Durante a noite da sexta-feira (7), foi anunciado o maior negócio que a Cosan fez em sua história. Ela comprou uma participação na Vale (VALE3). Se apropriando dos artifícios que tinha à mão, como financiamentos bancários e derivativos, caixa, com isso, a companhia de energia , logística e gás adentrou de vez com um dos pés na mineração. Nesse início eles começam com 4,9%, sendo 1,6% por adquirirem diretamente as ações e 3,5% através dos derivativos. Somadas as participações esse total pode chegar 6,5% se o Conselho Admnistrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a aquisição.
Quando expôs ao setor, a Cosan esclareceu que R$ 8 bilhões são garantidos por empréstimos bancários, o restante, R$ 13 bilhões vão ter o financiamento por meio dos derivativos em até 5 anos. É uma operação financeira que exige um suporte bem mais intrincado. O que vai dar a base aos cauções de R$ 8 bilhões serão os papeis das empresas controladas pela Cosan, utilizando ações preferenciais ( sem direito a voto), a Raízen e Compass são um exemplo. Para os derivativos as ações da Vale dão garantia.
Na movimentada introdução ao mercado, os CEOs da Cosan ratificaram que todo arcabouço da intervenção desobriga a gestora de lançar papeis, solvendo os investidores atuais, também não aumentara os recursos da empresa. De acordo com o chief strategy officer da companhia, marcelo Martins, acredita-se que fatia do montante necessário para a alienação serão tirados dos dividendos das empresas geridas pela Cosan e pessoalmente da Vale, e a venda de ações que a companhia entende estarem prontas para seguir o próprio caminho.
A Vale teve um subida leve, por outro lado a Cosan protagonizou a maior queda. (Foto: Reprodução/ValoeEconomico).
Oportunidade singular e irrefutável
Na demonstração, a Cosan frisou por meio de seus executivos que, mesmo parecendo ter pouco conhecimento relacionada as atribuições do grupo, a transação está fundamentada. “A Vale é um ativo único e irreplicável na cadeia de valor dos recursos naturais”, afirmou o executivo, Luis Henrique Guimarães. E fez o acréscimo, quando teve início o progresso para diversificar indo além do etanol e do açúcar, a companhia adquiriu ações que não pareciam fazer sentido, mas que com o tempo poderiam agregar valor.
Isso aconteceu com a Exxon Brasil, compra numero 1, concluída em dezembro de 2008. A Comgás é outro exemplo, e agora foi a vez da mineradora. “A Vale é um dos maiores, se não o maior expoente dessa estratégia”, falou Guimarães. “Ela tem presença global, exposição a moedas fortes e está alinhada a uma agenda ESG importante, que é a descarbonização da atividade siderúrgica.”
Comportamento do mercado
O comportamento do mercado foi duro. Os papeis da Cosan tiveram uma queda de 8,72%, R$ 16,65, sendo protagonista da maior baixa do Ibovespa do dia. Os ativos da Vale conquistaram alta de até 5,15%, fechando o pregão com suave baixa de 0,05%, a R$ 75,51.
O Credit Suisse achou a comunicação impensável, trazendo amplas repercussões para a Cosan. A Eleven, casa que promove estudos independente enfatizou que a negociação é uma tática para a empresa diversificar seus investimentos. Mesmo assim, a Eleven e seus analistas registraram que “a operação torna a operação da Cosan ainda mais complexa, sem muita sinergia com os demais negócios.”
Cosan protagonizou a maior queda do dia, segundo Ibovespa. (Foto: Reprodução/ValorInveste.)
As indagações feitas pelos analistas na apresentação eram direcionadas nos recursos e nas combinações, outro ponto de interesse era o fato da companhia precisar vender alguns ativos para cumprir o compromisso de compra. “Não há como ter 100% dos fatores necessários ao fechamento de um negócio alinhados em um determinado ponto do tempo”, comentou Guimarães. Tudo foi apreciado com exaustão por alguns meses e juntado no decorrer de algumas semanas.
Foto destaque: Modamais/Trademark