Estimativa da NASA aponta que mar pode subir 21 cm em duas cidades do Rio de Janeiro

Na última terça-feira (27), a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta específico para o Oceano Pacífico. O secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou um relatório que mostrou como o mar, em algumas localidades do Pacífico, subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos. O maior foco e áreas de preocupação são as ilhas do Pacífico.

Todavia, mesmo o Brasil não sendo apontado especificamente neste relatório referente aos dados das medições recentes, duas cidades do RJ foram citadas em outro documento da Organização que reúne análises e previsões diversas sobre o impacto do aumento do nível dos mares em diferentes regiões do globo.

Cidades brasileira citadas

As cidades cariocas aparecem em um lista encontrada no documento divulgado na última segunda-feira (26) com o título: “Surging Seas in a warming world: The latest science on present-day impacts and future projections of sea-level rise” (Mares em elevação em um mundo em aquecimento: a ciência mais recente sobre os impactos atuais e as projeções futuras da elevação do nível do mar, em tradução livre). No documento é possível verificar os dados de até 2020 e a estimativa da NASA para as próximas décadas em duas localidades no Rio de Janeiro.

As cidades em questão são: o distrito de Atafona, em São João da Barra e a capital Rio de Janeiro. A estimativa divulgada é de que o nível do mar suba entre 12 cm a 21 cm até o ano de 2050, se nada for feito para retardar as mudanças climáticas.


Praia de Atafona, São João da Barra, Rio de Janeiro e as ruínas das últimas casas destruídas à beira-mar (Foto: reprodução/Mauro Pimentel/Getty Images Embed)


Aquecimento global

As previsões para o Brasil e para mundo são baseadas no cenário de aquecimento global de 3°C até o final do século. As autoridades e especialistas acreditam e buscam diminuir essa estimativa para 1,5ºC até esse período, se cumpridas as metas definidas pelo Acordo de Paris. No entanto, a própria ONU já admite que as metas de 2015 já não são mais suficientes para diminuir a rapidez do aumento das temperaturas.

A mudança no nível do mar em países ao redor do mundo é uma das maiores preocupações e é colocada em um patamar de urgência para evitar consequências devastadoras no futuro próximo. Paisagens paradisíacas, ilhas do Oceano Pacífico, Ilhas como Maldivas, Tuvalu, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati, podem desaparecer ao serem engolidas pelo mar, sendo esse um dos reflexos das mudanças climáticas causadas pela ação do homem, com a emissão de gases tóxicos e o aquecimento global.

SOS Global: chef da ONU emite pedido de ajuda para as ilhas do Pacífico

Na última terça-feira (27), o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que as temperaturas do oceano estão cada vez mais aumentando nas Ilhas do Pacífico. E em sua declaração o mesmo ressaltou que esse aumento vem acontecendo a uma taxa três vezes maior que a do resto mundo todo, e que a sua população foi “exposta exclusivamente” aos seus impactos com esse aumento do nível do mar.

Impacto para as ilhas do Pacífico

Ao falar com os repórteres em Tonga, no sul do oceano Pacifico, local onde o Fórum das Ilhas do Pacífico está sendo realizado, Guterres deu destaque às descobertas de um relatório que mostrou que a região Sudoeste do Pacífico foi a parte do mundo mais atingida pelo aumento do nível do mar. Sendo que em alguns lugares o impacto foi de até duas vezes mais que a média global nas últimas décadas, chegando a ser mais que o dobro em alguns locais. 


Ilhas do pacífico (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


O relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial mostrou que as temperaturas do oceano no Pacífico Sudoeste aumentam em até três vezes mais que a taxa mundial. Além de que as ilhas nessa região são muito mais expostas. E Guterres afirma que: “Sem cortes nas emissões globais, as Ilhas do Pacífico podem esperar um aumento adicional do nível do mar de 15 cm até 2050 e 30 dias por ano de inundações costeiras”. O chefe da ONU também pediu que os líderes globais aumentassem significativamente os investimentos em adaptação climática em países vulneráveis.

Emissão de um pedido de “SOS global”

O Secretário-Geral também ressaltou durante o fórum, dizendo: “Estou em Tonga para emitir um SOS global — Salvem Nossos Mares — sobre o aumento do nível do mar”. Em sua fala, António também comentou que o aumento do nível do mar amplifica a frequência e a gravidade das tempestades e inundações costeiras. E que tais inundações invadem comunidades costeiras, arruinando a pesca. “Danificam as plantações. Contaminam a água doce. Tudo isso coloca as nações das Ilhas do Pacífico em perigo”, detalhou Guterres.

