O surgimento do cérebro pandêmico e como ele pode prejudicar no dia a dia

Muitos meses de pandemia, confinamento, um vai e vem constante das medidas restritivas têm causado uma série de malefícios ao cérebro das pessoas. Alguns cientistas estão chamando isso de cérebro pandêmico. Todo o estresse causado pela pandemia afeta negativamente na capacidade de memória e concentração, além de que, de acordo com alguns especialistas, tem causado uma diminuição no tamanho do cérebro das pessoas.

 


(Imagem: reprodução/ pexels.com)


Estresse Crônico

Uma coisa que os especialistas concordam é que a longa exposição ao estresse, chamada de estresse crônico, é o principal responsável pelas alterações que acontecem na mente.

Basta voltar um pouco e lembrar do começo da pandemia, quando a expectativa era de isolamento por alguns dias, porém foi algo que se prolongou para mais de um ano. O estresse libera cortisol e a longa exposição a esse hormônio pode afetar o volume de algumas áreas do cérebro.

“Mas quando o fim não está à vista, e o estresse continua por uma sessão prolongada, se torna problemático”, explica Michael Yassa, neurologista do Centro de Neurobiologia da Aprendizagem e Memória da Califórnia.

 

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Uma pesquisa publicada em 2018 na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia, apontou que níveis elevados de cortisol estavam ligados a uma piora na percepção visual e na memória, além de volumes mais baixos de massa cinzenta total, do lobo frontal e occipital.

Por meio de exames de imagem de pessoas socialmente isoladas, detectamos mudanças no volume das regiões temporal, frontal, occipital e subcortical, assim como no hipocampo e na amígdala“, conta a neuropsicóloga Barbara Sahakian, da Universidade de Cambridge, que tem estudado os efeitos do distanciamento social no cérebro.

Os efeitos do cérebro pandêmico ultrapassam o comprometimento da memória ou a piora na capacidade de aprendizagem. Oscilações constantes de humor, dificuldades nas tomadas de decisões, incapacidade de concentração, sentimento frequente de medo são algumas das consequências da exposição prolongada ao cortisol, afetando várias redes neurais.

“Muitos pacientes descrevem uma sensação de ‘névoa cerebral’ e se queixam que não tomam mais decisões da mesma forma que faziam antes”, afirma Yassa à BBC News Mundo.

 



(Foto: Reprodução / pixabay.com)


 

O estresse é algo que faz parte do dia a dia das pessoas e cada uma lida de maneiras diferentes. O cérebro pandêmico afeta os indivíduos de maneiras diferentes, uma vez que deve se levar em conta o nível de resiliência individual e o nível de estresse que cada um está submetido.

A autogestão do estresse é algo pessoal que nem todos nós alcançamos da mesma forma. Todos nós já tivemos estresse em nossas vidas. Se conseguimos superá-lo, esse estresse pode até ser bom em certo ponto, explica Barbara Sahakian.

Não é impossível superar as mudanças causadas pelo cérebro pandêmico, mas é preciso entender que pode levar um tempo para resolver todas essas questões. Além de que, em alguns casos, talvez seja melhor a busca de ajuda de profissionais. De acordo com Sahakian, a causa de todo esse estresse deve desaparecer para que ocorra a superação de fato.

À medida que as liberdades forem recuperadas, e as pessoas retomarem o contato social, todos nós vamos melhorar“, complementa Sahakian.

 

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Pesquisa mostra que apenas 3,6% das mortes devido ao covid-19 foram de pessoas vacinadas

Cerca de 9.878 brasileiros morreram devido ao covid-19 mesmo após terem tomado as duas doses, é o que revela pesquisa da Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia das universidades estaduais USP e Unesp, que utilizaram como base os casos ocorridos entre 28 de fevereiro e 27 de julho.

À primeira vista esse número pode até assustar e, talvez, fazer pensar sobre a eficácia das vacinas. Mas a realidade é que esses quase 10 mil mortos representam 3,68% do total de óbitos por covid. Desse modo, a vacinação ainda se mostra como a melhor forma de controlar a doença.

Ainda nesta pesquisa, foram contabilizadas 28.660 pessoas vacinadas que precisaram ser internadas. Esse número representa quase 3% de mais de um milhão dos casos registrados. Vale lembrar que a pesquisa contempla, em sua maioria, idosos com mais de 70 anos, já que esse é um dos poucos grupos que completaram primeiro ciclo de vacinação.

“Além de os idosos produzirem menos anticorpos, eles são menos potentes. Some-se a isso as doenças de base. Idosos costumam ter problemas de coração, pulmão, diabete, alterações intestinais e no rim, às vezes tumores. Isso tudo reduz a imunidade”, diz Marco Antonio Cyrillo, infectologista e diretor clínico do hospital Igesp.

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A situação do Rio de Janeiro não é diferente do quadro geral. 95% dos internados devido ao Covid não se vacinaram, corroborando ainda mais a importância da vacinação. O prefeito Eduardo Paes segue afirmando a necessidade dos cariocas de se imunizarem.

