Um dos filmes mais badalados do ano, “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” tem recebido muitos elogios por seu belo e revolucionário estilo de animação. Porém, por trás da história de Miles Morales e os diversos homens-aranha multiversais que aparecem no filme, a produção parece não ter tido um clima tão bom assim. Ou pelo menos é o que dizem diversos animadores que trabalharam no filme, reclamando de condições de trabalho insustentáveis que levaram a cerca de cem animadores saírem antes do longa ser concluído.
De acordo com entrevista ao site Vulture, Através do Aranhaverso, que foi lançado 5 anos após o seu antecessor, levou os animadores a trabalharem até 11 horas por dia, em uma rotina de revisões de materiais que até já estavam aprovados. Além disso, o planejamento do filme também foi motivo de reclamação, principalmente com o fato que foi produzido durante a pandemia de COVID-19 e com discordâncias entre o produtor Phil Lord e a Sony. O filme, que estava marcado para 2022 e foi adiado para esse ano, demorou mais que o esperado para entrar na produção em si, o que fez com que os animadores tivessem que “compensar” o tempo perdido.
Phil Lord e Chris Miller, dupla responsável por idealizar a série do Aranhaverso. (Foto:Reprodução/Monica Almeida/Reuters)
A presença de Lord em si foi comentada pelos animadores, que falaram que, apesar do produtor ter ótimas ideias e ser criativamente inspirador, ele é “incapaz de se comprometer com ideias”, afirmando que o mesmo tem uma reputação em ser um terrível planejador e não ter capacidade de visualizar o projeto antes dele ser finalizado – algo que seria essencial para a animação 3D, dado o custo e o tempo que são gastos finalizando projetos. Um dos entrevistados fez uma analogia para explicar: “É como se muitos construtores se juntassem para fazer um prédio sem um projeto em si, e, depois que botassem os tijolos, a madeira, as janelas e os metais, ele falasse: ‘Não, derrube essa parte aqui’.”
Os produtores citados e diretores do filme se recusaram a comentar, porém, Amy Pascal, executiva da Sony que cuida dos projetos envolvendo o Homem-Aranha, respondeu às acusações dos animadores: “Temos que continuar fazendo até que a história esteja certa. Bem vindo a produção de filmes, eu acho”. Outra executiva, Michelle Grady, ainda citou que mais de mil artistas participaram da produção do filme, e que o número de desistências é normal, afirmando que “apesar da produção ter tido problemas, a grande maioria achou satisfatório trabalhar no filme”.
Apesar do terceiro filme “Beyond The Spiderverse” (ainda sem tradução oficial) estar marcado para estrear em março do ano que vem, os animadores que trabalharam no segundo se dizem pessimistas para esta data se cumprir: “Não vai acontecer. Não produzimos ao mesmo tempo, e esse filme não saiu da pré-produção ainda. O máximo que já fizemos foram os testes feitos antes mesmo de ser dividido em duas partes”. A previsão é reforçada pelo fato que Hailee Steinfeld, dubladora de Gwen Stacy nos filmes, ter afirmado em entrevista recente que sequer gravou suas falas ainda. Então um adiamento do filme é iminente, e resta saber se ele sofrerá turbulências grandes como foi em seu antecessor.
Foto destaque: Miles Morales de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Reprodução/Sony Pictures Animation