Missão Indiana Chandrayaan-3 descobre novas evidências sobre a Lua

Beatriz Wicher Por Beatriz Wicher
4 min de leitura
Foto Destaque: O rover Pragyan, parte da missão Chandrayaan-3, percorreu 103 metros da superfície lunar (Reprodução/ Freepik)

A recente missão Chandrayaan-3, que posicionou a Índia como o quarto país a alcançar o solo lunar, trouxe à tona dados valiosos que reforçam teorias sobre a formação da Lua. Ao pousar em uma região de alta latitude ao sul, perto do polo sul lunar, a missão lançou um pequeno rover, Pragyan, para explorar a superfície. Equipado com instrumentos científicos, Pragyan percorreu aproximadamente 103 metros da superfície lunar e realizou 23 medições ao longo de 10 dias. Esses dados são os primeiros do tipo coletados nas proximidades da região polar sul.

O que Pragyan descobriu foi uma composição uniforme no solo lunar, predominantemente de uma rocha chamada anortosito ferroano. Essa rocha é similar às amostras obtidas pela missão Apollo 16, em 1972, na região equatorial da Lua. As descobertas foram publicadas recentemente na revista Nature e têm implicações significativas para a compreensão da evolução lunar. De acordo com os cientistas, a presença dessas rochas em diferentes partes da Lua sugere que o satélite natural da Terra já foi coberto por um oceano de magma, uma hipótese sustentada há décadas.


As descobertas da missão mudaram a ciência (Foto: Reprodução/Getty Images/Sanja Baljkas)


O oceano de magma e a formação da Lua

Diversas teorias sobre a formação da Lua têm sido propostas ao longo dos anos. No entanto, a maioria dos cientistas concorda que, há cerca de 4,5 bilhões de anos, um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra, lançando detritos no espaço que eventualmente formaram a Lua. As amostras lunares coletadas pelas missões Apollo, entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, indicaram que a Lua foi criada aproximadamente 60 milhões de anos após o início da formação do sistema solar.

A teoria do oceano de magma, que teria centenas a milhares de quilômetros de profundidade, sustenta que este persistiu por cerca de 100 milhões de anos. Durante o processo de resfriamento, cristais se formaram, e minerais como anortosito ferroano subiram à superfície, formando a crosta lunar. Outros minerais mais densos, como a olivina, afundaram para o manto lunar. A investigação de Pragyan revelou uma mistura de anortosito ferroano e outros minerais, reforçando ainda mais essa teoria.

Explorando os mistérios da Lua

O pouso da Chandrayaan-3 no Shiv Shakti Point, a aproximadamente 350 quilômetros da Bacia do Polo Sul-Aitken, permitiu aos cientistas estudarem de perto uma das regiões mais antigas da Lua. Acredita-se que um impacto de asteroide há 4,2 bilhões a 4,3 bilhões de anos tenha desenterrado minerais ricos em magnésio, como a olivina, misturando-os ao solo lunar.

As descobertas feitas pela missão indiana são cruciais para entender melhor a história da Lua. Segundo o principal autor do estudo, Santosh Vadawale, as novas medições aumentam a confiança na hipótese do oceano de magma lunar e abrem caminho para futuras explorações nas regiões permanentemente sombreadas dos polos lunares. Essas áreas, praticamente inexploradas, podem conter ainda mais pistas sobre as origens e a evolução da Lua.

A missão Chandrayaan-3 não apenas acrescenta um novo capítulo ao estudo da Lua, mas também oferece insights valiosos sobre a formação da Terra e de outros planetas rochosos, como Marte. A compreensão desses processos ajuda a modelar como todos os planetas, incluindo aqueles fora do nosso sistema solar, se formam e evoluem ao longo do tempo.

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