Uma pesquisa promovida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que 822 mil estupros aconteçam por ano no Brasil. O número equivale a dois casos de violência sexual por minuto no país.
Como resultado, o estudo apontou maior ocorrência de estupros em vítimas entre 13 e 16 anos de idade, tendo mulheres como maioria. Ele foi baseado em dados da Pesquisa Nacional da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNS/IBGE) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e tomou o ano de 2019 como referência.
Segundo o Ipea, apenas 8,5% dos casos de violência são, de fato, reportados às autoridades e, desses, só 4,2% são identificados pelo sistema de saúde. Isso significa que a maior parte das vítimas não têm o crime reconhecido, o que resulta em uma falta de assistência para a vítima após o abuso e culmine na impunidade do agressor.
Além disso, a pesquisa destacou quatro grupos principais de agressores: parceiros e ex-parceiros; familiares; amigos ou colegas; e desconhecidos.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo alertaram, por outro lado, que a estimativa de 822 mil estupros por ano ainda é conservadora. Isso porque os registros de violência sexual geralmente dependem da decisão da vítima ou da família em denunciar e, também, da busca por assistência no sistema de saúde. Com esses cenários, o número de casos notificados pode estar distante da realidade.
Muitas vítimas deixam de prestar queixas sobre o crime por fatores como vergonha, sentimento de culpa e pressão familiar ou de conhecidos. Os precedentes muitas vezes acabam relacionados com transtornos mentais, como depressão e transtorno do estresse pós-traumático.
Foto destaque: fotografia de uma mulher cobrindo o rosto no meio de uma violência sexual (Reprodução/Uol)