Inscrições Vikings em Oklahoma: misteriosas e cheias de duvidas

Nicolas Pegorare Por Nicolas Pegorare
7 min de leitura

Algumas teorias apontam que povos Vikings possam ter passado pelos EUA. Teriam eles chegado bem no meio dos Estados Unidos?

Confira um dos maiores mistérios históricos dos EUA: as inscrições vikings em uma remota parte do Oklahoma. Alguns estudiosos acreditam que essas inscrições sejam runas (caracteres alfabéticos antigos) e foram cavadas na gigantesca rocha perto do ano 1000 por exploradores nórdicos. Eles teriam subido o rio Arkansas até essa parte remota dos Estados Unidos, onde hoje fica o estado de Oklahoma.

Faith Rogers é voluntária e estagiária de Ciências Ambientais e conta a história de Gloria Farley, a primeira mulher e ter contato com as escrituras.

Farley nasceu e cresceu em Heavener, local onde foram encontradas as inscrições. Hoje o local é o Parque das Pedras Rúnicas de Heavener, extremo leste de Oklahoma. Ela viu a relíquia pela primeira vez em 1928, quando era jovem e caminhava pelo local. Vinte anos depois Gloria voltaria lá para estudar a rocha, agora como runologista amadora.

Mas o primeiro contato do povo moderno com a rocha data de 1830. Uma tribo local a avistou durante uma festividade de caça. O povo nativo em questão eram os choctaw. Os moradores brancos de Oklahoma chamaram a laje de “Rocha Indígena”, achando que as marcas fossem dos povos nativos, mas de forma errônea.

Amanda Garcia é gerente do Parque das Pedras Rúnicas de Heavener e afirma que: “[Farley] passou a maior parte da sua vida adulta pesquisando a pedra. Ela viajou pelos Estados Unidos, foi até o Egito e para outros lugares para observar diversas inscrições”.


Glotria Farley ao lado das inscrições. (Foto: Sociedade Histórica de Oklahoma)


Ao entrar em contato com o instituto Smithsonian, Farley soube que historiadores já haviam chegado a uma conclusão sobre a pedra em 1923.

Para o Smithsonian, as inscrições eram de um idioma escandinavo e diziam “GNOMEDAL”, junção de “gnome” e “dal”, que foi traduzido como Vale do Relógio de Sol ou Vale Monumental. Posteriormente, outros estudiosos traduziram os símbolos como “GLOMEDAL”, que significa “Vale do Glomo”.

Mas ainda restam perguntas: quem entalhou esses símbolos? Como eles foram entalhados?

“Comecei a acreditar que os símbolos na pedra indicavam que os nórdicos haviam visitado a região antes de Colombo. Alterei o nome da rocha para ‘A pedra de Heavener’ e comecei minha busca por inscrições similares na região”, disse Farley em seu livro In Plain Sight Old World Records in Ancient America.

Farley passou sua carreira consultando historiadores, geólogos, e epigrafistas nórdicos. As evidências reunidas por ela sustentavam sua teoria de que os vikings visitaram a América do Norte e eram muito habilidosos ao subir rios e córregos, principalmente em barcos que flutuavam em águas rasas.

Gloria também defendeu a hipóteses de que os vikings marcaram no cânion depois de viajar para o Golfo do México, entre os anos 600 e 800.

Além dessa, outras lajes de arenito foram encontradas com marcações rúnicas, a cerca de 1,5km ao norte e ao sul da Pedra Rúnica de Heanever. Administradores do local afirmaram que as pedras eram marcas de fronteira.

“Se os Vikings viajaram para a Rússia, Irlanda, Inglaterra, França e para os extremos do Mediterrâneo, por que não teria sido possível para eles chegar a Oklahoma pelo rio Mississippi?”, é o que indagou Gloria Farley.

De fato, a ideia de que os nórdicos navegaram pelo Mississippi não é nada absurda.

Mais pedras rúnicas foram encontradas pelos EUA, incluindo Kensington, Minnesota e Spirit Pond, no Maine. Além de, mesmo em Oklahoma, foram desenterradas mais seis dessas pedras. Porém sua autenticidade ainda é questionada.

Farley afirma que os vikings podem ter viajado facilmente para o sul a partir da Terra Nova ao longo da costa leste. Eles teriam contornado a Península da Florida até o Golfo do México, onde teriam entrado pelo rio Mississippi. De lá, desembocaram em seu afluente, o rio Arkansas, os conduzindo para o rio Poteau, em Oklahoma.

Mas ainda assim, há questionadores. Lyle Tompsen é um especialista na era dos vikings. Ao analisar a pedra rúnica, ele escreveu sobre ela.

“A veracidade da pedra de Heanever como artefato viking é problemática. A evidência linguística é ambígua. Mas a evidência histórica do século XIX… oferece forte indicação de que a pedra é uma criação de um imigrante escandinavo do século XIX (provavelmente, um imigrante sueco que trabalhava no armazém ferroviário local).”

Não só a veracidade, mas o idioma das escrituras vêm sendo questionadas. Dennis Peterson, arqueólogo e administrador do Centro Arqueológico Spiro Mounds afirma que: “As inscrições não estão escritas em viking, mas em uma combinação de futhark antigo e futhark recente, anteriores à época em que os vikings teriam viajado.”

Gloria Farley, uma das precursoras de tudo isso, faleceu em 2006, e é tida como uma lenda da região.

Vikings ou não, mesmo com a veracidade a todo tempo questionada, é impossível não destacar o trabalho e a importância de Farley para os estudos rúnicos até os dias de hoje. E mesmo que nenhuma evidência comprove que eles vieram, nada prova que não estiveram aqui.

 

Foto de destaque. Inscrições em pedra rúnica. Reprodução/Departamento de Turismo e Recreação de Oklahoma. 

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