O primeiro passo, é analisar a área doadora. Existe um programa mapeador de fios, onde é possível contar em cada centímetro quadrado, o número de unidades foliculares e de fios presentes ali. Quanto melhor a quantidade e qualidade da área doadora, melhor e mais efetivo será definir o hairline, por conter mais matéria-prima.
“Se a área doadora de fios for grande e tiver um alto percentual de unidades foliculares, com 3 e 4 fios que sejam próximos, e com fios grossos, excelente, será possível descer mais a linha capilar na testa com uma densidade de qualidade”, explica o especialista em transplante capilar, Dr. Antonio Ruston. “Porém se a sua área doadora possui unidades de folículos de 1 ou 2 fios cada, baixa densidade, mais espaçada e cabelos mais finos, nós conseguimos descer menos a linha capilar (hairlne)”, completa o médico.
O segundo passo, é saber a densidade capilar que o paciente necessita ou deseja. Segundo o cirurgião plástico Dr. Ruston, quanto mais denso o paciente quiser, mais próximo terão que ser os fios e menos se poderá descer a linha capilar e vice versa.
O terceiro passo, e o mais importante, é o balanço de quanto a sua área capilar tem para doar versus o quanto você necessita receber (balanço área doadora versus área calva). “Quanto melhor for esse balanço de distribuição, ou seja, quanto maior for a área doadora e menor for a área calva, mais vamos conseguir designar uma linha de frente mais baixa e densa”, esclarece o Dr. Ruston.
Pessoa com calvície (Foto: Reprodução/Divulgação)
Uma observação muito importante que Ruston ressalta, é que esse balanço deve ser feito considerando o estágio final da calvície, não o estágio que se apresenta no determinado momento. “Situações que eu tenho visto muito hoje em dia, são linhas capilares baixas, agressivas, densas e retas. E o que acontece com isso, corre o risco da calvície evoluir e aí então, não termos mais área doadora para cobrir o restante com a mesma densidade que está na área da frente”, diz o cirurgião plástico.
Imagine uma situação, de uma pessoa de 20 ou 30 anos que procurasse um médico, que não analisasse histórico familiar de calvície e nem se preocupasse com a área doadora disponível, e descesse a linha do transplante além do necessário. Nos próximos 20 anos, por exemplo, supomos que o paciente perdesse o que tem de cabelo no meio e na coroa da cabeça e não tivesse mais folículos doadores necessários para cobrir o restante com a mesma densidade da frente, porque foi tirada 90% da área doadora precocemente.
Mas você pode estar se perguntando sobre os procedimentos e tratamentos clínicos para manter os cabelos que já se tem? “Vale lembrar que os tratamentos clínicos retardam o processo de calvície mas não alteram o seu padrão final. Então precisamos pensar e analisar muito bem o caso, pois eu recebo muito no consultório pacientes com casos irreversíveis, que infelizmente ficaram com a linha frontal de cabelo muito baixa e que o restante já caiu”, conta Ruston.
Homem com calvície (Foto: Reprodução/Divulgação)
O Dr. Antonio Ruston alerta que é necessário ter uma noção, pois a calvície é um processo imprevisível. Então, essa noção que precisa se ter, é de qual o estágio final que a calvície irá atingir. E como é possível avaliar isso? “Nós precisamos realizar um detalhado e minucioso exame de histórico familiar para calvície de até 3 gerações anteriores. E realizamos também um exame chamado tricoscopia, que é uma análise microscópica da área capilar doadora”, salienta o especialista em transplante capilar.
Esse planejamento é feito baseado no estágio final, e não no que se apresenta agora, é importante lembrar disso. Dessa forma é possível sugerir um design seguro e de qualidade para o paciente, pois é muito melhor ser cauteloso do que agressivo, pois “transplante capilar não é o que você quer, mas sim, o que é possível para o seu caso em específico. Procure um profissional sério, com experiência e que alinhe as suas expectativas com o que é possível ser feito, para não haver frustração no resultado”, finaliza o Dr. Antonio Ruston.
Foto destaque: Homem com calvície. Reprodução/Divulgação