“Quem está sendo internado é quem não tomou a primeira dose. Isso mostra a força da vacina e a importância de ir tomar sua dose”, afirma o prefeito.

A preocupação em cima daqueles que ainda não foram imunizados tende a crescer cada vez mais, principalmente pela variante Delta, que é mais contagiosa do que as outras cepas do vírus. Vale lembrar, também, que as medidas de proteção ainda devem ser mantidas, mesmo após a imunização completa, principalmente os idosos. Ou seja, ainda se faz necessário o uso de máscara, a higienização das mãos e o distânciamento. 


(Imagem: reprodução/ pexels)


“Nenhuma sociedade médica lançou documento dizendo que após a segunda pode-se abrir mão dessas proteções individuais. Temos de continuar seguindo as recomendações, independentemente da idade, mas principalmente entre os idosos”, diz o infectologista Marco Antonio Cyrillo.

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Os problemas por trás da balança: apenas números não refletem a saúde como um todo

O número de academias e dietas milagrosas crescem cada vez mais, ao mesmo tempo que o índice de obesidade não dá sinais de recuo. Uma pesquisa feira pelo IBGE em 2019 mostra que 60,3% da população adulta sofre com o excesso de gordura corporal. Atualmente o mundo tem debatido muito sobre a obesidade que traz muitos prejuízos à saúde das pessoas, levando a doenças que podem ser fatais como a hipertensão, diabetes, colesterol alto.

Devido a esse problema amplamente recorrente, as pessoas têm ficado mais atentas ao excesso de peso, buscando manter um estilo de vida mais saudável, através da prática de atividades físicas, mantendo uma alimentação mais saudável e balanceada. Essas acabam sendo as medidas mais simples para se prevenir doenças relacionadas ao excesso de peso.


(Foto: Reprodução/ pexels.com)


Ao mesmo tempo que a busca por maneiras de se ter uma vida mais saudável aumenta, cresce, também, o número de academias e conteúdos relacionados à alimentação. A internet, por exemplo, segue repleta de dietas milagrosas, planos de atividades que prometem uma perda de peso de forma rápida. É curioso perceber que mesmo com muitas formas para se ter uma vida mais “saudável”, o índice de obesidade continua crescendo cada vez mais.

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É muito comum o investimento em dietas extremamente restritivas que se mostram nada saudáveis e extremamente difíceis de serem sustentadas por longos períodos. Tem se tornado cada vez mais recorrente pessoas que iniciam uma dieta, perdem peso, mas logo desistem dela e acabam recuperando todo o peso que eliminaram além de, em muitos casos, ganharem alguns quilos a mais. Essa oscilação é chamada de efeito sanfona que tende a acontecer inúmeras vezes ao longo da vida de uma pessoa.

A obsessão pelo peso ideal tem se tornado cada vez mais problemática. As pessoas, obcecadas pelos números que aparecem no visor de uma balança, estão deixando de lado o corpo saudável para alcançar o corpo ideal, baseado em medidas perfeitas e ilusórias. A necessidade de atingir valores cada vez mais baixos na balança pode gerar restrições severas para se encaixar em um “corpo ideal”, prejudicando muito a saúde tanto das pessoas que estão acima do peso, quanto aquelas que mesmo não apresentando o sobrepeso, tentam chegar a números cada vez mais baixos.  

Se fosse possível definir um corpo ideal, seria aquele que o indivíduo se sinta bem consigo mesmo, com uma boa saúde. Isso pode ser atingido com atividades físicas, uma alimentação balanceada e equilibrada, buscando sempre o bem-estar físico e emocional.  

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Entenda o nervo vago e como ele pode auxiliar na redução de estresse

O corpo humano é completamente tomado de nervos, no sentido literal. Os nervos são feixes de fibras nervosas que fazem a comunicação entre o corpo e o cérebro. É de se imaginar que existem muitos nervos que se espalham da cabeça aos pés e o que ganha mais destaque é o nervo vago, que percorre boa parte do nosso corpo e está diretamente ligado às emoções.


(Foto: representação/pixabay/ColiN00B)


Mas o que seria o nervo vago? Assim como o nome diz, as suas ramificações vagueiam pelo corpo, que nasce no tronco cerebral, localizado atrás das orelhas, descendo por cada lado do pescoço e atravessa o tórax até chegar ao abdómen. Pode-se dizer que ele conecta o tronco cerebral a quase todos os órgãos essenciais. O nervo vago é um dos principais componentes do sistema parassimpático, responsável por controlar as ações involuntárias do corpo.

Nós temos o sistema nervoso simpático, que nos deixa preparados para a ação, e o sistema nervoso parassimpático, que funciona como um interruptor de desligamento desse primeiro mecanismo voluntário”, explica o neurocirurgião Kevin Tracey, presidente do Instituto Feinstein De Pesquisa Médica, nos Estados Unidos, e um dos principais estudiosos desse campo da medicina.


