Saúde mental: brasileiros são os mais afetados pós-pandemia

Rayssa Souza Por Rayssa Souza
5 min de leitura
Foto destaque: Pessoa isolada em hospital na época da pandemia do Covid-19 (reprodução/FG Trade/Getty Images Embed)

Ainda são notáveis os impactos da pandemia de Covid-19 na saúde emocional da população global. Segundo o Global Mind Project, que divulga dados anuais sobre o bem-estar no mundo, os brasileiros foram os mais afetados juntamente ao com Reino Unido e África do Sul.

Angústias

O Global Mind Project é um projeto internacional que tem como objetivo mapear anualmente o bem-estar da população mundial. Em um relatório divulgado pelo projeto, os brasileiros constam como 34% da população mais afetada mental e emocionalmente, sendo as pessoas com menos de 35 anos as mais abatidas.


Pessoas com menos de 35 anos são as que possuíram uma piora na saúde mental pós-pandemia (foto: reprodução/Olivier Douliery/Getty Images Embed)


Através de enquetes e questionários realizados com mais de 420 mil pessoas com a avaliação de capacidades cognitivas e emocionais, foi verificado o quanto essas pessoas conseguem lidar com estresse é ser produtivo. Como resultado, República Dominicana, Sri Lanka e Tanzânia permaneceram com um razoável índice desde 2022.

Brasil, Reino Unido e África do Sul possuem uma proporção um pouco maior de pessoas que vivem angustiadas. As mudanças no estilo de vida, o trabalho remoto e a hiper conectividade são algumas das principais causas da piora da saúde mental da população desses países, já que foram bastante incluídas nas novas dinâmicas da pandemia.

“O Brasil foi afetado de forma significativa, com altas taxas de infecção, mortalidade e abalo econômico. O impacto prolongado da pandemia pode ter contribuído para o quadro de estresse crônico e ansiedade, comprometendo a saúde mental da população”

Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein

O especialista comentou que mesmo que a pandemia tenha trazido flexbilidade e conveniência para as pessoas, a mistura entre o profissional e o pessoal refletiu muitos desafios para houvesse um limite saudável entre as famílias.

“A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo na saúde mental devido a uma série de fatores estressantes, como isolamento social, preocupações com a saúde, incertezas econômicas e perda de entes queridos”

Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein

Quando a rotina é comparada com a da pandemia, a jornada de trabalho e o menor tempo de intervalos para almoço e café têm sido comentados como motivos de contribuição para que a saúde mental dos brasileiros esteja pior. Somados a esses fatores, a falta de interação social no local de trabalho também tem contribuído para o isolamento de muitos trabalhadores.

Motivações

O Global Mind Projet conseguiu detectar que também estão relacionados com a piora da saúde mental da população o consumo de alimentos ultraprocessados, a ausência de relações familiares e amizades e o acesso precoce a smartphones.

“O acesso constante à tecnologia pode levar a dependência digital, pior qualidade do sono e diminuição do contato direto e interação com as outras pessoas, o que pode afetar negativamente o bem-estar emocional”

Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein

Para o psiquiatra, as relações com a família possuem um papel importante para a saúde mental e emocional das pessoas, sendo fundamental reconhecer os desafios de lidar com os familiares.

“Um ambiente familiar positivo, com apoio emocional, comunicação aberta e relações saudáveis, promove o bem-estar emocional e ajuda a proteger contra problemas de saúde mental. Por outro lado, conflitos familiares, falta de apoio e disfunção familiar podem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental”

Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein

Diversos estudos apontam que o uso de alimentos ultraprocessados podem prejudicar a saúde mental, uma vez que são ricos em gorduras saturadas, açúcares refinados e aditivos. O relatório feito pelo Global Mind Project mostrou que mais da metade dos que comem esses tipos de alimentos estão angustiados.

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