Israel trabalha para reatar laços com Arábia Saudita

Kais Husein Por Kais Husein
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O ministro das relações exteriores de Israel, Eli Cohen, apresentou uma suposta futura visita à Arábia Saudita e ainda disse que, mais um país árabe normalizará os laços com o país neste ano.

“Esta (visita a Arábia Saudita) está na mesa, ainda não há data”, disse o ministro a uma rádio israelense durante sua visita de Estado ao Azerbeijão.

Em 2020, os acordos de Abraham foram criados com o intuito de estender laços e normalizar os acordos entre Israel e os países árabes como, Bahrein, Marrocos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

O país já havia desejos de estender relações com o país e sempre deixou exposto isso, porém, a Arábia Saudita se absteve em reconhecer formalmente Israel pela falta de uma resolução com objetivo na criação de um futuro Estado Palestino.

No início desta semana, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a normalização com a capital Riad, seria um “passo gigante” para encerrar os conflitos árabes-israelenses.

A normalização entre Israel-Arábia Saudita vêm com relação ao mais recente fator de um acordo de paz entre os Sauditas e Iranianos no mês de março de 2023 onde surpreendentemente, os dois países retomaram suas relações, reabriram embaixadas e reativaram acordos comerciais e de segurança que estavam adormecidos, mediados pela China o intuito dos dois era de abalar a política regional e global.


O PRÍNCIPE HERDEIRO SAUDITA MOHAMMED BIN SALMAN AL SAUD E O PRESIDENTE CHINÊS XI JINPING NO ENCONTRO ÁRABE-CHINA EM RIAD, ARÁBIA SAUDITA, EM 9 DE DEZEMBRO DE 2022. (FOTO: KSAMOFAEN/TWITTER)


Esses relacionamentos e acordos incomodaram Israel pelo fato de que a Arábia Saudita tornou-se um ponto forte no meio de ameaças e sanções vindas dos Estados Unidos e de Israel, ou seja, Israel não conseguirá atacar o Irã se caso os sauditas se opuserem, eles terão influência total na região.

O mais interessante e importante nessa questão é que Riad poderá trabalhar arduamente para persuadir o Irã a qualquer plano de aquisição de armas nucleares, trabalhando conjuntamente com outras localidades do Golfo para que isso ocorra.

É revelador que o único país a reagir com raiva, indignação e veemente oposição ao acordo Irã-Arábia Saudita seja Israel. Imediatamente após o anúncio, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o líder da oposição, Yair Lapid, lançaram acusações, culpando-se mutuamente pela falha em “permitir” que isso acontecesse.

Na verdade, havia muito pouco que Israel poderia ter feito para evitar isso. Qualquer interferência teria apenas fornecido mais incentivo para que o acordo fosse firmado. No entanto, o que estamos vendo é frustração em todo o espectro político israelense porque esse acordo mina a razão mais básica dos Acordos de Abraham.

Israelenses e americanos podem falar o quanto quiserem sobre os Acordos serem acordos de paz – eles não são nada disso – ou sobre os benefícios econômicos que podem trazer, que, embora exagerados, são bastante reais. Mas a razão fundamental por trás dos Acordos era o aumento do acesso a armas dos EUA e coordenação para os Estados Árabes e uma aliança israelense-árabe contra o Irã.

Para Israel, esse quadro oferecia o caminho que vinha buscando há décadas: a normalização com o mundo árabe sem conceder aos palestinos seus direitos e liberdades. Embora o acordo entre a Arábia Saudita e o Irã não apague completamente essa linha de pensamento, amplia o caminho diplomático para os Estados Árabes do Golfo, bem como seus aliados no mundo árabe mais amplo, para lidar com o Irã.

Como o acordo inclui arranjos de segurança projetados para evitar confrontos e acordos comerciais que o Irã desesperadamente precisa, há motivos para acreditar que isso representa uma mudança acentuada e duradoura longe de uma guerra catastrófica no Golfo. Como resultado, o incentivo para expandir a normalização com Israel é significativamente diminuído.

Israel certamente continuará pressionando por expandir os Acordos de Abraão, provavelmente aumentando o comércio, especialmente no setor de tecnologia, além de oferecer a perspectiva de maior acesso a armas dos EUA. Mas o comércio clandestino entre Israel e Estados Árabes tem sido uma realidade não dita há muitos anos, e os acordos que já foram fechados com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein significam que esses países podem servir como intermediários para Israel negociar com Estados que ainda não têm relações normais.

Como citado por Cohen na quarta-feira, “o inimigo da Arábia Saudita não é Israel, mas sim, o Irã”.

O grande prêmio para Israel, é claro, a Arábia Saudita, e isso parece muito menos provável agora. No dia anterior ao anúncio do acordo com o Irã, a Arábia Saudita apresentou aos Estados Unidos seu preço para entrar nos Acordos de Abraham. Embora alguns observadores tenham visto as demandas como uma abertura para negociações, o fato de um acordo com o Irã ter sido anunciado no dia seguinte sugere que os sauditas estão satisfeitos em adiar, talvez por anos, qualquer acordo com Israel, e até possam desejar manter a ideia de ganhar, se não os termos completos da Iniciativa de Paz Árabe, pelo menos algumas concessões significativas para os palestinos em troca da normalização com Israel.

É crucial para os palestinos que os Acordos de Abraão sejam interrompidos em seu caminho e revertidos, se possível. Há muito pouca pressão sobre Israel como está. Quanto mais Estados Árabes normalizarem as relações com Israel, menor será o incentivo para mudar a política em relação aos palestinos e à ocupação. Mas Israel e os Estados Unidos estão pressionando fortemente para expandi-los. A administração Biden tem sido apaixonada por trazer mais Estados para os Acordos, e o Congresso está pressionando legislação bipartidária para criar um enviado especial para promover os Acordos.

Os sauditas indicaram que estão ansiosos para investir pesadamente no Irã, e declarações iranianas após o acordo refletem uma determinação entre os dois países de que esperam e resistirão aos esforços de Israel para minar sua nova aproximação. Tudo isso está levando a um papel regional diminuído para os EUA, o que só pode ser positivo para os palestinos, além de levantar a possibilidade de que os sauditas vejam um valor significativo em esperar por um grande progresso em direção à liberdade palestina antes de normalizar as relações com Israel.

Cohen ainda disse ao ser questionado sobre as relações normalizadas entre Irã e Arábia Saudita que, “tal desenvolvimento pode ser um bom presságio para Israel”.

 

Foto destaque: Ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen. (REUTERS/Yiannis Kourtoglou)

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