A Federação Italiana de Futebol (FIGC) anunciou, na última sexta-feira (20), que a Juventus foi punida com a perda de 15 pontos por “irregularidades financeiras” e “contabilidade falsa” em relação a transações de transferência anteriores. Além da perda de pontos, 11 dirigentes e ex-dirigentes do clube foram suspensos, entre eles o ex-presidente da Juventus, Andrea Agnelli. O ex-vice-presidente, Pavel Nedved foi suspenso por oito meses. Já o ex-chefe executivo, Maurizio Arrivabene, também sofreu com suspensão.
Após a Comissão Supervisora da Serie A (Covisoc) investigar 62 transferências suspeitas, foram detectadas várias irregularidades nas atividades financeiras do clube nos últimos anos e, entre as 62 transferências investigadas, 42 delas incluíam a Juventus. Uma das mais importantes foi em 2020 a troca entre Pjanic e Arthur, do Barcelona.
A troca entre Pjanic e Arthur foi um grande ponto da investigação – Imagem : reprodução/Getty Images
A chave para entender tudo isso é plusvalenza em italiano, ou ganhos de capital, que é basicamente o lucro obtido em uma transferência. Em essência, a Juventus inflou o preço de um jogador como no acordo de troca mencionado, apesar de nenhum deles estar remotamente perto do valor declarado.
Após revisar os resultados financeiros dos anos de 2019, 2020 e 2021, os promotores notaram discrepâncias significativas e encontraram evidências de contabilidade falsa, faturas de transferência inexistentes e manipulação de mercado.
Por exemplo, um acordo de corte de salário teria sido alcançado com jogadores e comissão técnica durante o início da pandemia em março de 2020, economizando € 90 milhões em salários. Segundo os procuradores, o corte salarial era válido apenas para o mês corrente, enganando os mercados financeiros – a Juventus é uma empresa pública listada na Euronext (Milão). Os jogadores teriam aceitado para evitar impostos.
Clube atingiu recorde negativo de €254,3 milhões em 2021/22, o mais alto na história da Serie A. Foi o quinto ano consecutivo com o saldo negativo ao final.
A Juve segue sob investigação da Justiça, do mercado de ações da Itália, da Federação Italiana de Futebol e da Uefa. A Juventus negou irregularidades e disse que suas contas estão de acordo com a prática da indústria do futebol.
Enquanto isso, o clube prepara a sua defesa no caso da perda de pontos no Conselho de Garantia do Comitê Olímpico Italiano (Coni), a última instância da justiça esportiva do país.
”A Juventus é como um dragão de sete cabeças: corte uma e sempre surgirá outra. Ela nunca desiste. Sua força está em seu ambiente”, declarou o zagueiro Leonardo Bonucci.
Torcida da Juve em partida da equipe Imagem – reprodução/Getty Images
A audiência preliminar da investigação do Ministério Público de Turim foi marcada para o dia 27 de março, de acordo com informações da agência “ANSA”. Se condenada por supostas violações de competição esportiva e na contabilidade de salários, a Juventus pode também ser suspensa pela Confederação Europeia de Futebol.
Após o escândalo em 2006 envolvendo manipulação de resultados, que resultou no rebaixamento do time, novamente a Juventus está no centro das punições esportivas.
Foto Destaque : O ex-jogador e ex-diretor da Juventus, Pavel Nedved, e o ex-presidente Andrea Agnelli, estão entre os suspensos — Foto: Daniele Badolato/Juventus FC via Getty Images