Pastor acusado de pedir propina no MEC esteve no Planalto 35 vezes desde início do governo Bolsonaro, revela GSI

Wendal Carmo Por Wendal Carmo
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O pastor Arilton Moura Correia, acusado de pedir propina em troca da liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC), esteve no Palácio do Planalto 35 vezes desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou seu governo. As visitas foram reveladas na noite desta quinta-feira (14), pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após a pasta negar informações ao Globo.

Moura visitou o Planalto pela primeira vez em janeiro de 2019, 16 dias após o início do governo. O destino foi o GSI, comandado pelo ministro Augusto Heleno. A última visita do pastor foi no dia 16 de fevereiro deste ano, na Casa Civil, cujo titular é o senador licenciado Ciro Nogueira (PP-PI).

Gilmar Santos, que também é investigado por supostamente atuar como lobista no MEC, foi à sede da presidência da República durante 10 vezes entre 2019 e 2022.

Em 2019, Arilton esteve reunido com membros do Planalto, 27 vezes. Em 2020, uma vez; em 2021, cinco; em 2022, duas. Já Gilmar, compareceu ao local em 2019, seis vezes; em 2020, uma vez; em 2021, duas vezes e em 2022, uma vez. Quase sempre, os dois estavam no prédio no mesmo horário.

As informações divulgadas pelo GSI mostram ainda que Moura esteve no gabinete do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e na Secretaria de Governo, quando o general Luiz Eduardo Ramos a comandava. Os pastores também estiveram na Casa Civil quando seu chefe era o ministro Onyx Lorenzoni, hoje no Ministério do Trabalho.

Ontem, o Globo revelou que o Palácio do Planalto impôs sigilo às informações, argumentando que a solicitação feita pelo veículo através da Lei de Acesso à Informação (LAI) poderia colocar em risco a vida do presidente e de seus familiares. A decisão do GSI, comandado por Heleno, teve repercussão negativa, e foi criticada por diversos setores da sociedade.


Bolsonaro, Ribeiro e Godoy (dir.) ao lado de pastores lobistas do MEC. Reprodução/Carta Capital


Os pastores Gilmar e Arilton se reuniram com Bolsonaro ao menos três vezes no Palácio do Planalto e uma no Ministério da Educação, com a presença de Milton Ribeiro. Esses encontros constam da agenda oficial do presidente.

Apesar de a informação ter sido divulgada pelo Planalto, o GSI se recusava a informar as visitas dos religiosos registradas nas portarias da sede do Poder Executivo.

Os religiosos, apesar de não terem nenhum cargo público, tinham acesso privilegiado ao gabinete do então ministro da Educação Milton Ribeiro, que pediu exoneração após o escândalo ser revelado. A Polícia Federal, a Controladoria-geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF) apuram se houve tráfico de influência na intermediação feita entre os pastores e prefeituras.

Diversos prefeitos relataram ter recebido pedidos de propina para liberação de recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Alguns dos relatos afirmam que Amilton Moura chegou a pedir barras de ouro e compras de Bíblias em troca de encontros com o titular do MEC. Os religiosos negam as irregularidades.

 

Foto destaque: Vista do Palácio do Planalto, sede da presidência da República. Raimundo Sampaio/Metrópoles

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