Saúde mental das vítimas do desastre ambiental no Rio Grande do Sul preocupa especialistas

Rhayra Hallen Por Rhayra Hallen
5 min de leitura
Foto destaque: Médica realizando triagem em abrigo no município de Porto Alegre (Foto/Reprodução/Jefferson Bernardes/Getty Images)

O Estado do Rio Grande do Sul vive uma enchente histórica, onde pelo menos 425 municípios, dos 497 totais, foram atingidos pela chuva, deixando pessoas desalojadas, mortas ou feridas.

“Dentre as reações emocionais e comportamentais esperadas dessas vítimas, temos a própria tristeza, a angústia, a raiva, o choro, a preocupação com o futuro, a falta de apetite ou o excesso dele, e a insônia”, disse Miriam Alves, presidente do CRPRS (Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul), em entrevista à CNN.

Devido a toda sobrecarga de acontecimentos em pouco tempo e sem notícias certeiras do que acontecerá depois, a saúde mental dos gaúchos atingidos preocupa os profissionais da saúde. Uma das soluções encontradas é a telemedicina, onde voluntários da psicologia agem em situações de emergência, além daqueles que estão ao vivo, acolhendo adultos, idosos e crianças nos abrigos.

O futuro retorno para casa

Temos a “Síndrome de estresse pós-traumático”, que ocorre geralmente em vítimas de tragédias ou abusos. Barulhos de vento, chuva e helicópteros, por exemplo, podem despertar memórias dos dias difíceis de hoje no futuro. É necessário o acompanhamento dessas pessoas.

Milhares tinham suas vidas, trabalhos e casas. Ainda no clímax da tragédia, não é possível prever como será a reconstrução do estado.

Os voluntários, embora enfrentando a situação em linha de frente, vivem o calor do momento, focados em salvar cada dia mais vidas. A imagem da tragédia provavelmente só estará completa quando o ímpeto de sobrevivência passar.

Do outro lado temos crianças, idosos, pessoas alojadas que vivem no lugar de observação, vendo toda a destruição e agonia presente.

Nos abrigos, segundo relatos, o clima é de solidariedade e acolhimento uns com os outros, mas a incerteza de não ter para onde voltar assombra a população.

Como obter ajuda


Voluntários buscam acolher a todos para minimizar as sequelas da tragédia
Informe da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (Foto: reprodução/Instagram/@sbpdepoa)

Vítimas diretas e indiretas do desastre ambiental podem ter apoio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pelo SUS, nos seguintes pontos das cidades: CAPS (Centros de Atenção Psicossocial); UBS (Unidade Básica de Saúde);
UA (Unidades de Acolhimento); Hospitais Gerais; Centros de Convivência e Cultura

Pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, um serviço online está sendo disponibilizado, voluntários e vítimas podem ter atendimento gratuito e remoto entrando em contato com o número (51) 99113-5950.

Nos próprios abrigos também há o acolhimento necessário, contando com profissionais de todas as áreas, inclusive da psicologia.

Como ajudar

“As condições atuais ainda não oferecem segurança plena para o retorno dos moradores. O risco persiste devido à previsão de novas ondas de chuvas para os próximos dias. Além dos perigos físicos, a preocupação com a saúde humana também é prioridade. A propagação de doenças é uma ameaça em ambientes alagados, representando um sério risco para a saúde pública.” diz a Defesa Civil, recomendando que as vítimas permaneçam nos abrigos.

As crianças entendem, mesmo que no mundo lúdico da infância, elas estão observando a situação, mesmo que não a leve como os adultos. O melhor a fazer é contar a verdade delicadamente, principalmente em casos de parentes que tenham sido vítimas. Contar aos poucos é muito melhor do que o choque da realidade chegar de uma vez.

Escute ativamente, evite fazer perguntas que façam momentos anteriores de resgate, da antiga casa, da escola ou de algo que tenha passado. Deixe que a vítima conduza o assunto no espaço em que se sinta confortável e não cause a sensação de reviver situações desesperadoras. Também evite perguntas sobre o futuro, ofereça sua compaixão, compartilhe coisas que tragam o mínimo de conforto para que não se sintam desamparadas.

Para ser um voluntário, é preciso apenas um cadastro feito no site da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul.

Seguir
Rhayra Hallen é estudante do último período de Jornalismo, apaixonada pelo universo da comunicação e atua atualmente como redatora, assistente de comunicação e social mídia
Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile