Na quinta-feira passada (16), o Ministro da Saúde escocês Michael Matheson admitiu que seus filhos utilizaram o seu iPad para assistirema partidas de futebol durante as férias, de modo a contabilizarem uma altíssima tarifa de 11 mil libras (ou 65 mil reais) com o uso de dados. Tal valor chegou a ser pago parcialmente pelo parlamento, com dinheiro público arrecadado por impostos – o que gerou certa controvérsia.
O uso de dados ocorreu em Marrocos, na passagem de ano de 2022 a 2023. É um dado importante para entender como o valor cobrado chegou a tal patamar: o serviço de roaming.
Em resumo, o roaming se trata de um serviço e taxa adicionais que ocorrem quando se utilizam os dados e serviços móveis (internet, ligações, mensagens) fora da área de cobertura registrada – e por estar em Marrocos, a taxa foi estratosférica.
No fim, a tarifa cobrada chegou a ser maior do que todos os gastos relacionados a celulares de funcionários públicos na Escócia por todo o ano de 2022, que apenas somou 9,507 mil libras.
Contabilização final dos gastos das férias do ministro (Foto: Reprodução/Parlamento Escocês/BBC)
Os erros do Ministro
A situação passa a ser polêmica com os detalhes adicionais que foram se somando ao longo do ano, e enfim revelados agora em novembro.
Além dos gastos já em muito criticados como irresponsáveis (sendo acumulados pelos filhos, e ainda por cima admitidos como resultantes de partidas de futebol) e facilmente evitáveis (apenas necessitando do uso da wi-fi local de Marrocos), há também, em primeiro lugar, a questão de que Matheson insistiu que teria sido um gasto para trabalho, e logo utilizou o dinheiro público para pagá-lo em março.
Em segundo lugar, embora o ministro tenha posteriormente admitido pagar pelos gastos quando a história ressurgiu agora em novembro (10), passou a ser criticado por esconder a verdade por trás da tarifa, embora tenha afirmado no pronunciamento de quinta (16) que o fez para proteger seus filhos.
Comentários
“Não, não acredito que Michael tenha feito isso,” disse o primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, no domingo (19), em defesa do Ministro da Saúde. “Ele estava tentando proteger seus filhos. Para mim, Michael — que conheço há mais de 15 anos — é um homem íntegro e honesto.“
“Eles não podem e não vão defender este Ministro da Saúde, que já deveria ter renunciado, e Humza Yousaf deveria tê-lo demitido,” afirmou Douglas Ross, líder do Partido Conservador na Escócia. “O homem responsável pelo NHS (o serviço público de saúde) na Escócia não se apresenta para o escrutínio.”
“Tenho toda a simpatia por pais com filhos adolescentes, eu também tenho dois filhos adolescentes,” disse Anas Sarwar, do Partido Trabalhista. “Não se trata de dados, não se trata de sua família — trata-se de ele enganar o público. É por isso que acho que ele deveria renunciar.“
O Partido Nacional da Escócia, ao qual o ministro Matheson pertence, ainda não respondeu a inquéritos sobre o caso.
Foto Destaque: Ministro da Saúde escocês, Michael Matheson Reprodução/PA Media/BBC