Drogas K: a nova ameaça que assombra São Paulo

João Grun Por João Grun
3 min de leitura

Nos arredores de uma estação de trem em São Paulo, crianças dormem profundamente enquanto pipetas vazias estão espalhadas pelo chão. Uma das crianças acorda de repente e, aparentemente sem saber o que está acontecendo, lambe o fundo de uma pipeta. Na estação de trem da Zona Leste, esse tipo de droga é conhecido como K9 e não é mais uma cena exclusiva do centro de São Paulo. As chamadas “drogas K” surgiram nos laboratórios no início dos anos 2000, tendo como base os canabinoides sintéticos, que são substâncias que se ligam ao mesmo receptor do cérebro que a maconha comum, mas com uma potência até cem vezes maior.

O governo de São Paulo diz que os efeitos da droga podem ser piores do que o crack e que uma tempestade de drogas sintéticas se aproxima. O promotor Tiago Dutra Fonseca, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de SP, alerta que o sistema público de saúde pode ficar sobrecarregado em pouco tempo devido ao número crescente de vítimas e dependentes de drogas sintéticas. Em 2023, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo registrou 216 notificações de casos suspeitos de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, o dobro registrado em 2022.


Droga K2 (Spice) (Foto: Reprodução/IPA – Brasil)


A Secretaria publicou uma nota técnica para assistir crianças e adolescentes por intoxicações por canabinoides sintéticos, destacando o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI-SP), instalado no Hospital Municipal Arthur Ribeiro de Saboya, para atender os usuários de drogas K. Uma das dificuldades enfrentadas atualmente é a falta de dados sobre vítimas de drogas K. A Polícia Científica está ciente e disse que vem desenvolvendo novos métodos que acompanhem a nova realidade.

É preciso conscientizar a população sobre a gravidade das drogas sintéticas, que podem causar efeitos colaterais graves, como paranoia, ansiedade, alucinações, convulsões, insuficiência renal, arritmias cardíacas e até a morte. O novo Hub está apto a cuidar destes casos, em que os efeitos colaterais são distintos e, em algumas situações, piores do que os causados pelo crack. As drogas sintéticas são uma ameaça real à saúde pública e precisamos estar preparados para enfrentar esse desafio.

Foto em destaque: Apreensão de drogas K em Carapicuiba. Reprodução/G1

Deixe um comentário

Deixe um comentário