Ademais, Guterres explicou como a água se expande à medida que esquenta, o que contribui para o aumento do nível do mar. Tais mudanças climáticas são os pontos principais das discussões na reunião com os 18 membros do Fórum das Ilhas do Pacífico. O fórum abrange nações ameaçadas por essa elevação do nível do mar. A própria anfitriã Tonga e a Austrália são exemplos de países afetados pelas mudanças climáticas.

Governo do RS anuncia R$2,5 mil para famílias em extrema pobreza

Em entrevista coletiva nesta sexta (17), Eduardo Leite, governador do estado do Rio Grande do Sul, anunciou o início do pagamento do programa “Volta por cima”, onde famílias na faixa de extrema pobreza inscritas no Cadastro Único e que foram vítimas das enchentes que invadem o estado em maio, receberão 2,5 mil reais. A previsão é que 47 mil famílias serão contempladas.

“Volta por cima” não foi criado após a tragédia em 2024 no RS

O programa existe desde o ano passado, em setembro, quando o Rio Grande do Sul sofreu com cheias intensas em razão do ciclone extratropical. Em 2023, aproximadamente 1.726 famílias de 22 municípios, recorreram ao projeto. O número teve crescimento expressivo em comparação com a tragédia climática de 2024, onde quase todos as cidades foram atingidas.

“Nós já efetuamos e estamos efetuando hoje o depósito para sete mil famílias neste cartão”, explica Eduardo Leite. As sete mil famílias “são aquelas que as prefeituras já apresentaram o cadastro e que estão desabrigadas”.

Além dessas, outras 40 mil famílias serão pagas através do serviço até 24 de maio.

Pix SOS RS

Apesar de parecidos, o Pix SOS RS e o Volta por cima tem públicos diferentes, o Pix atenderá as famílias que não são de extrema pobreza mas que ficaram desabrigados ou desalojados e que ganham até 3 salários mínimos, as vítimas receberão 2 mil reais. Os pagamentos começam nesta sexta-feira (17) em Encantado e Arroio do meio, cidades do RS.

Famílias que se encaixam no programa Volta por Cima, não poderão receber o Pix SOS RS.

Reconstrução do Rio Grande do Sul


Roca Sales, cidade do Rio Grande do Sul, vista de cima após alagamentos (Foto: reprodução/ NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images)


O Plano Rio Grande, como foi chamado pelo governo, tem o objetivo de reconstruir o estado. Entre as medidas, foi anunciada a inauguração do Centro Administrativo de Contingência, um espaço de trabalho temporário para os servidores, já que o local anterior foi afetado pelas cheias em Porto Alegre. O novo centro começará a operar oficialmente hoje.

Leite também anunciou a formação de um Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática, com o objetivo de desenvolver “ações para adaptação e resiliência climática do estado do Rio Grande do Sul”.

O Estado ainda contará com estruturas habitacionais definitivas e provisórias, e uma nova secretaria, onde a Secretaria de Parcerias e Concessões vai dar lugar a  Secretaria da Reconstrução Gaúcha. A secretária irá funcionar no formato de uma “assessoria especial de gestão de riscos”, segundo o governador.

O governo federal também disponibilizou programas de habitação e recebimento de recursos para as famílias gaúchas.

Saúde mental das vítimas do desastre ambiental no Rio Grande do Sul preocupa especialistas

O Estado do Rio Grande do Sul vive uma enchente histórica, onde pelo menos 425 municípios, dos 497 totais, foram atingidos pela chuva, deixando pessoas desalojadas, mortas ou feridas.

“Dentre as reações emocionais e comportamentais esperadas dessas vítimas, temos a própria tristeza, a angústia, a raiva, o choro, a preocupação com o futuro, a falta de apetite ou o excesso dele, e a insônia”, disse Miriam Alves, presidente do CRPRS (Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul), em entrevista à CNN.

Devido a toda sobrecarga de acontecimentos em pouco tempo e sem notícias certeiras do que acontecerá depois, a saúde mental dos gaúchos atingidos preocupa os profissionais da saúde. Uma das soluções encontradas é a telemedicina, onde voluntários da psicologia agem em situações de emergência, além daqueles que estão ao vivo, acolhendo adultos, idosos e crianças nos abrigos.

