Botafogo decide pela permanência de Bruno Lage mesmo após polêmica

Guilherme Perdonati Por Guilherme Perdonati
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A atitude de Bruno Lage de oferecer sua posição como treinador do Botafogo inesperadamente surpreendeu a todos na equipe. Durante a entrevista coletiva realizada no Estádio Nilton Santos após a derrota para o Flamengo no último sábado (02), o treinador fez uma declaração emocional, que refletiu seu estado de espírito no momento. No entanto, Bruno Lage decidiu permanecer no cargo de treinador após reconsiderar sua decisão.

Ao agir dessa forma, o treinador expressou abertamente uma insatisfação que vinha mantendo para si nos últimos tempos. Logo após deixar a sala de entrevistas, ele se encontrou com membros da diretoria e todos chegaram a um acordo para que ele permanecesse no cargo.

Treinador abre o coração na coletiva

Bruno Lage compareceu à sala de entrevistas 46 minutos após o término da partida, durante os quais ele não comunicou a nenhum membro da equipe do Botafogo sua intenção de disponibilizar o cargo. De fato, ninguém no clube tinha conhecimento disso.

Menos de 10 minutos depois que o treinador fez sua declaração, jornalistas na zona mista questionaram o lateral Marçal, que era o capitão da equipe, sobre a atitude de Lage. Enquanto isso, nos bastidores, membros da equipe de comunicação do clube se surpreenderam ao saber desse acontecimento.

A declaração pegou o diretor de futebol André Mazzuco e o chefe de observação Alessandro Brito de surpresa, levando-os a sair apressadamente da sala de entrevistas para procurar Bruno Lage nos corredores dos vestiários.

Durante a conversa com os dirigentes, Bruno Lage compartilhou seus sentimentos de ansiedade em relação a tomar decisões cruciais, devido à intensa pressão que ele percebe desde que assumiu o comando do Botafogo, uma vez que a equipe está perto de conquistar um possível título brasileiro que não é alcançado há 28 anos por conta de sua sólida liderança.

Lage explicou que essa ansiedade é exacerbada pelas comparações indiretas que são feitas entre seu trabalho e as passagens de Luís Castro e Cláudio Caçapa, seus antecessores no cargo. Ele esclareceu que sua intenção não era renunciar, mas sim criar um escudo protetor para o elenco, desviando as críticas para si mesmo. Um dos dirigentes reconheceu que a abordagem poderia ter sido melhor, mas compreendeu a intenção por trás dela. Ambas as partes concordaram que a melhor decisão seria continuar com o trabalho em andamento.

Os dirigentes discutiram com Bruno Lage sobre a maneira como ele se comporta e se comunica, e o treinador aceitou as sugestões. Com a mente mais tranquila, ele também teve conversas com alguns jogadores – embora nem todos estivessem disponíveis, já que alguns haviam deixado o local -, e esses jogadores mostraram apoio ao treinador, abraçando-o e reiterando seu compromisso com o trabalho em equipe.

Bruno Lage, inclusive, manifestou o desejo de voltar à sala de imprensa e esclarecer sua situação aos jornalistas, no entanto, o clube concluiu que essa não seria a melhor abordagem naquele momento.

John Textor, o proprietário da SAF Alvinegra, foi informado dos acontecimentos e trocou mensagens com os dirigentes. O empresário norte-americano concordou com a decisão de apoiar o treinador, reconhecendo que essa era a melhor maneira de preservar o ambiente e evitar uma possível crise.


Bruno Lage e Jairzinho (Foto: Reprodução/Instagram/@_bruno_lage_)


Treinador em adaptação às coletivas brasileiras

Na resposta detalhada que deu durante a coletiva de imprensa, que durou 9 minutos e 30 segundos e foi sua única interação com os jornalistas, Bruno Lage teve tempo para analisar diversos aspectos, como o calendário de jogos, a arbitragem e o desempenho da equipe no clássico. Foi após essa análise que ele surpreendeu a todos ao disponibilizar seu cargo e sair da sala sem responder a uma segunda pergunta.

Os observadores dos bastidores do clube notaram que o treinador frequentemente se surpreende com a quantidade de críticas que recebe. Logo em seu primeiro jogo no Brasileirão, contra o Santos em 23 de julho, ele enfrentou questionamentos em relação às escolhas para o meio-campo, especialmente a decisão de escalar Danilo Barbosa, Marlon Freitas e Tchê Tchê, uma vez que Eduardo estava indisponível.

Mais recentemente, suas escalações na partida contra o Defensa y Justicia, pelas quartas de final da Sul-Americana, também geraram críticas. Entre as decisões que mais desagradaram os torcedores, destacam-se a colocação de Tchê Tchê na ponta e a substituição simultânea de Danilo Barbosa e Marlon Freitas no início do segundo tempo, na derrota por 2 a 1 na Argentina, o que resultou na eliminação do Botafogo da competição.

O treinador reagiu de forma explosiva aos novos questionamentos sobre sua escolha de escalação no jogo contra o Flamengo. Já antes da partida, quando a formação titular foi anunciada, surgiram críticas em relação à inclusão de JP e Segovinha na equipe. Durante o jogo, Bruno Henrique se destacou pelo lado oposto, sendo o destaque da partida e decisivo para a vitória do Flamengo, o que agravou a insatisfação dos torcedores do Botafogo.

No entanto, mesmo diante desse desempenho, grande parte da torcida aplaudiu o time ao final da partida no Estádio Nilton Santos. Na madrugada da quinta-feira (31), poucas horas após a eliminação da Sul-Americana, cerca de 200 torcedores do Botafogo receberam a delegação no Aeroporto do Galeão, demonstrando seu apoio em uma manifestação que empolgou jogadores e dirigentes do clube.

Ao dar mais atenção às críticas em vez de valorizar o apoio da torcida, Bruno Lage gerou uma situação de agitação que os dirigentes procuraram resolver de forma imediata. Com a pausa para a Data Fifa, o Botafogo só voltará a entrar em campo no dia 16 de setembro, quando enfrentará o Atlético-MG na Arena MRV.

 

Foto destaque: Bruno Lage e John Textor na apresentação do treinador. Reprodução/Instagram/@_bruno_lage_

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