O Santos recuou na suspensão temporária da camisa 10 nos próximos jogos do clube. Esse seria o primeiro passo até a retirada definitiva da camisa, uma forma de homenagear o rei Pelé, que carregou o número pelo clube entre 1956 e 1974. Segundo a Folha publicou nesta tarde (30), o presidente do Santos, Andres Rueda, disse que teve acesso a um vídeo que circula na internet em que o próprio Pelé se manifesta sobre a questão em entrevista ao influencer Bolívia, em 2017, e declara “É melhor, talvez, deixar o número 10 porque aí o pessoal nunca vai esquecer”.
“Mudou um pouco o conceito, agora. Deixamos para conversar com a família depois, agora nem é momento. A entrevista muda um pouco a nossa visão sobre o assunto. No vídeo, o Pelé diz que tem que continuar usando. Está tudo em aberto, mas, por enquanto, seguiremos com a 10 normalmente”, disse Rueda à Folha.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Pelé sobre aposentar a camisa 10 do Santos.<br><br>"É melhor talvez deixar a número 10, pq aí o pessoal nunca vai esquecer" <a href=”https://t.co/rbPHaYXtQY”>pic.twitter.com/rbPHaYXtQY</a></p>— Ryan7 (@ryanspfc7) <a href=”https://twitter.com/ryanspfc7/status/1608811770088665088?ref_src=twsrc%5Etfw”>December 30, 2022</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Na manhã de hoje (30), o presidente havia confirmado, em entrevista à rádio BandNews, que a aposentadoria da camisa 10 estaria em processo de concretização, atendendo a pedidos da família de Pelé. A decisão teria que passar por trâmites burocráticos, como aprovação no Conselho Deliberativo do clube, do qual o próprio Pelé era Conselheiro Nato. Rueda havia anunciado que, por enquanto, um “ato administrativo” permitiria que a camisa 10 não fosse usada em campo nas próximas partidas.
Outro desafio é posto pelas regras da Conmebol e da Fifa, que definem que as equipes tenham numerações contínuas em suas competições, como Libertadores, Mundial de Clubes e Sul-Americana. Segundo informações do GE, o Santos analisa dar o número para algum jogador com poucas chances de entrar em campo, como o terceiro goleiro ou um atleta recém-chegado das categorias de base.
A ideia de retirar a camisa de campo sempre foi debatida e divide opiniões, como apontado pelo próprio Rueda. “Eu, como presidente e membro do Conselho, entendo que é uma decisão dividida. Anteriormente tinha muito conselheiro que acreditava que a homenagem era a camisa 10 estar junto com o time.”
Também membro do Conselho e ex-companheiro de Pelé, Clodoaldo defendeu a aposentadoria da camisa. “Sou totalmente a favor. Mas tem que ser algo grandioso, fazer um projeto, para que fique marcado porque tirou a camisa. Essa homenagem tem que ser de acordo com a grandeza do Pelé. Eu não questionava tirar a camisa 10, questionava muitas vezes quem usava a camisa 10. Mas hoje já tem a ideia de fazer isso [aposentar a camisa] que é um pedido nosso.”
Ao Seleção SporTV de hoje, Zico declarou não ser favorável à retirada da camisa 10. “Eu acho que isso é uma referência, é um prazer muito grande você poder usar a camisa de um cara que você admira, que foi importante. Eu sempre fui contra essa questão de aposentar as camisas. Há muitos jogadores que, claro, não chegaram ao nível do Pelé, mas fizeram história no mundo do futebol. Imagina se o pessoal ficasse tirando tudo quanto é camisa.” Ele lembrou, ainda, da experiência de ser um dos sucessores de Pelé como camisa 10 da seleção Brasileira e contou que estava usando, justamente, a 10 do Santos quando jogava futsal e foi visto pelo radialista Celso Garcia, que o levou para o Flamengo.
Em 2014, a Santos TV, canal oficial do Santos no YouTube, lançou o vídeo “A magia da camisa 10”, como parte da curta série #NósFazemosaHistória que relembrava a trajetória do clube. Nele, Pelé falou que foi escolhido pela camisa 10, e não o contrário. “Eu me tornei titular do Santos Futebol Clube em 1957, após contusão do meu parceiro de equipe Vasconcelos. Vasconcelos era o camisa 10, número que desde então passei a usar. Na Copa do Mundo em 1958, na Suécia, fui o décimo atleta brasileiro a ser inscrito. Por conta disso, fui o camisa 10 da seleção em seu primeiro título mundial.”
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Pelé morreu na tarde desta quinta-feira (29) aos 82 anos. Ele estava internado há um mês no hospital Einstein, em São Paulo, para tratar uma infecção respiratória decorrente da Covid-19 e para monitorar um câncer no cólon.
Foto Destaque: Pelé na comemoração do milésimo gol. Reprodução/AGÊNCIA ESTADO
