estudo

Beatriz Lacerda Por Beatriz Lacerda
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Um estudo publicado pelo New England Journal of Medicine, mostra que 95% dos casos de varíola dos macacos monitorados foram transmitidos por relações sexuais. Os cientistas da Universidade de Qtueen Mary, de Londres, lideraram a pesquisa analisando 528 novas infecções, em 43 locais de 16 países, entre 27 de abril e junho de 2022.

Segundo a análise, 98% dos pacientes eram homens gays ou bissexuais, 75% deles eram brancos e 41% tinham HIV. A idade média dos infectados era de 38 anos, e eles tiveram ao menos cinco relações sexuais nos três meses anteriores à infecção.

No mês anterior à manifestação da doença, cerca de um terço dos infectados frequentou festas sexuais e saunas. O vírus também foi detectado em 29 das 32 amostras de fluído seminal dos pacientes.

Os pesquisadores consideram que a presença do vírus no sêmen indica, em maior parte das vezes, uma transmissão por meio de relações sexuais. No estudo, os pacientes têm apresentado sintomas antes não relacionados ao vírus, como lesões genitais e feridas na boca e no ânus.

Assim, os novos sintomas se assemelham aos de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), embora a varíola não seja uma. É o que ressalta o principal autor do estudo, John Thornhill “É importante enfatizar que a varíola não é uma infecção sexualmente transmissível no sentido tradicional. Ela pode ser adquirida através de qualquer tipo de contato físico próximo”.

Embora a maioria dos pacientes que participaram do estudo sejam homens gays e bissexuais, Thornhill diz que “o trabalho sugere que a maioria das transmissões até agora está relacionada principalmente à atividade sexual, mas não exclusivamente, entre homens que praticam sexo com homens”.


Foto: Cynthia S. Goldmith e Russel Regnery/CDC – 2003


A varíola dos macacos também pode ser transmitida pelo contato com gotículas respiratórias, roupas ou superfícies que carregam o vírus.

EUA teme possível IST

Autoridades de saúde dos EUA temem que a varíola dos macacos esteja prestes a se tornar uma IST, como HIV, herpes e gonorreia. Ainda não há um consenso entre os especialistas sobre o futuro da doença, mas os dados podem demonstrar indícios de uma possível mutação no contágio da doença.

Nos EUA, mais de 2.400 casos foram relatados desde o começo do surto global, em 2022. As autoridades têm informações limitadas sobre a propagação da doença, mas temem uma alta na disseminação durante o verão. A diretora dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), Rochelle Walensky, informou há previsão para que os estoques de vacinas aumentem. “Acho que ainda temos uma oportunidade de contê-la”, comentou.

No Brasil, até esta quinta-feira (26 de julho) o Ministério da Saúde havia contabilizado 592 casos confirmados de varíola dos macacos, em maior parte no estado de São Paulo. A varíola dos macacos foi detectada pela primeira vez na década de 1970, na República Democrática do Congo, na época Zaire. Até abril de 2022, ela era raramente registrada fora de países africanos, onde é endêmica e geralmente transmitida por mordidas de roedores e outros animais pequenos.

 

Foto destaque: iStock

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