O destino volta a cruzar os caminhos de Palmeiras e Chelsea no cenário global. Após protagonizarem a final do Mundial de Clubes da FIFA em 2021, vencida pelos ingleses na prorrogação, com gol de pênalti de Kai Havertz, as equipes se enfrentam mais uma vez, agora pelas quartas de final da edição de 2025. O duelo acontece na próxima sexta-feira (4), às 22h (horário de Brasília), no Lincoln Financial Field, na Filadélfia, Estados Unidos.
O reencontro carrega não só o peso da memória de um confronto equilibrado, mas também evidencia o contraste de caminhos trilhados desde então. De um lado, o Palmeiras mantém a base, o treinador e a filosofia que o levaram ao topo do futebol sul-americano. Do outro, o Chelsea vive um processo de reestruturação, marcado por trocas de comando, contratações bilionárias e a busca por uma identidade que ainda não se firmou.
Palmeiras: continuidade, consistência e resultados
Se há uma palavra que define o projeto do Palmeiras de Abel Ferreira nos últimos anos, é a estabilidade. Sob o comando técnico do português desde outubro de 2020, o clube se consolidou como protagonista no cenário nacional e internacional. O treinador acumula títulos importantes: duas Libertadores (2020 e 2021), dois Brasileiros (2022 e 2023), três Paulistas (2022, 2023 e 2024), uma Copa do Brasil (2020), uma Supercopa do Brasil (2023) e uma Recopa Sul-Americana (2022).
Do elenco que esteve em campo contra o Chelsea em fevereiro de 2022, nove jogadores ainda fazem parte do grupo atual. Entre os nomes estão: Weverton, Marcos Rocha, Mayke, Gustavo Gómez, Murilo, Piquerez e Raphael Veiga – embora alguns deles estejam fora do próximo jogo, como Gómez, Murilo e Piquerez, por suspensão ou lesão.
Weverton, inclusive, é o jogador que mais atuou pelo Verdão desde aquela final; são 225 partidas em que se consolida como uma peça-chave de confiança para Abel Ferreira.
Essa manutenção é um dos fatores que sustentam o sucesso do time. Diferente da maioria dos clubes sul-americanos, o Palmeiras resistiu à pressão por mudanças imediatistas e reforçou a ideia de um projeto a longo prazo, sem abrir mão da competitividade.
Paulinho e Piquerez comemorando o gol do camisa 10 que garantiu vaga nas quartas de final do Mundial de Clubes da FIFA 2025 (Foto: reprodução/Franck Fife/AFP/Getty Images Embed)
Chelsea: mudanças em série e uma identidade em construção
O cenário do Chelsea é praticamente o oposto. A conquista do Mundial sobre o Palmeiras marcou o fim de uma era: poucos meses depois, o clube seria vendido por Roman Abramovich, como consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia e sanções impostas pelo governo britânico. Em 2022, o consórcio liderado por Todd Boehly e Clearlake Capital assumiu o controle do clube e iniciou uma reestruturação.
Desde então, o time já teve seis treinadores diferentes: Thomas Tuchel, Graham Potter, Bruno Saltor, Frank Lampard, Mauricio Pochettino e, atualmente, Enzo Maresca, recém-contratado após passagem pelo Leicester. O elenco também passou por uma revolução: 87 jogadores foram utilizados desde a final (contra 68 do Palmeiras), e apenas um permanece – o zagueiro Trevoh Chalobah, que não entrou em campo naquela decisão e soma 123 minutos jogados nesta edição do Mundial.
O clube londrino investiu mais de 1 bilhão de libras em reforços nos últimos anos, contratando principalmente jogadores jovens com potencial de valorização. Entretanto, os resultados não acompanharam os gastos. O Chelsea colecionou temporadas irregulares, eliminações precoces e ficou fora da Champions League em algumas edições. Seu único título desde a final contra o Alviverde foi a Conference League 2024.
Jogadores do Chelsea comemorando gol de Reece James contra o Benfica durante oitava de final do Mundial de Clubes da FIFA 2025 (Foto: reprodução/Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty Images Embed)
Investimentos e estratégias
O Palmeiras passou a investir mais pesado recentemente, de olho no fortalecimento para competições internacionais. A chegada de Paulinho (18 milhões de euros) e Vitor Roque (25,5 milhões de euros) representou uma mudança de patamar nas contratações do clube, que adotava uma política de contratações mais comedida.
Ainda assim, os investimentos foram pontuais, somando a uma base consolidada sem abrir mão da coerência em seu planejamento. O caso do Chelsea é diferente: contratações volumosas e constantes revelam uma gestão mais arriscada. O clube tenta regularizar a inscrição do atacante João Pedro, ex-Brighton, comprado por 55 milhões de libras, e negocia a chegada de Jamie Bynoe-Gittens, promessa do Borussia Dortmund.
Curiosamente, o Chelsea já assegurou Estêvão, joia do Palmeiras, em uma negociação fechada no ano passado. O atacante, se apresenta ao novo clube na temporada 2025/26.
O impacto das estratégias diferentes reflete em números concretos: 31% do elenco do Palmeiras é remanescente da final de 2021, enquanto o Chelsea conta com apenas 0,07%