Segundo laudo médico, médica agredida por pai e filha em hospital no Rio teve 5 lesões

Joana Tchian Por Joana Tchian
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No último domingo (16), a médica Sandra Lúcia foi agredida por um homem e sua filha, durante seu plantão no Hospital Francisco da Silva Teles, no Irajá, no Rio. Sandra teve cinco lesões em seu corpo, de acordo com o laudo do exame de corpo de delito feito pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A médica, que tentava salvar outras vidas em estado grave na unidade pública de saúde, passou por momentos tensos, de pânico e terror quando foi atacada por um paciente e sua filha que estariam aguardando serem atendidos. O exame médico apontou lesões no tórax, no lábio superior, na orelha direita, na coxa esquerda e no antebraço direito da médica.

De acordo com plantonistas do hospital, André Luiz do Nascimento Soares e Samara Kiffini do Nascimento Soares, estavam aguardando o atendimento e se revoltaram com a demora, depredando o espaço da unidade e espancando a médica Sandra Lúcia, única de plantão no dia. O pai e a filha irão responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

Além de provocarem a morte de uma paciente em estado grave, os acusados também irão responder por desacato e dano ao patrimônio público. Testemunhas que estavam no local afirmam que um dos réus fingia estar portando uma arma. O advogado de defesa dos agressores diz que o que provocou a morte da paciente foi o atendimento precário da unidade.


Médica Sandra Lúcia com os ferimentos da agressão. (Foto: Reprodução/G1)


Cenário de destruição:

Fotos tiradas logo após as agressões e a depredação dentro do hospital, mostram manchas de sangue no piso da recepção, cadeiras reviradas, janelas e portas quebradas.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma: “por volta das três e meia da manhã, André chegou à emergência com um pequeno corte em um dedo da mão esquerda, sem gravidade”.

Ainda segundo responsáveis pela pasta, o homem recebeu a notícia de que teria que aguardar ser atendido porque outros pacientes com quadro mais grave estavam sendo atendidos no momento, foi quando ele e a filha Samara começaram a depredar o local.

André invadiu a sala vermelha, local onde pacientes mais graves são encaminhados, e agrediu a única médica de plantão, a doutora Sandra Lúcia.

“Ele socou a boca da dra. Sandra, jogou ela no chão e botou a mão pra trás como se fosse pegar uma arma. Foi o momento que todo mundo saiu correndo, todo mundo saiu correndo”, afirma uma testemunha do ocorrido.

Durante o seu depoimento à polícia, a médica disse que ela foi abordada por André, por volta das 4h da manhã, e que este proferiu as seguintes frases a ela: “você vai ter que me atender. Se não me atender, eu vou bater em você”.

Sandra disse que conseguiu desviar de um soco dele, mas que logo em seguida ele acertou o rosto dela e a jogou no chão.


André Luiz e a filha Samara provocando confusão no hospital. (Foto: Reprodução/G1)


Paciente morreu após briga:

A paciente Arlene Marques da Silva, idosa de 82 anos, faleceu após a confusão entre os pacientes agressores e a médica Sandra Lúcia. De acordo com a família de Arlene, ela começou a se sentir mal quando viu sua médica sendo agredida por um homem e uma mulher.

Por ser a única médica que estava de plantão e estar sendo agredida no momento, Sandra Lúcia não conseguiu socorrer a paciente Arlene, que acabou falecendo. A família da idosa disse que ela foi internada com princípio de infarto, no dia 8, mas que estava se recuperando bem.

A filha da paciente, Elaine, afirmou que a mãe acabou passando mal com a confusão. “A minha mãe viu a doutora ser agredida e passou mal. Foi assim que foi passado pra mim, que eles tiveram que largar os pacientes da sala vermelha porque o cara simulou que tava armado”.

“Eles falaram que deu uma parada e a doutora não teve como socorrer porque tinha sido cortada. Ela deu essa parada depois de meia hora e a doutora não pôde socorrer”.

Geovan Omena, delegado da polícia, afirmou que André provocou um caos no hospital. “Os pacientes e o pessoal da saúde ficaram desesperados. Eles quebraram o hospital. Tivemos uma paciente que morreu em razão da conduta deles. Eles invadiram a sala vermelha, sabiam que tinha paciente em estado grave e não se importaram com o resultado mais grave, que é a morte dessa senhora”.


Paciente Arlene da Silva no hospital. (Foto: Reprodução/G1)


O que dizem os envolvidos:

Cláudio Rodrigues, advogado de defesa dos agressores diz que eles são inocentes. “O que a gente tem ainda é muito simplório. As coisas são muito simples, ainda que tenham sido apuradas em delegacia”.

“A defesa entende, pela máxima vênia, que acusar duas pessoas de homicídio é um pouco forçoso. É querer culpar uma ineficiência do estado em cima de duas pessoas que tem a idoneidade comprovada. Todos que conhecem o hospital, o PAM de Irajá, sabem do atendimento precário”, completa o advogado.

Foto destaque: Médica Sandra Lúcia e agressores André Luiz e Samara. Reprodução/Diário do Nordeste

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