Ludmilla presta tributo emocionante a Preta Gil e convoca luta contra o ódio

Ludmilla emocionou o público ao compartilhar um vídeo no Instagram em que relembra momentos de cumplicidade com Preta Gil e expressa sua dor pela perda da amiga. Nas imagens, ela aparece visivelmente abalada, demorando a encontrar palavras para descrever o “vazio imenso” deixado pela cantora, e escreveu na legenda que ainda lhe faltam termos para traduzir toda a saudade que carrega.

Durante o tributo, Ludmilla convidou os seguidores a manter vivo o legado de Preta Gil, pedindo que, em memória dela, se ergam vozes contra o ódio. Em um trecho, a cantora pede: “Levantem os braços para a gente dizer não à homofobia, não à transfobia”, destacando a importância da acolhida e do respeito que sempre permearam a trajetória de Preta Gil.

Para reforçar a conexão artística e pessoal que as unia, Ludmilla resgatou cenas de 2023 no show Numanice, quando Preta subiu ao palco para cantar “Sinais de Fogo” ao seu lado. A escolha do trecho não foi ao acaso: simboliza a força que ambas encontravam na troca criativa e na amizade que cresceu ao longo de anos de militância e parceria musical.

Enquanto a saudade transborda, Ludmilla destacou que a verdadeira homenagem será manter acesa a luz de Preta, aquela capacidade de transformar o cuidado em ação e de usar a arte como instrumento de afeto. Ela encerrou a mensagem com um “Eu te amo para sempre”, prometendo carregar cada ensinamento de generosidade e coragem na própria vida e obra.

Importância de Preta na luta LGBTQIA+

Preta Gil se consolidou como uma das vozes mais fortes da comunidade LGBTQIA+ no Brasil ao assumir publicamente sua pansexualidade. Logo em 2011, quando o casamento civil igualitário ainda era pauta de debate, ela levou sua luta ao Congresso Nacional, defendendo a legalização das uniões homoafetivas e afirmando que sua voz como artista podia amplificar a demanda por direitos básicos e igualitários.

Post feito por Ludmilla em seu Instagram (reprodução/Instagram/@ludmilla)

Na arte, Preta uniu entretenimento e militância: o clipe de “Só o Amor” (2019), em parceria com Gloria Groove, reuniu elenco majoritariamente trans, celebrando as diferentes expressões de gênero, e a série “Aliades pela Diversidade” (2021), no Facebook Watch, reforçou seu compromisso com a inclusão no ambiente corporativo e social.

Com discursos contundentes, ela proclamava que “a mulher não volta mais para a cozinha, o gay não volta mais para o armário e a gorda não volta mais para a clínica de estética”, resumindo seu mantra de resistência contra LGBTfobia, gordofobia e machismo e inspirando toda uma geração a ocupar seus espaços com orgulho e coragem.

Velório de Preta Gil

O corpo de Preta Gil deve chegar ao Rio de Janeiro na próxima quarta-feira (23), conforme confirmou a assessoria de Gilberto Gil ao telejornal RJTV, com traslado direto de Nova York e cerimônia prevista entre quarta e quinta-feira. A família consultou previamente os desejos da própria cantora, que havia solicitado um velório no Theatro Municipal, espaço simbólico de sua ligação com a cena cultural carioca, seguido de cortejo ao Cemitério do Caju conduzido por um trio elétrico, transformando o adeus em celebração à vida, exatamente como ela idealizou.

A Prefeitura e o governo do Estado decretaram luto oficial de três dias pela morte da artista, e amigos, fãs e integrantes da comunidade LGBTQIA+ estão convidados a participar da despedida pública, levando flores, cartazes e cantorias em homenagem ao legado de amor e militância de Preta Gil.