Na quarta-feira (6), foi aprovado pela European Space Agency (ESA) a construção do telescópio espacial ARIEL, dois anos após a agência ter anunciado que a Airbus Defence and Space seria responsável pelo projeto, com um contrato de 200 milhões de euros. O observatório tem previsão de lançamento para 2029, a partir de quando começará a analisar 1000 planetas fora do sistema solar (também conhecidos como exoplanetas).
Como funciona
“Observações desses mundos nos proporcionarão conhecimento sobre as fases iniciais da formação planetária e atmosférica, bem como sua evolução subsequente,” comunicou Christophe Gabilan, gerente do projeto ARIEL. “Isso, por sua vez, contribuirá para a compreensão do nosso próprio Sistema Solar e poderá nos ajudar a descobrir se há vida em outro lugar em nosso Universo e se existe outro planeta semelhante à Terra!”
Com um sensor do espectro de radiação tanto da luz visível quanto do infravermelho, o telescópio deve medir a composição química dos planetas, quais moléculas possuem e em que quantidade, será possível determinar várias propriedades dos corpos celestes analisados. Por exemplo, a presença de moléculas orgânicas poderia indicar a presença ou possibilidade de via em algum local.
Projetos dos quais a ESA faz ou já fez parte. (Reprodução/ESA)
É possível imaginar cada estrela como uma lâmpada, e os planetas como objetos que causam sombras quando a luz passa por eles. Dessa forma, o telescópio é algo que, metaforicamente, tenta determinar as características dos planetas utilizando as ‘sombras’ que projetam.
“Quando o exoplaneta passa em frente à estrela, a atmosfera do exoplaneta filtra a luz da estrela,” a Airbus comunicou. “Comparar o espectro de luz com e sem o impacto do filtro da atmosfera do exoplaneta permite aos cientistas determinar a composição da atmosfera, em particular moléculas de grande interesse, como água, dióxido de carbono, metano, amônia, entre outras.”
Sobre o projeto
De 2029 à 2033 (com possibilidade de extensão ate 2035), o observatório espacial deve observar 1000 dos vários exoplanetas que vem sido identificados desde 1995. Ao elaborar e confirmar certas hipóteses e modelos sobre a formação e composição de planetas, o projeto garante a expansão do conhecimento astronômico em precisão e catálogo de estatísticas.
Em grande parte, o projeto se inspira em descobertas como a do Telescópio Webb, que com o instrumento NIRSpec (notavelmente construído pela AirBus) descobriu metano e dióxido de carbono, moléculas orgânicas, na atmosfera do exoplaneta K2-18b. A esperança é que a descoberta da mesma ocorrência em outros planetas poderá ser indício de vida extraterreste, mesmo que em forma primitiva.
Foto Destaque: Modelo do telescópio ARIEL. (Reprodução/ESA/ATG Medialab)