Uma escola na Zona Sul de São Paulo está sendo investigada por maus-tratos a alunos autistas, que estão sem aula desde janeiro, são cerca de 70 alunos que estão em casa à espera de outra escola especializada. Sócio-administrador do colégio diz que há apenas indícios das agressões e que é muito difícil tirar conclusões. A instituição foi, em fevereiro deste ano, descredenciada pela Secretaria Estadual de Educação.
“Meus filhos chegavam em casa após a aula sujos e cheirando a fezes e urina. Até que apareceram hematomas nas bochechas, nos braços, no peito, nas pernas e no pescoço deles. Ninguém na escola sabia me dizer o que estava acontecendo.”, disse Jussara, mãe de dois adolescentes autistas de 14 e 17 anos que estudavam nessa escola especializada. Em abril de 2022 ela notou, além desses sintomas, que eles estavam mais agitados, ansiosos e nervosos.
Hematomas no corpo de um dos estudantes autistas da Gaia. (Foto: reprodução/ g1)
Esse foi apenas um dos episódios que levaram a tais suspeitas em cima da Gaia Educa TEA, escola privada que até o início deste ano era credenciada à Secretaria Estadual de Educação (Seduc-SP). No total, 15 pais e mães foram buscar ajuda na Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Alguns chegaram a registrar boletins de ocorrência.
A Seduc-SP disse que, após reunião com pais, eles decidiram que esperariam por aprovação de seus filhos em novas instituições e que segundo o órgão, os responsáveis rejeitaram a chance de matricular seus filhos em uma escola pública em que ficariam junto com alunos sem deficiência, com apoio especial no contraturno.
“São jovens de 13 a 17 anos que nunca tiveram acesso ao conteúdo da escola comum. O Estado nunca garantiu para eles uma inclusão adequada”, Renata Tibyriçá, defensora pública e docente de direito das pessoas com deficiência, afirmou que essa é uma circunstância extraordinária e que seria inadmissível realocar esses estudantes em uma escola regular.
As investigações ainda ocorrem de maneira sigilosa, tanto no administrativo (por meio de sindicância na Seduc-SP) quanto no criminal (na Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência). Desde o descredenciamento, dos 89 alunos do colégio, 70 ainda esperam uma vaga em outra instituição de educação especial ligada ao governo e próxima de suas casas. Alguns chegaram a ser direcionados a uma escola que está em busca do credenciamento, mas ainda não aceita as matrículas.
Foto destaque: Fachada da Gaia Educa TEA, acusada de maus-tratos a alunos autistas. Reprodução/g1