No último voo da companhia espacial Blue Origin, de Jeff Bezos, foram levadas, além de 6 tripulantes, sementes brasileiras de batata-doce e grão-de-bico na espaçonave. Essas sementes foram enviadas ao espaço para testar suas propriedades em um ambiente nada próprio para o cultivo de plantações e analisar quais melhorias tecnológicas poderiam ser aplicadas nesse processo.
As sementes no espaço
No dia 14 de abril de 2025, foi ao espaço o foguete New Shepard, da Blue Origin, empresa do CEO da Amazon de Jeff Bezos, em uma missão que levava a cantora Katy Perry, junto com mais 5 mulheres ao espaço, por alguns minutos. Nessa nave espacial, além das próprias tripulantes, também foram enviadas sementes brasileiras de batata-doce e grão-de-bico. Essas sementes foram para o espaço para analisar quais novas tecnologias para o plantio poderiam ser utilizadas no cultivo fora da Terra e também para fazer uma parceria entre o agronegócio brasileiro e a exploração espacial.
Foguete New Shepard iniciando lançamento (Foto: reprodução/Justin Hamel/Getty Images Embed)
Esses experimentos com as sementes foram organizados pela Rede Space Farming Brazil, que é uma iniciativa conjunta da Embrapa e da Agência Espacial Brasileira (AEB), como uma maneira de desenvolver métodos de plantio em ambientes nada favoráveis à plantação, como o espaço, que é conhecido por ter alta radiação, microgravidade e não possui solo fértil.
A batata-doce e o grão-de-bico foram as sementes escolhidas por conta de suas propriedades, como alta resistência, crescimento acelerado, baixa necessidade de insumos e uma elevada adaptabilidade. Alguns benefícios nutricionais de cada uma podem ser identificados como: a batata-doce possui carboidratos de baixo índice glicêmico e compostos antioxidantes e o grão-de-bico tem um alto teor de proteínas.
As plantas foram expostas à microgravidade por volta de cinco minutos, situação essa, que pode causar alterações genéticas e novas respostas fisiológicas. Os pesquisadores visam acelerar os processos de aprimoramento genético das plantas, não só para fazer um possível cultivo no espaço, mas também para fazê-las suportarem as próprias condições mais extremas da Terra, como a seca.
As novidades para o agronegócio
Esses experimentos que estão sendo feitos fora da órbita do nosso planeta servem não somente para o cultivo espacial, mas também para trazer melhorias para o plantio na própria Terra. O objetivo de diferentes organizações, como a Rede Space Farming Brazil é gerar tecnologias que podem ser utilizadas no setor agropecuário do Brasil e essas viagens espaciais podem ser o caminho para isso.
Plantação de batata-doce (Foto: reprodução/YAMIL LAGE/AFP/Getty Images Embed)
Alguns dos avanços tecnológicos são: a geração de plantas mais resistentes, que conseguem sobreviver em situações desfavoráveis para o plantio, a criação de sistemas de cultivo em ambientes fechados e a utilização da Inteligência Artificial na gestão agrícola, usando os algoritmos e padrões no monitoramento das plantas.