Elon Musk pode causar a falência da plataforma X

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
5 min de leitura

Desde que o empresário Elon Musk comprou a plataforma X (antigo Twitter) em 2022, por 44 bilhões de dólares (R$ 216,85 bilhões), vários anunciantes têm deixado a rede, como a Apple, a Disney e a IBM. Com isso, a empresa parece cada vez mais próxima da falência.

Em um evento do New York Times na quarta-feira passada (29), Elon Musk não só confirmou essa grave tendência, mas também respondeu chamando o ato de um ‘boicote publicitário’, e xingando os ex-anunciantes com palavrões, diminuindo qualquer chance destes retornarem à rede social. Sob um ponto de vista empresarial, são declarações impensáveis.

O dinheiro saiu e ninguém parece ter uma estratégia para reinvestir na plataforma“, afirmou Mark Gay, experiente diretor de marketing da Ebiquity, notando que os anunciantes não têm sinais de voltar ao X. Lou Paskalis, CSO da Ad Fonts Media, completou, “Não tenho nenhuma teoria para explicar que essas declarações fazem sentido. Existe um modelo de receita na cabeça dele que me escapa“.

De acordo com registros de 2022, 90% de toda a receita do X veio da publicidade oferecida aos anunciantes. Essa renda é a que agora está em risco.

Se a empresa falir… Ela vai falir por causa de um boicote dos anunciantes,” Elon afirmou. “Será isso que levará a empresa à falência.


Elon Musk, durante entrevista em Nova York.

Elon Musk, durante entrevista em Nova York (Foto:Reprodução/BBC/g1)


Plataformas e anunciantes

A fala constrasta com a de alguns meses antes, em abril, quando o empresário ainda estava otimista sobre a questão da monetização.

Se a Disney se sente confortável em anunciar filmes infantis e a Apple se sente bem em anunciar iPhones na plataforma, esses são bons indicadores de que o X é um bom lugar para anunciar”, disse Musk na época, quando a situação da rede não estava tão precária.

Visto essa mudança, é importante esclarecer como as redes sociais se monetizam, para entender a importãncia dos anunciantes. De certa forma, é uma situação comparável a de um supermercado sobre os produtos que lá se encontram (justamente como uma plataforma de vendas), exceto pelo fato de que o ambiente digital permite um matchmaking de usuário e anunciante de forma muito mais eficiente. É o algoritmo e uso de dados, e a promessa de um anúncio personalizado ao usuário, que justifica às empresas o preço de anunciar na plataforma.

Porém, quando se associar à rede pode deteriorar sua imagem – e consequentemente sua base de consumidores fiéis, ou até o valor de suas ações na bolsa de valores – deixar a plataforma em algum ponto passa a ser uma ação mais economicamente produtiva do que prejudicial.

Com o grande êxodo resultante, a receita de US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões) que o Twitter teve em 2022 poderá diminuir para cerca de US$ 1,9 bilhão (R$ 9,3 bilhões) na X em 2023, segundo a Insider Intelligence.


Em grande parte, a associação da imagem da rede com o empresário também pode prejudicá-la, com o quanto Elon Musk é polêmico hoje.

A aproximação da imagem do X com o empresário também pode ter prejudicado a plataforma (Foto: Reprodução/Olhar Digital)


Futuro do X

A própria aquisição da plataforma já não foi tão fácil, com processos judiciais envolvidos, e o CEO retirando 1 bilhão de dólares dos fundos da sua outra empresa, a SpaceX, para financiar a compra. Hoje, não parece ter sido um bom negócio.

Não estamos anunciando no X porque encontramos outras plataformas para alcançar melhor nossos clientes“, disse em nota o Walmart, na sexta-feira (1º), juntando-se às várias empresas que deixaram a plataforma no decorrer da administração de Elon Musk. Com os comentários agressivos do empresário e sua atividade questionável na plataforma, a situação parece ser difícil de solucionar.

Não é preciso ser um especialista em mídia social para entender que atacar publicamente e pessoalmente anunciantes e empresas que pagam as contas do X não será bom para os negócios“, comentou Jasmine Enberg, principal analista da consultoria Insider Intelligence.

As alterações que Elon Musk fez à plataforma, além no nome, hoje podem causar a sua falência. Sem previsões de melhora no curto-prazo, a manobra necessária para escapar dessa situação pode ser mais difícil do que qualquer outra já feita pelo empresário.

Foto destaque: Antigo Twitter e novo X, com Elon Musk no fundo Reprodução/Camilo Concha/Shuttershock

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