Antenas da Starlink são recolhidas em garimpo ilegal na Terra Yanomami

Mateus Lima Por Mateus Lima
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De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), Agentes do Grupo Especial de Fiscalização do Ibama (GEF) e do Grupo de Resposta Rápida da Polícia Rodoviária Federal (GRR), confiscaram nesta terça-feira(14), armamentos, projéteis e duas antenas de internet da Starlink em uma área de garimpo ilegal na Amazônia. A empresa de internet por satélite faz parte da SpaceX, do bilionário Elon Musk. 

Os Agentes de segurança chegaram ao local através de três helicópteros, sendo recebidos a tiros. Apesar disso, os garimpeiros conseguiram escapar da região. Um representante que atuou na ação relatou que localizou uma antena em funcionamento.


 

Kit de internet em um garimpo ilegal. Foto: Reprodução/AP


Além disso, os profissionais de segurança confiscaram documentações, 15 gramas de ouro, 600 gramas de mercúrio e 508 cartuchos de munição de diversos calibres. Foram destruídas quatro embarcações de mineração, 12 geradores, 23 artefatos de acampamento e armazenamento, além de sete motores de barcos na operação e 3.250 litros de combustível.

O local onde foi realizada a operação é conhecido como “Ouro Mil”. De acordo com informações federais, a área é comandada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O Ibama já confiscou outras cinco unidades de antenas da mesma empresa em terras Yanomami, no último mês, além dos dois equipamentos recolhidos na última terça.

O Ibama declarou que está analisando como de impedir o sinal da Starlink em locais de mineração ilegal. O sistema de internet criado por Elon  Musk tem sido utilizado por garimpeiros clandestinos no Brasil para fazer pagamentos, administrarem atos ilegais e receberem alertas de operações policiais.


Objetos abandonados por garimpeiros no território indígena Yanomami. Foto: Reprodução/AP


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu permissão aos representantes estaduais  para conter a destruição ambiental, principalmente em relação a mineração ilegal na Terra Yanomami que é o maior território indígena do Brasil. 

Desde o início da exploração ilegal, em torno de 20 mil garimpeiros poluíram os rios com mercúrio, que é utilizado para separar o ouro, provocando doenças nos indigenas e provocando fome coletiva. 

Os transgressores utilizavam a internet na região há um bom tempo, mas o sinal era de baixa velocidade, sobretudo em épocas chuvosas. Contudo, era preciso enviar um técnico por meio de avião, para a instalação de uma antena fixa, pois o objeto não pode ser carregado sempre que as zonas de mineração são invadidas ou se mudam. 

 

Starlink quer oferecer internet a locais remotos

A Starlink lançou os primeiros satélites de telecomunicação em maio de 2019, em Cabo Canaveral, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. O objetivo da empresa é fornecer internet de alta velocidade para locais onde não existe infraestrutura para instalação de rede de banda larga e oferecer baixo custo para áreas remotas.


Lançamento da Falcon 9 da SpaceX com 60 satélites em Cabo Canaveral, na Flórida. Foto: Reprodução/AP


A tecnologia funciona por meio de uma conexão com terminais terrestres que podem ser instalados em residências, empresas e veículos. A Starlink chegou ao Brasil em 2022 e se popularizou rapidamente. O equipamento funciona mesmo em movimento, apresentando velocidade tão rápida quanto nas grandes cidades brasileiras e funciona até em dias chuvosos.

A floresta amazônica é vista pela empresa como uma oportunidade para aumentar a suas operações, mas o projeto com o governo brasileiro, não avançou. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério das Comunicações, não houve nenhum acordo com a SpaceX, e no momento somente três terminais foram construídos em escolas da Amazônia para ficarem no local apenas por 12 meses.

 

Foto destaque: Antena da Starlink. Reprodução/Instagram

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