O futuro retorno para casa

Temos a “Síndrome de estresse pós-traumático”, que ocorre geralmente em vítimas de tragédias ou abusos. Barulhos de vento, chuva e helicópteros, por exemplo, podem despertar memórias dos dias difíceis de hoje no futuro. É necessário o acompanhamento dessas pessoas.

Milhares tinham suas vidas, trabalhos e casas. Ainda no clímax da tragédia, não é possível prever como será a reconstrução do estado.

Os voluntários, embora enfrentando a situação em linha de frente, vivem o calor do momento, focados em salvar cada dia mais vidas. A imagem da tragédia provavelmente só estará completa quando o ímpeto de sobrevivência passar.

Do outro lado temos crianças, idosos, pessoas alojadas que vivem no lugar de observação, vendo toda a destruição e agonia presente.

Nos abrigos, segundo relatos, o clima é de solidariedade e acolhimento uns com os outros, mas a incerteza de não ter para onde voltar assombra a população.

Como obter ajuda


Informe da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (Foto: reprodução/Instagram/@sbpdepoa)

Vítimas diretas e indiretas do desastre ambiental podem ter apoio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pelo SUS, nos seguintes pontos das cidades: CAPS (Centros de Atenção Psicossocial); UBS (Unidade Básica de Saúde);
UA (Unidades de Acolhimento); Hospitais Gerais; Centros de Convivência e Cultura

Pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, um serviço online está sendo disponibilizado, voluntários e vítimas podem ter atendimento gratuito e remoto entrando em contato com o número (51) 99113-5950.

Nos próprios abrigos também há o acolhimento necessário, contando com profissionais de todas as áreas, inclusive da psicologia.

Como ajudar

“As condições atuais ainda não oferecem segurança plena para o retorno dos moradores. O risco persiste devido à previsão de novas ondas de chuvas para os próximos dias. Além dos perigos físicos, a preocupação com a saúde humana também é prioridade. A propagação de doenças é uma ameaça em ambientes alagados, representando um sério risco para a saúde pública.” diz a Defesa Civil, recomendando que as vítimas permaneçam nos abrigos.

As crianças entendem, mesmo que no mundo lúdico da infância, elas estão observando a situação, mesmo que não a leve como os adultos. O melhor a fazer é contar a verdade delicadamente, principalmente em casos de parentes que tenham sido vítimas. Contar aos poucos é muito melhor do que o choque da realidade chegar de uma vez.

Escute ativamente, evite fazer perguntas que façam momentos anteriores de resgate, da antiga casa, da escola ou de algo que tenha passado. Deixe que a vítima conduza o assunto no espaço em que se sinta confortável e não cause a sensação de reviver situações desesperadoras. Também evite perguntas sobre o futuro, ofereça sua compaixão, compartilhe coisas que tragam o mínimo de conforto para que não se sintam desamparadas.

Para ser um voluntário, é preciso apenas um cadastro feito no site da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul.

Aeroporto de Porto Alegre passa a ser protegido pela PF

Nesta quarta-feira (8), após saques em meio a tragédia climáticas no Rio Grande do Sul, o Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal (PF) assumiu a segurança do Aeroporto Internacional Salgado Filho.

A medida foi tomada por conta das ameaças de saques feitas ao local, como ocorreu em outros pontos do estado. As operações do aeroporto estão suspensas por tempo indeterminado, por conta das fortes chuvas que alagaram boa parte do Rio Grande do Sul.

Segurança nas ruas alagadas


Porto Alegre submersa em água (Foto: reprodução/Embed from Getty Images)


Voluntários e vítimas chegaram a relatar roubo de barcos, suprimentos, casas e estabelecimentos. Várias pessoas, mesmo em localizações onde conseguem transitar sem barco, estão com medo de enfrentar as ruas. Para que o resgate às pessoas que precisam deixar suas casas seja feito de maneira segura, o COT deve as ações de patrulhamento. O grupo é especializado em situações de risco extremo, segundo a PF.

Resgates


Voluntário resgata idosa de 79 anos (Foto: reprodução/Embed from Getty Images)


Agentes da polícia federal resgataram aproximadamente duas mil pessoas desabrigadas e 600 animais nas regiões de Canoas, Porto Alegre e Eldorado do Sul na “Operação Esperança”, utilizando helicóptero, drones, equipamentos de visão noturna, motos aquáticas, botes e embarcações de resgate.

