Afegão espera por visto humanitário para voltar ao Brasil

 Masood Habibi, comerciante afegão de 29 anos, diz que não tinha esperanças de fugir do governo talibã e voltar para casa. Ele considera São Paulo como sua casa. Ainda vivendo com apreensão no Afeganistão, uma oportunidade apareceu no fim de outubro: ele conseguiu comprar as passagens de um voo comercial para a capital do Paquistão, Islamabad.  Junto […]

16 nov, 2021

 Masood Habibi, comerciante afegão de 29 anos, diz que não tinha esperanças de fugir do governo talibã e voltar para casa. Ele considera São Paulo como sua casa. Ainda vivendo com apreensão no Afeganistão, uma oportunidade apareceu no fim de outubro: ele conseguiu comprar as passagens de um voo comercial para a capital do Paquistão, Islamabad. 

Junto com a esposa e o filho, de 4 anos, não tiveram tempo para preparar a bagagem, apenas o que era estritamente essencial. 

“Foi muito difícil deixar tudo pra trás… Meu filho queria levar muitas coisas, ele tinha carro elétrico e bicicleta, mas não pudemos pegar nada. Desde 24 de outubro estou no Paquistão com minha esposa e meu filho. Viemos num voo comercial, que era muito caro, mas estamos bem e nos sentindo livres de novo”, relata. “Senti muito medo quando chegamos ao aeroporto de Cabul, porque alguma coisa podia dar errado. Só me senti seguro no momento em que o avião decolou. E, quando pousamos no aeroporto Benazir Bhutto, em Islamabad, foi quando pude me sentir feliz.” 

 

Afegão espera por visto humanitário para voltar ao Brasil

Masood Habibi e seu filho em um parque no Paquistão (Foto: Arquivo Pessoal)

O site do g1 acompanha a história do afegão e sua família desde agosto, quando o Talibã tomou o controle no Afeganistão. Ele morava em São Paulo até maio deste ano, e tem visto brasileiro. Apesar disso, devido à pandemia, os pedidos de vistos feitos ao governo brasileiro foram negados, e todos ficaram em casa, após a chegada do grupo extremista Talibã a Cabul, com medo do que poderia acontecer. 

“São muitos sentimentos, fica difícil expressar: estou feliz e, ao mesmo tempo, triste porque, mesmo que eu tenha conseguido escapar, existem milhões de pessoas que ainda estão presas lá”, conta Masood. 

 

Afegão espera por visto humanitário para voltar ao Brasil

Masood Habibi e o filho em visita à Mesquita Faisal, a maior do Paquistão (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Segundo Masood, o país entrou em colapso e tudo tinha sido quebrado: “As pessoas estão tentando escapar, todos estão contra o governo do Talibã. Ninguém aprova o Talibã, são pessoas brutais”. O governo americano avalia como provável uma guerra civil no país. 

Masood, no final de setembro, criou uma petição online para avisar e pressionar o Itamaraty para ajudar na saída dele e de sua família do Afeganistão. Cerca de 50 mil pessoas já assinaram a campanha que pede a volta do comerciante. 

 

Afegão espera por visto humanitário para voltar ao Brasil

Esposa de Masood Habibi em parque de Islamabad, no Paquistão (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar do visto de residente no Brasil, sua esposa e seu filho não têm. Agora, estão seguros no Paquistão, e por isso entraram com um pedido para a obtenção do visto humanitário na Embaixada do Brasil, em território paquistanês, e esperam por resposta. Caso a resposta seja positiva e o visto sair, a família terá outro problema: vai precisar de ajuda para pagar as passagens para o Brasil.

“As economias [do povo afegão] foram bloqueadas, não pudemos pegar nada. Eu e minha família escapamos, saímos de nossa casa, deixamos nossa loja, deixamos pra trás tudo o que tínhamos. Agora, fiz uma campanha de arrecadação e precisamos que as pessoas nos ajudem com doações para podermos voltar para casa em São Paulo”, explica o afegão. 

Caso deseje colaborar com a família e doar alguma quantia, entre neste link 

Foto destaque: Masood Habibi e sua família durante passeio em Cabul, antes da chegada dos Talibãs (Foto: Arquivo Pessoal) 

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