Veja os impactos e custos ambientais da troca constante de celulares

Alexandre Muniz Por Alexandre Muniz
6 min de leitura

A troca de um celular antigo ou quebrado por um modelo de última geração é algo comum e natural conforme as novas tecnologias aparecem, mas é bom sempre estarmos atentos para além da comodidade que o novo dispositivo proporciona, pensando nos altos custos ambientais que as produções de smartphones causam a natureza.

A cadeia de produção dos smartphones começa nas minas de extração espalhadas pelo mundo, onde minerais essenciais a sua composição são extraídos e transportados para refinarias. Nessas fábricas os materiais passam por altas temperaturas para serem transformados em componentes eletrônicos como chips, motores, baterias e fios.

A partir daí os componentes são transportados para fábricas montadoras onde se tornarão dispositivos completos, só para então serem enviados para as lojas e consumidores do mundo todo. Os transportes de matérias ao longo da cadeia de produção são feitos por veículos usando combustíveis fósseis, sendo uma peça-chave no ciclo de poluição.

Mesmo com os degradantes processos de exploração do meio-ambiente para a produção dos celulares, a constante troca por dispositivos novos é normalizada e incentivada. Ao mesmo tempo, quando descartados incorretamente esses aparelhos eletrônicos causam graves danos tóxicos a natureza.

Os smartphones parecem tão pequenos e inconsequentes, então, a menos que você tenha estudado as cadeias de suprimentos e percebido tudo o que envolve criá-los, você realmente não tem noção de como essas coisas são ambientalmente devastadoras”, disse Cole Stratton, instrutor associado da A Indiana University Bloomington, estudante das cadeias de suprimentos de tecnologia.

Os consumidores ainda historicamente enfrentam dificuldades criadas pelos fabricantes para consertarem seus aparelhos danificados, e geralmente parece mais fácil trocar por um novo do que repará-lo, criando outra bola de neve na crise climática mundial.

Swappie, empresa que reforma e revende iPhones no mundo, informa que 1,4 bilhão de novos smartphones que serão enviados este ano vão gerar 146 milhões de toneladas em emissões de gases causadores do efeito estufa, o cálculo disse que 83% virão da remessa, uso no primeiro ano e fabricação.

Muitas pessoas não sabem o impacto real que a compra de um novo smartphone realmente tem no meio ambiente”, disse Emma Lehikoinen, diretora de operações da Swappie. “Agora, quando olhamos para dispositivos recondicionados, é uma história muito diferente.”

É um direito do consumidor poder consertar seu dispositivo, e defensores da causa vem solicitando leis que obriguem os fabricantes de telefones liberarem manuais de reparo, ferramentas e peças necessárias para possibilitar aos clientes consertarem seus produtos eles mesmos ou em oficinas independentes.  

De acordo com a Swappie, um telefone médio recondicionado por eles em 2021 produz 78% menos danos a natureza do que um telefone novo médio.

Também é de interesse dos defensores diminuir as trocas constantes de aparelhos celulares entre os consumidores ao facilitar o acesso ao conserto; o que causará uma redução na dependência do processo de produção intensivo, poupando os recursos naturais, diminuindo os emissores de gases do efeito estufa e reduzindo as montanhas de lixo eletrônico.

Se não podemos consertar nossas coisas, as consequências são que jogamos muito mais fora”, disse Gay Gordon-Byrne, diretor executivo da Associação de Consertos, coalizão que luta pelo direito de consertar. “Não aguentamos mais o volume. Estamos nadando em produtos que não podemos mais reciclar.”


Celulares danificados devem ser descartados em lugares adequados para evitar a emissão de mais poluentes (Foto: Reprodução/Clear it Waste)


A mudança começa por nós mesmos. Caso você tenha um celular ainda funcionando, aproveite o máximo possível dele. Se o dispositivo estiver quebrado o encaminhe para uma loja oficial, da Samsung ou Apple, ou se preferir a uma loja ou oficina técnica autorizada a consertar a marca do seu celular. Geralmente um aparelho com defeito pode ser facilmente consertado e custa menos do que adquirir um novo: “O smartphone mais ecológico é aquele que você já possui”, disse Stratton.

Se preferir ainda existem causas muito boas que buscam e aceitam doações de telefones para reformá-los ou vender por dinheiro. Você também pode vender seu smartphone usado para empresas especializadas em recondicionamento, como a Swappie, para dar a ele uma segunda vida ou reaproveitar suas peças. “O que muitas pessoas também não sabem é que mesmo os telefones quebrados ainda podem ser valiosos. Isso se deve aos materiais usados ​​para produzi-los, mas também às peças que eles incluem”, disse Lehikoinen.

Caso seu celular esteja totalmente quebrado e não puder ser vendido ou doado, você ainda pode reciclar ele adequadamente apenas com um pouco de pesquisa sobre como e onde pode descartá-lo sem causar danos ao meio-ambiente.

Por exemplo, em Milão na loja temporária da Swappie, eles estão pedindo à comunidade local para ajudá-los a coletar 50 quilos de telefones quebrados para serem reciclados.

Foto Destaque: Modelos de smartphones desbloqueados Reprodução/Focando no Positivo

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