O Brasil inteiro está mobilizado para doar alimentos, roupas, calçados e principalmente água para as vítimas do fenômeno climático.

Rio Grande do Sul hoje

Os temporais causaram 100 mortes e deixaram 128 feridos, os municípios do estado estimam que pelo menos 100 mil residências foram destruídas ou danificadas, resultando em prejuízo financeiro de R$ 4,6 bilhões e trazendo preocupação para além do ápice da tragédia, mas também para a reconstrução das regiões afetadas.

A previsão do tempo para os próximos dias ainda é de chuva e muito frio, doações estão chegando, mas ainda com muita dificuldade para serem transportadas. Nos lugares em que a água baixou, já é possível ver a destruição causada.

 

 

 

 

 

Entenda o derretimento das geleiras nas montanhas dos Alpes na Europa

De acordo com dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o derretimento é o reflexo das altas temperaturas registradas durante o verão e da menor quantidade de dias com neve, o que consequentemente contribuiu para o baixo acúmulo de gelo nos alpes. O derretimento das geleiras na Europa em 2023 atingiu números preocupantes. Tendo em vista que, segundo o novo relatório climático divulgado nesta segunda-feira (22) pelo observatório europeu Copernicus com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), os Alpes perderam cerca de 10% do seu volume de gelo original entre 2022 e 2023.

O que são os alpes

Os Alpes são a maior cadeia montanhosa da Europa. As montanhas se estendem por mais de 1.200 quilômetros e ocupam uma área de cerca de 200.00 km², sendo a mais extensa do continente. A cadeia passa por oito países da Europa, sendo eles: França, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria, Eslovênia, Liechtenstein e Mônaco.


Derretimento dos alpes (Foto: reprodução/Getty Images embed)


O aquecimento global é a causa do derretimento 

De acordo com análises do G1, as altas temperaturas registradas principalmente no verão europeu, e as cada vez mais comuns e intensas ondas de calor, são o principal motivo para o derretimento do gelo glaciar em todo o continente. Ademais, grande parte da Europa passou por menos dias de neve do que a média dos anos anteriores, o que também contribuiu para a diminuição desse acúmulo de gelo, principalmente na região central da Europa e nos Alpes. 

A cientista sênior do Copernicus, Francesca Guglielmo explica que o derretimento observado tem duas consequências diretas. Hidrológicas, pois menos água armazenada no solo, refletindo em menos recursos hídricos disponíveis durante o período de degelo do ano (primavera). E físicas, já que menor cobertura de neve faz com que a superfície mais escura se exponha mais à luz solar, absorvendo mais o calor do que a neve. Tendo isso em vista, a temperatura nessas regiões devem começar a ser cada vez mais altas em comparação a um ano de queda normal de neve.

Aquecimento dos oceanos causa danos aos corais; entenda

A morte de corais desencadeia em problemas que impactam a pesca e o turismo. Além disso, existem maiores riscos de tempestades nas áreas costeiras. Esse fenômeno do branqueamento dos corais se dá principalmente pelos recordes de calor que estão tendo efeito devastador nos mares.

Recordes de calor 

Nunca na história tantos corais perderam a cor devido ao aquecimento da água dos oceanos. Mais de 54 países no mundo inteiro têm corais passando pelo que a ciência chama de branqueamento severo. Os quatro primeiros meses de 2024 já estão se mostrando como o período mais quente para os oceanos de toda a história. E a previsão é de que continue esquentando nas próximas semanas.

No ano de 2023 já havíamos atingido o recorde de ano mais quente desde 1850, segundo o relatório do observatório europeu Copernicus. No mapa a seguir, é possível observar os detalhes. Onde está mais escuro, mais quente, e maior o impacto sobre os corais.


Mapa do Copernicus mostra as regiões do mundo que tiveram maiores temperaturas em 2023 (Imagem: reprodução/Divulgação/Copernicus)

Branqueamento severo dos corais 

Os corais existem há milhões de anos e já passaram por mudanças no clima. Porém, nunca na história elas foram tão rápidas e drásticas como a provocada por nós nos últimos anos e décadas. A primeira onda planetária de branqueamento foi há apenas 26 anos. E já estamos na quarta e mais grave. A maior rede de monitoramento do branqueamento de corais do planeta, que vai do Ceará até Santa Catarina, é o Instituto Coral Vivo. E dos vinte pontos monitorados pelo Instituto e parceiros, 17 já tem branqueamento, sendo 10 deles em situação muito grave. 


