A China manteve sua relação comercial de importação de petróleo com a Rússia durante o mês de julho, de acordo com informações divulgadas pelo governo chinês no domingo (20). Nesse período, houve uma diminuição nos volumes de embarque russo, atribuída a descontos mais restritos e à crescente demanda interna que afetou as exportações russas.
Plataforma de Petróleo (Foto: Reprodução/Max Avdeev/Gazprom)
Segundo os dados liberados pela Administração Geral das Alfândegas da China, as importações de petróleo da Rússia aumentaram 13% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 8,06 milhões de toneladas em julho, equivalendo a uma média de 1,9 milhão de barris por dia (bpd).
Nos sete primeiros meses deste ano, as importações de petróleo russo totalizaram 60,66 milhões de toneladas, refletindo um incremento de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em contraste, os embarques provenientes da Arábia Saudita apresentaram uma queda de 14% em comparação ao ano anterior, e uma redução ainda mais acentuada de 31% em relação a junho, totalizando 5,65 milhões de toneladas.
Era previsto que as exportações sauditas para refinarias asiáticas experimentassem um declínio em julho, uma vez que a Arábia Saudita elevou os preços de venda do Arab Light, sua principal marca de petróleo, para compradores asiáticos, atingindo um recorde nos últimos seis meses. Adicionalmente, o país anunciou planos de redução extra na produção durante o mês, diminuindo a produção de junho, 9,96 milhões de bpd, para 9 milhões de bpd.
Apesar das contínuas sanções ocidentais e da limitação de preços nos embarques de petróleo russo, o petróleo bruto ESPO (Siberiano Oriental) tem experimentado uma valorização em sua cotação, aproximando-se cada vez mais dos valores de referência. A demanda consistente por parte de compradores indianos e chineses tem contribuído para a diminuição do desconto associado às sanções.
As remessas de petróleo ESPO com entrega prevista para julho foram negociadas com um desconto entre 5 e 6 dólares por barril em relação ao benchmark ICE Brent, em comparação ao desconto de 8,50 dólares por barril em relação ao ICE Brent para embarques programados para março. Essas informações foram fornecidas por fontes comerciais.
A expectativa já indicava uma demanda interna mais vigorosa na Rússia, fator que poderia impactar as exportações. Estimativas apontavam para uma redução de 18% nos embarques dos portos da Rússia Ocidental em julho, refletindo o aumento da demanda interna por processamento.
As refinarias chinesas optaram por intermediários comerciais para lidar com aspectos logísticos e seguros relacionados ao petróleo russo, evitando, assim, violações das sanções impostas pelo Ocidente.
Diante das reduções nos embarques sauditas e russos, fornecedores alternativos experimentaram um aumento em suas participações. As remessas provenientes de Angola cresceram 27% em relação ao mês anterior, totalizando 574.581 bpd em julho.
A tendência do mês anterior se manteve, com as exportações de petróleo dos Estados Unidos para a China aumentando consideravelmente em comparação ao ano anterior, mesmo em meio a tensões geopolíticas. Isso se deve à contínua expansão da produção de WTI nos EUA, ocorrendo paralelamente aos cortes de oferta estipulados pelo acordo OPEP+. Durante o mês de julho, as remessas de petróleo dos EUA para a China alcançaram 161.275 bpd, uma queda em relação aos 742.824 bpd registrados em junho, influenciada pelo declínio nas margens de arbitragem.
As importações provenientes da Malásia cresceram 16% em relação ao ano anterior, totalizando 911.926 bpd em julho. A Malásia frequentemente funciona como intermediária para cargas de petróleo sancionadas provenientes do Irã e da Venezuela.
Foto destaque: Campo de petróleo da Rosneft na Sibéria, Rússia Sergei Karpukhin/Reuters