China em queda: desafios econômicos devem agitar mercados globais

Dione Silva Por Dione Silva
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Os preços ao consumidor na China despencaram, atingindo o declínio mais acentuado em três anos, com uma queda de 0,5% em novembro, revelaram dados do Escritório Nacional de Estatísticas. Essa queda, tanto em comparação anual quanto em relação ao mês anterior, sinaliza crescentes pressões deflacionárias, alimentadas pela fraca demanda doméstica, e levanta questionamentos sobre a recuperação econômica chinesa.


Deflação nas fábricas chinesas, com queda nos preços ao produtor (Foto: Reprodução/Investing.com/Créditos/Tingshu Wang)


A queda nos preços ao consumidor reflete uma combinação de fatores, incluindo a diminuição dos preços globais de energia, o declínio no setor de viagens de inverno e um excesso crônico de oferta. Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit, alertou que esta situação pode ser alarmante para as autoridades de política monetária, sobretudo diante da perspectiva de crescente pressão deflacionária em 2024.

Paralelamente, o índice de preços ao produtor registrou uma queda significativa de 3,0% em relação ao ano anterior em novembro, marcando o 14º mês consecutivo de declínio e o mais rápido desde agosto. Essa deflação nas fábricas destaca os desafios enfrentados pela economia chinesa, incluindo aumento da dívida do governo local, um mercado imobiliário em dificuldades e uma demanda morna no país e no exterior.

Esses indicadores se somam a dados mistos de comércio e pesquisas de manufatura, intensificando os apelos por mais apoio político para sustentar o crescimento chinês. Com os consumidores chineses cautelosos diante das incertezas na recuperação econômica, as autoridades enfrentam o desafio de revitalizar a demanda interna e estabilizar a economia.

Deflação pode abalar os negócios do Brasil

Dada a China ser o maior parceiro comercial do Brasil. O temor reside no possível impacto sobre as exportações de minério de ferro, grãos e alimentos, especialmente se a China entrar em recessão. O agronegócio brasileiro, principal motor econômico, seria atingido, resultando em menor circulação de dinheiro no interior e reflexos inevitáveis no PIB.

Desafios globais e riscos para empregos e estabilidade econômica

A deflação na China não é apenas um problema local, sua produção em larga escala influencia os mercados globais. Enquanto um período prolongado de deflação pode conter o aumento dos preços globalmente, a inundação de produtos chineses com preços reduzidos nos mercados mundiais pode afetar negativamente fabricantes de outros países. O investimento empresarial pode ser prejudicado, levando a uma potencial redução no número de empregos e impactando a estabilidade econômica global.

A queda nos preços na China também pode afetar os lucros das empresas e os gastos do consumidor, contribuindo para o aumento do desemprego. Isso, por sua vez, pode resultar em uma redução na demanda chinesa, o maior mercado mundial, por energia, matérias-primas e alimentos, impactando as exportações globais. Em meio a esse cenário desafiador, as autoridades brasileiras buscam estratégias para mitigar possíveis impactos e manter a estabilidade em um contexto econômico global incerto.

Foto destaque: Setores globais afetados pela deflação na China (Reprodução/Money Times/Créditos/Florence Lo)

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