Perfis femininos falsos têm poder nas campanhas de influência online

3 min de leitura
Foto destaque: Mulher frente à inteligência artificial (reprodução/freepik)

Campanhas de influência na internet, promovidas por países como Rússia e China, bem como estratégias adotadas pelas grandes empresas de tecnologia, têm utilizado perfis femininos falsos para espalhar propaganda e desinformação. O uso desses perfis tem mostrado ser uma ferramenta eficaz para aumentar o engajamento e a disseminação de mensagens devido aos estereótipos de gênero que ainda prevalecem.

Segundo Wen-Ping Liu, pesquisador de desinformação e investigador do Ministério da Justiça de Taiwan, perfis falsos que se apresentam como mulheres têm maior sucesso em atrair atenção e credibilidade nas redes sociais. Liu observou isso ao estudar os esforços chineses para influenciar as eleições em Taiwan.

“Fingir ser mulher é a maneira mais fácil de ganhar credibilidade”, afirmou o pesquisador, explicando que a manipulação dos estereótipos de gênero facilita o engano dos usuários.


Celular
Smartphone com imagem representando IA (foto: reprodução/freepik)

Preferência por bots com identidade feminina

Sylvie Borau, professora de marketing e pesquisadora online, descobriu que os internautas tendem a preferir bots que se apresentam com características femininas, percebendo-os como mais humanos e acolhedores. As contas femininas são, geralmente, vistas como mais calorosas e amigáveis, enquanto as masculinos são associadas à competência e ameaças.

Perfis falsos de mulheres jovens e atraentes são eficazes para aumentar a visibilidade e o alcance online. A Cyabra, uma empresa israelense especializada em detecção de bots, revelou que perfis femininos recebem, em média, três vezes mais visualizações do que os masculinos.

Humanização da IA

A questão se estende além dos perfis falsos, envolvendo também o desenvolvimento de assistentes de voz e chatbots. O CEO da OpenAI, Sam Altman, ao buscar uma nova voz feminina para o ChatGPT, encontrou resistência devido à preocupação de que essas escolhas possam reforçar estereótipos de gênero. A atriz Scarlett Johansson, por exemplo, recusou o pedido de uso de sua voz no programa, levantando questões sobre a ética dessas práticas.

Um relatório da ONU intitulado “Os robôs são sexistas?” sugere que muitos desses perfis e bots femininos são criados por homens, ressaltando a necessidade de maior diversidade nas equipes de desenvolvimento de IA para evitar a perpetuação de estereótipos sexistas.

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile