A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva anunciou, nesta segunda-feira (12), apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A aliança foi selada durante encontro em São Paulo. Marina, que já se filiou ao PT, justificou o apoio ao ex-presidente afirmando que o Brasil enfrenta uma ameaça à democracia.
Marina deixou o PT em 2009 e se candidatou à Presidência da República em 2010, pelo PV, enfrentando Dilma Rousseff, que sofreu impeachment anos depois. Candidatou-se ao mesmo cargo pelo PSB, em 2014, e pela Rede, em 2018. Marina e Lula concederam uma entrevista coletiva juntos em São Paulo hoje (12).
Pautas de cristianismo foram defendidas pela recém aliada de Lula. Ela também desmentiu fake news que envolvem o nome do candidato e deu importância ao estado laico. Marina ainda se referiu a necessidade de união para combater o que ela chamou de “semente maléfica do bolsonarismo”.
“Compreendo que, nesse momento crucial da nossa história, quem reúne as maiores e melhores condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo que está se implementando no seio da nossa sociedade, agredindo irmãos brasileiros, ceifando vida de pessoas por pensarem diferente, é a sua candidatura”, disse Marina ao lado de Lula. “Em nome daquilo que está acima de nós, e olhando de baixo para cima para ver o que está acima de nós, é que eu manifesto o meu apoio, de forma independente, ao candidato, ex-presidente e futuro presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, completou.
O partido de Marina, Rede Sustentabilidade, anunciou apoio a Lula no final de abril. Na época, porém, lideranças do partido disseram que a decisão representava a “maioria” da sigla e que filiados em discordância poderiam apoiar outros candidatos.
Lula (PT) sai na frente por apoio de Marina Silva, o que segundo o jornal O Estado de S.Paulo, disputava a aliança com o adversário na eleição à presidência, Ciro Gomes (PDT). (Fotos: Ricardo Stuckert; José Cruz/Agência Brasil; e Mário Miranda/Amcham)
Lula, em discurso, destacou que o apoio de Marina à candidatura dele vêm num contexto de violência política e em que “a democracia está fugindo pelos nossos dedos”.
Ele citou os casos de dois petistas que foram assassinados por bolsonaristas, no Paraná e no Mato Grosso. E mencionou o vídeo de grande repercussão em que um apoiador de Bolsonaro diz que não doaria mais cestas básicas a uma mulher que declara voto em Lula.
“O momento que estamos vivendo exige muito mais compreensão de todas as pessoas que fazem política porque a democracia está correndo risco nesse país”, disse o petista. “Vocês viram agora um companheiro do PT ser assassinado no dia do seu aniversário. Vocês viram agora um companheiro quase ser decapitado por outro, na cidade de Confresa, no Mato Grosso. E vocês viram a cena grotesca, vergonhosa, humilhante do comportamento de um reacionário bolsonarista entregando uma cesta básica para uma companheira que necessitava de um alimento e teve a pachorra de perguntar em quem que ela ia votar”, disse Lula.
Acordos entre Marina e Lula
Marina entregou um documento com 27 propostas voltadas ao meio ambiente. O que é um assunto bastante explorado pela ex-senadora e ex-ministra em sua candidatura à Câmara. Os projetos são:
– Criar a Autoridade Nacional de Segurança Climática, “responsável pelo estabelecimento de metas e verificação da implementação das ações para a redução das emissões de gases de efeito estufa”;
– Aplicar os “padrões internacionais de controle de uso de agroquímicos” no Brasil;
– Garantir “oferta de internet rápida e energia renovável para agricultores familiares, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades isoladas em todo o território nacional” até 2025;
– Concluir a implementação do Cadastro Ambiental Rural até 2025.
Além disso, interessa a Marina a adoção de uma política de desenvolvimento sustentável no país. Plano de governo que consta no partido do PT, com propostas de tolerância zero para garimpo, reformulação dos negócios na floresta, incentivo a indústrias mais compatíveis, como a farmacêutica ou de comércio, e a criação do chamado “crédito verde”, incentivo fiscal a empresas que atendam a regras ambientais instituídas.
Foto Destaque: Lula e Marina se aliam visando eleição presidencial após desavenças políticas passadas. (Tomzé Fonseca/Futura Press/Estadão Conteúdo)