Crítica | The Flash não cumpre as expectativas prometidas e decepciona fãs

Beatrys Felipe Por Beatrys Felipe
8 min de leitura

The Flash, dirigido por Andy Muschietti, foi originalmente programado para ser lançado em 2018, através do anúncio feito pela Warner Bros. No entanto, enfrentou vários adiamentos antes de finalmente chegar às telas de cinema. O filme recebeu elogios antecipados de pesos, incluindo de grandes nomes da Warner Bros., como David Zaslav e James Gunn, e foi elogiado por críticos especializados após suas primeiras exibições. Isso gerou altas expectativas e alimentou a antecipação que, infelizmente, não foi cumprida.

O filme foi promovido como o melhor filme de super-herói já feito, ou até mesmo do ano, com a esperança de salvar a DC de suas produções anteriores que não tiveram um desempenho tão bom nas bilheterias. Ele até tinha todo o potencial para ser um filme excepcional, especialmente considerando sua base na aclamada história em quadrinhos de 2011, Flashpoint (Ponto de ignição, traduzido), que deixou um impacto marcante e duradouro na história da DC. No entanto, o filme de 2023 não atende às expectativas que estabeleceu, mais uma vez deixando o público com a sensação de que a DC promete demais e entrega de menos

A trama do filme é protagonizada por Barry Allen, que viaja no tempo para salvar sua mãe, Nora Allen (Maribel Verdú), de uma morte “misteriosa”, enquanto seu pai, Henry Allen (Ronald Livingston), é injustamente preso sendo culpado pelo caso. No entanto, a interferência de Barry na linha do tempo leva à fragmentação da cronologia, alterando o destino de todos os heróis do universo.

Inicialmente, somos apresentados à versão de Barry da linha temporal principal, do presente, interpretada por Ezra Miller, que consegue ter um bom desempenho com sua atuação, equilibrando habilmente momentos cômicos com elementos dramáticos. No entanto, o equilíbrio é prejudicado quando ele encontra a versão passada do Barry, optando por se diferenciar entre as duas versões, a atuação decai para extremos. Essa decisão, embora tenha a intenção de ser engraçada, acaba comprometendo a essência e a personalidade do personagem, que é bem humorado, porém, com a utilização dos exageros, transforma-o em um jovem bobo e forçado.


Barry encontra sua versão do passado no filme The Flash (Foto: Reprodução/Warner Bros)


Em contrapartida, a performance notável de Michael Keaton como Batman se destaca, entregando com eficácia os arcos dramáticos e trazendo uma atmosfera nostálgica do Bruce Wayne de 1989. Sasha Calle também não decepciona, conseguindo estabelecer-se como Supergirl e apresentando uma versão mais misteriosa e sombria de Kara Zor-El. No entanto, é lamentável que sua personagem não tenha recebido um desenvolvimento maior no filme, deixando de explorar nuances emocionais. Ainda assim, há esperança de que ela seja melhor desenvolvida em futuros filmes da DC.


Michael Keaton como Batman no filme The Flash (Foto: Reprodução/Warner Bros)


Um ponto que chamou bastante atenção negativamente no filme foram os efeitos visuais, que causaram desconforto para quem estava assistindo por conta da má execução do CGI, que ficava ainda mais perceptível quando as duas versões do velocista escarlate estavam lado a lado compartilhando a cena. Levando em consideração o tempo extenso de desenvolvimento do filme, o alto investimento e os avanços tecnológicos disponíveis atualmente, seria de se esperar efeitos visuais mais bem trabalhados e refinados, ainda mais em uma produção de grande nome como essa, que chegou a ser intitulada como o maior filme de herói já feito, sem dúvidas os efeitos gráficos deixam a desejar.

A representação da família de Barry Allen é um ponto forte do enredo, mas a falta de detalhes sobre a morte de sua mãe, que influencia toda a trama, é um aspecto que poderia ser aprimorado. Seria interessante explorar mais essa questão no início do filme, investigando o responsável pelo assassinato e os motivos por trás dele. Esses elementos certamente contribuiriam para um enredo mais rico e envolvente.

Apesar dessa lacuna, é importante ressaltar que isso não prejudica gravemente a história. Isso se deve, principalmente, ao brilhantismo das soluções simples que têm um impacto significativo. Por exemplo, o valor atribuído a gestos cotidianos, como a compra de uma lata de tomate, é tratado de forma delicada e desempenha um papel crucial na tentativa de salvar a vida de Nora. A cena de despedida no supermercado, no take em que o Flash percebe que não pode alterar os eventos passados. Esse momento carregado de emoção revela a vulnerabilidade, a dor e o conflito interno de um personagem poderoso que pode viajar no tempo e salvar o mundo de vilões formidáveis, mas não pode salvar a própria mãe devido às responsabilidades impostas pelo seu papel. É uma cena que pode fazer muitos espectadores se emocionarem.


Barry se despede da mãe antes de restaurar a linha do tempo (Foto:reprodução/Warner Bros)


O filme também inclui muitas referências significativas e participações especiais que possuem um valor simbólico para os fãs, oferecendo o tão famoso e aclamado “fan service” que transporta os entusiastas da DC para uma experiência nostálgica.

Por fim, o vilão do filme é decepcionantemente fraco. Com mais tempo em cena ou diálogos menos rasos, a presença e a narrativa do vilão poderiam ter sido enriquecidas. A atuação também deixa a desejar nesse momento crucial da trama. Isso nos faz lembrar de um grande vilão que fez falta no filme, o Flash Reverso, um personagem que possui diálogos profundos, inteligentes e irônicos tanto na HQ quanto na adaptação animada de Liga da Justiça: Ponto de Ignição (2013), que chega até a levantar questionamentos a integridade do Barry, se ele é realmente um herói ou um “vilão”, julgando suas ações de Allen como egoístas por viajar no tempo em benefício próprio e causar diversos efeitos nas linhas temporais, colocando o mundo em risco.


Trechos da luta final entre Barry e Flash Reverso na animação Liga da Justiça: Ponto de Ignição (Foto: Reprodução/DC Brasil Club)


Em conclusão, The Flash não alcança o título de melhor filme de super-herói, como prometido inicialmente. Quanto a valer a pena assistir ao filme ou não, isso depende das motivações pessoais de cada um. Talvez seja interessante compartilhar a sensação de nostalgia e as participações especiais com os amigos, algo que apenas o cinema pode proporcionar. No entanto, se você é fã do Flash ou da DC, é melhor não criar muitas expectativas de que o enredo seja semelhante ou superior à HQ de 2021 e a animação de 2013, Liga da Justiça: Ponto de Ignição.

Foto destaque: Poster promocional do filme The Flash foto: Reprodução/10wallpaper.com/Warner Bros

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