Recife de corais saudáveis (Foto: reprodução/Getty images embed)


Os corais, junto com outros organismos, formam barreiras, que são os recifes. Eles têm estrutura de calcário, e vivem em parceria com microalgas, chamadas de zooxantelas. Abrigadas no coral, as algas se protegem, e em troca, além de dar cor, entregam o excesso de energia que produzem ao fazer fotossíntese. 


Recife de corais após seu branqueamento severo (Foto: reprodução/Getty images embed)


Porém, quando a água fica muito quente e por muito tempo, as algas começam a produzir uma substância (semelhante a água oxigenada) que é tóxica para o coral. Devido a essa reação ao “estresse térmico” que passou, ele então expulsa seus hóspedes. E sem as algas, fica branco e não consegue se alimentar adequadamente.

Estudo afirma que impactos ambientais devem aumentar a pobreza em 26 anos

Nesta quarta-feira (17), foi divulgado na revista científica Nature um estudo sobre as mudanças climáticas. Segundo os cientistas, os impactos que a Terra enfrenta diariamente podem prejudicar e aumentar muito a pobreza no mundo e trazer consequências devastadoras. 

A redução econômica global pode chegar a 19% nos próximos 26 anos, mesmo se forem feitas mudanças na emissão de resíduos, o que prejudicará muito o futuro das próximas gerações já que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo deve atingir um ganho de 3 ºC de aquecimento no próximo século. 

Impactos inevitáveis

Os cientistas afirmaram que o impacto financeiro é inevitável e que irá atingir a todos, eventos climáticos extremos que o mundo vem enfrentando como as ondas de calor, por exemplo, podem causar danos na agricultura, prejudicando a produção, a produtividade do trabalhador e também as capacidades cognitivas.


Queimadas em uma floresta (foto: reprodução/Andrew Merry/Stock/Getty Images Embed)


O estudo divulgou que os prejuízos econômicos ocasionados pelo impacto já chegam a US$ 38 trilhões de dólares, e para que as nações cumpram o Acordo de Paris, que visa diminuir esses danos, elas devem desembolsar cerca de US$ 6 trilhões de dólares até 2050. 

Entretanto, ações imediatas são capazes de reduzir possíveis perdas, o relatório informa que geralmente são feitos esforços para a diminuição de petróleo, gás ou o investimento em tecnologia verde. E os custos ocasionados por essas atividades poderiam ser suficientes para realizar adaptações simples, como a diminuição da rede elétrica em áreas florestais, evitando incêndios, economizando dinheiro e trazendo benefícios. 


Prato com restos de comida (foto: reprodução/Guido Dingemans/De Eindredactie/Stock/Getty Images Embed)


Países mais pobres irão sofrer

Para os pesquisadores, isso não afetará somente os grandes governos, os países com menos recursos sofrerão mais com o clima e a pobreza. É estimado que regiões na Ásia e África tenham uma redução de 22% na renda dos próximos anos, enquanto América do Norte e Europa apresentem 11%. 

A Nature conclui o estudo afirmando que os americanos, apesar de não sentirem tanto o impacto, verão os preços de moradia, alimentação, transporte e atendimento médico aumentarem, modificando seu estilo de vida nos próximos anos.  

Crise climática desencadeia maior branqueamento de corais na história

O atual fenômeno de branqueamento em massa está representando um sério desafio para os recifes de corais em todo o mundo. Este fenômeno é impulsionado pelo aumento sem precedentes das temperaturas oceânicas devido à crise climática.

De acordo com relatórios recentes da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e da Iniciativa Internacional do Recife de Coral (ICRI), mais de 54% dos recifes de corais foram afetados no ano passado, afetando mais de 53 países e territórios em áreas como o Oceano Atlântico, Pacífico e Índico.

Quando expostos a esse estresse térmico, os corais acabam expelindo as algas simbióticas que lhes conferem cor e energia. Se as temperaturas não retornarem ao normal, esse branqueamento pode levar a uma devastadora perda de corais, ameaçando toda uma série de espécies e cadeias alimentares dependentes deles.

Branqueamento mundial

O quarto branqueamento global registrado e o segundo nesta última década são representados por este evento. As áreas afetadas abrangem desde a Flórida até o Caribe, México, Brasil, Austrália e várias regiões do Pacífico, Mar Vermelho e Oceano Índico.