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Pensando que esse nervo serve como um comunicador, que passa informação do corpo para o cérebro, entende-se que ele pode ter um forte impacto na mente, nos pensamentos e até nos sentimentos. Os estudos especulam sobre o papel do nervo vago nos quadros de ansiedade, depressão e estresse.

Influência na alimentação

O nervo vago também possui um papel muito importante em se tratando da digestão. Mas antes de entender a ligação, é preciso saber que existe um conjunto de micro-organismos que vivem em várias partes do corpo, principalmente nos intestinos. Esses seres microscópicos se encarregam de defender o organismo de patógenos invasores, além de auxiliar na digestão e na extração de certas substâncias dos alimentos, que fazem muito bem para o cérebro. Desse modo, essas substâncias precisam trilhar um longo caminho para chegar até a cabeça, sendo este o momento em que o nervo vago entra.

Existem muitas vias de comunicação entre o intestino e o cérebro, mas talvez a mais estudada e pela qual temos muito interesse é o nervo vago“, diz o neurocientista John Cryan, da Universidade College Cork, na Irlanda. Ele ainda completa dizendo que gosta sempre de lembras às pessoas que o que acontece no nervo vago pode afetar até as emoções.

Ainda existe grande influência do consumo de frutas, legumes e verduras para os microscópicos que habitam o corpo, uma vez que são ricos em fibras.


(Foto: Reprodução/freepik)


O componente fibroso dos vegetais supre o microbioma e isso permite a síntese de produtos químicos. Isso, por sua vez, estimula o nervo vago a ativar algumas partes do cérebro relacionadas aos sentimentos“, de acordo com o médico Xand van Tulleken à BBC Radio 4.

Entre as maneiras de estimular o nervo vago, o canto atua como um dos mais comuns. Um estudo feito em 2013 mostrou, através de um coral, que atividades musicais ajudam a manter o compasso dos batimentos cardíacos. Isso acontece graças à atuação do nervo vago. A psicóloga Kimberley Wilson disse, durante o programa Made of Stronger Stuff, transmitido na BBC Radio 4, que: “Atividades como cantar ou recitar uma música fazem a garganta vibrar e levam a uma respiração mais profunda, que estimula esse nervo.

(Foto destaque: Reprodução/ Freepik/ yanalya)

Como os alimentos processados podem ser altamente prejudiciais à saúde

Atualmente, muito se fala sobre como o consumo de alimentos processados pode ser altamente prejudicial à saúde, principalmente ao se comparar com os naturais. A verdade é que o processamento de alimentos é algo presente na vida do ser humano há, pelo menos, 400 mil anos, sofrendo constantes mudanças com o passar do tempo, evoluindo juntamente a civilização humana.

Inicialmente, técnicas como o salgamento, a pasteurização eram utilizadas como formas de prolongar a durabilidade dos alimentos e adicionar mais sabor. Dessa forma, os seres humanos foram capazes de passar por longas viagens, além de sobreviverem a longos períodos de frio, já que era possível armazenar os alimentos por mais tempo. Um exemplo prático disso foi a utilização da água com gás nas viagens marítimas no século 18, que eram conhecidas por serem extremamente lentas e longas. Desse modo, a água armazenada nas embarcações ficava semanas ou meses no porão, apodrecendo e adquirindo gostos terríveis. Sendo assim, o 4º Conde de Sandwich buscou ajuda do químico Joseph Priestley que desenvolveu um método para produzir a água com gás, chamada por ele de água medicinal. Tal produto foi um sucesso entre os europeus, principalmente a água tônica com quinino, amplamente consumida a partir de meados do século 19.


(Foto: Reprodução/ Patrick Hofrichter)


Com o passar do tempo, a sociedade foi criando demandas por alimentos com mais sabores, cheiros e cores. Os fabricantes de águas gaseificadas, por exemplo, buscaram sempre sabores mais exóticos, como as bebidas estimulantes e cafeinadas com extratos das nozes de cola. Isso mostra que a motivação inicial do processamento de alimentos foi mudando ao longo do tempo. O que antes partia de uma necessidade, agora passa a ser movido por questões estéticas, de prazer.

Atualmente, temos os chamados “alimentos ultraprocessados” que possuem alta adição de açúcares, gorduras, substâncias sintetizadas, conservantes. De um modo geral, esse tipo de alimento possui pouca composição nutricional, com alto índice calórico, sendo pouco benéfico para a saúde do consumidor.

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O problema quando você pensa sobre essas substâncias é que isoladamente elas não adicionam nada particularmente nutritivo à comida. O alimento é mais do que a soma dos nutrientes que ele contém. Não há antioxidantes e fitoquímicos que encontramos em alimentos integrais, se eles são retirados no processamento”, diz Priscila Machado, Nutricionista de saúde pública da Universidade Deakin, em Geelong, na Austrália.

Além da quantidade excessiva de açúcar e gorduras não saudáveis, esses alimentos recebem aditivos que, mesmo sendo de uso legalizado, possuem efeitos duvidosos na a saúde dos consumidores a longo prazo.

Foto destaque: Reprodução/ pixabay/ Tama66