TikTok passa a monetizar só vídeos com mais de 1 minuto de duração

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
4 min de leitura

Nesse sábado (16), a plataforma do TikTok substituiu o “Fundo para Criadores” pelo “Programa de Criatividade Beta”, no qual a monetização do conteúdo vale apenas para vídeos com mais de um minuto de duração – o que deixa tanto criadores de conteúdo quanto consumidores preocupados.

Em 2020, a plataforma viralizou no cenário da pandemia – sendo até nomeado pela Cloudfare como o site mais popular de 2021, acima até do Google – em grande parte por causa de seu conteúdo acessível e de curta-duração. Agora, com as mudanças implementadas, a plataforma pode enfrentar o seu maior desafio até o momento: a capacidade de atenção do usuário.


Logo da plataforma TikTok.

Logo da plataforma TikTok. (Foto: reprodução/Reuters/CNN)


Economia de atenção

Assisto centenas de vídeos no YouTube de pessoas que trabalham no TikTok e postam sobre os novos algoritmos, procuro me manter atualizada com tudo, e pelo que aprendi… a atenção dos jovens dessa geração é de cerca de oito a 10 segundos,” afirmou Aly Tabizon, criadora de conteúdo. “Até eu mesma, quando vejo um vídeo de um minuto, se não for alguém que sigo há algum tempo, provavelmente irei passar por ele.

A produção vertical e de curta-duração tratava de um formato tão bem-sucedido que várias plataformas (como o Youtube e Instagram) passaram a copiar esse tipo de conteúdo. Agora, o TikTok vai na contramão, por uma razão simples: embora esse formato seja um dos melhores para capturar a atenção do usuário, não é o melhorar para ser monetizado com anúncios e propagandas.

Sinto que há tantos criadores por aí que vieram para o TikTok porque era um aplicativo de vídeo curto,” disse Nicki Apostolou, uma criadora do TikTok com quase 150.000 seguidores. “E agora eles querem ser como um ‘mini YouTube’, e sinto que isso deixa de fora os criadores que foram para lá pelo conteúdo resumido.

Esta situação exemplifica um dos aspectos da chamada ‘economia de atenção’: diferentemente do dinheiro, a atenção não é uma unidade valiosa por si só, e tem de ser “efetivada” a partir do processo de monetização. Por isso, mesmo com reclamações de criadores de conteúdo, é provável que a plataforma continue nessa tendência, que vai incluir o aumento do limite máximo de tempo para 15 minutos em um só vídeo.

Monetização

Isso é como as plataformas morrem,” Cory Doctorow, ativista digital de direitos autorais, anunciou falando em janeiro desse ano sobre o TikTok. “Primeiro, elas são boas para seus usuários; então elas abusam esses usuários para fazer as coisas melhores para seus clientes de negócio; finalmente, elas abusam esses clientes para agarrar de volta todo o lucro para si. Então, elas morrem.

No entanto, apesar da proclamação sucinta de Cory, as várias plataformas que já criticou por performarem tal lógica (Facebook, Amazon, entre outros) não de fato morreram, mesmo depois de acumular certo número de reclamações sobre as mudanças. O TikTok deve seguir operando, mesmo se transformado em um nível fundamental.

Até o momento, o Programa de Criatividade Beta – que o TikTok enfatiza como uma forma de “construir confiança… por meio de mais conexão, informações e conteúdo educacional” – está aberto apenas para criadores adultos com 10.000 ou mais seguidores. É uma adaptação que todos os usuários da plataforma devem presenciar de uma forma ou outra, nos próximos meses.

 

Foto Destaque: TikTok segue na contramão das outras plataformas. (Reprodução/Pixabay/antonbe)

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