Em 2023 mais de 54% das áreas de recifes de corais ao redor do mundo experienciaram o branqueamento (Fotografia: Reprodução/Agência Bori/UFRN)

Os cientistas, como o professor Ove Hoegh-Guldberg, que previu esse evento há meses, expressam preocupação com a rapidez e a magnitude das mudanças de temperatura. O aumento contínuo das temperaturas do oceano é alarmante, especialmente considerando que os últimos 12 meses têm sido os mais quentes já registrados.

Efeitos do La Ninã

Esperava-se que o fenômeno climático La Niña, que geralmente resfria as temperaturas globais, pudesse oferecer alguma ajuda. Entretanto, os eventos de branqueamento persistiram mesmo durante períodos recentes de La Niña. A situação reveste-se de especial preocupação para o próximo verão no Caribe e na Flórida, onde um aquecimento adicional poderia ter consequências catastróficas.

A magnitude do impacto torna-se evidente na Grande Barreira de Corais da Austrália, onde um extenso branqueamento foi recentemente confirmado. Isso serve como um lembrete vívido de como as mudanças climáticas estão pressionando os limites de tolerância dos recifes de coral em todo o mundo.

Advertências da ONU

A urgência de ações para evitar um futuro desastroso é destacada pelas advertências das Nações Unidas sobre as emissões de carbono e os potenciais aumentos de temperatura. É crucial reduzir drasticamente as emissões de carbono, assim como realizar uma gestão eficaz dos recifes de corais em níveis local e regional.

Onda de calor ameaça saúde em vários estados brasileiros

Mais de 1,6 mil municípios brasileiros receberam alerta de perigo para uma onda de calor entre o último sábado, 16, até a próxima segunda-feira, 18. O alerta foi emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) como um aviso.

As ondas de calor são definidas quando as temperaturas se mantêm entre 3°C e 5°C acima do padrão durante um determinado período e podem ter um impacto significativo na saúde da população, especialmente nos grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças, pessoas com problemas de saúde crônicos, gestantes e pessoas em situação de rua.

Recomendações do Ministério da Saúde

A proteção contra o sol e o calor é fundamental. Recomenda-se evitar a exposição direta ao sol, especialmente entre 10h e 16h, usar protetor solar, chapéus e óculos escuros, e vestir roupas leves. É importante também reduzir os esforços físicos e descansar em locais frescos e arejados. A hidratação é outro aspecto crucial, com a ingestão de água ou sucos naturais, mesmo sem sentir sede. 

Em casa, é aconselhável fechar cortinas e janelas expostas ao calor, abrir as janelas à noite e usar menos roupas de cama. O Ministério da Saúde ainda aconselha buscar atendimento médico caso sofra de alguma doença crônica, e buscar ajuda especializada se sentir algum dos sintomas a seguir: tonturas, fraqueza, ansiedade, sede intensa e dor de cabeça.


Mapa do Inmet mostrando os estados em alerta de perigo máximo devido à onda de calor, incluindo partes do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul (Foto: reprodução/Inmet)

Altas temperaturas

De acordo com o Inmet, o alerta máximo foi emitido devido ao aumento da temperatura média em 5°C. Este alerta afeta 556 municípios do Paraná, sul, leste e centro-norte de Mato Grosso do Sul, além de algumas localidades de São Paulo, incluindo Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Piracicaba, Ribeirão Preto, Araçatuba, Marília, Araraquara e Bauru. Além disso, algumas áreas da Região Metropolitana de São Paulo estão sob alerta de perigo potencial, como o Vale do Paraíba e o litoral sul.

Na metrópole de São Paulo, por exemplo, foram registradas temperaturas superiores a 34°C no sábado, de acordo com dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura. Na madrugada de domingo, 17, o clima permaneceu quente, com 25°C e ausência de chuva. Essas condições climáticas extremas exigem atenção e cuidados especiais para evitar problemas de saúde relacionados ao calor.

A expectativa é de que o clima quente persista, com um rápido aumento na temperatura, que pode ultrapassar os 35°C. A temperatura mínima prevista é de 24°C. De acordo com o CGE, nos próximos dias ainda haverá bastante sol e calor, “porém, as chuvas voltarão aos poucos na forma de pancadas isoladas ao final das tardes”. A estação do outono inicia na quarta-feira, 20.

Matéria por Marcelo Henrique Maciel (Lorena – R7)