Seleção Brasileira: Diniz avalia derrota como injusta e vê evolução

Gabriel Viana Por Gabriel Viana
8 min de leitura

O Brasil amargou mais um resultado negativo na noite desta terça-feira (21), com uma derrota por 1×0 para a Argentina. O jogo no Maracanã encerra o ciclo de Fernando Diniz em jogos oficiais à frente da seleção brasileira. A partida foi marcada por uma briga generalizada no setor sul do estádio, vaias e gritos de olé de brasileiros para a seleção. Após a partida, Diniz criticou os casos de violência, bem como avaliou a seleção e a partida.

O embate entre brasileiros e argentinos começou antes mesmo da bola rolar. No momento em que os hinos eram entoados no estádio, brigas começaram a pipocar no setor sul do Maracanã. O setor era misto, contudo era onde a maior parte dos argentinos se concentravam, e de lá começou uma briga generalizada que fez torcedores invadirem o campo com crianças para se proteger dos atos de violência. A polícia militar interveio, e assentos foram arremessados em direção aos policiais, que respondiam de forma agressiva. A partida sofreu com um atraso de 27 minutos até que a situação fosse controlada e a partida pudesse ser iniciada, oito torcedores foram presos e dois precisaram de atendimento médico no estádio.

Diniz lamentou a violência no estádio e disse que uma das responsabilidades dos jogadores é de não criar um clima de guerra entre as equipes dentro de campo, para que esse sentimento não seja passado para a arquibancada e eventos como esse aconteçam. O técnico também definiu o confronto como faltoso, porém sem deslealdades, com 26 faltas brasileiras contra 16 dos hermanos.


Assista ao momento das brigas no estádio. (Vídeo: reprodução/Youtube/Uolesportes)


A partida

A partida só teve início 27 minutos após o início da confusão. O jogo foi equilibrado com as melhores chances para a canarinho, contudo quem marcou o gol da vitória foi Otamendi para os campeões mundiais. Diniz avaliou o desempenho da equipe e mostrou-se satisfeito com as evoluções vistas em campo, principalmente no âmbito defensivo, em relação à partida contra a Colômbia na última quinta-feira (16) e analisou:

“Os jogadores foram impecáveis na entrega, na questão da marcação, que teve muito erro, erros excessivos contra a Colômbia. Em cinco dias, fizemos uma correção muito grande. Enfim, o resultado, às vezes, não explica o que aconteceu no jogo, como no caso de hoje.”

Apesar da melhora no sistema defensivo, um antigo fantasma de Diniz voltou a cabeça dos torcedores. A ineficiência nas finalização em contraste com o alto volume de oportunidades criadas, marcou trabalhos no início da carreira de Diniz como treinador, e foi a marca do setor ofensivo na partida, chances como a de Gabriel Martinelli após grande jogada de Jesus, foram citadas por Diniz na coletiva, que encara esse revés como compreensivo por conta dos grandes desfalques do setor e disse:

“Acho que talvez eficiente seja o número de oportunidades ou de lances para a gente matar e não matou. Os lances mais claros nesse sentido, acho que sim. Tivemos chances, bola na trave, escanteios perigosos, a gente estava levando perigo hoje na bola parada; teve a bola determinante no segundo tempo, porque teve a jogada do Gabriel Jesus com o Martinelli, mas infelizmente a bola não entrou. (…) É difícil você pegar um time, ainda mais mexendo muito na equipe, e conseguir ter a coesão que o time mostrou hoje.”

Entretanto, a falta de treinamentos constantes é um obstáculo no entendimento do “Dinizismo” por parte dos jogadores da seleção, que apesar de serem de uma qualidade incontestável, ainda não estão completamente adaptados ao esquema que requer um alto grau de entrosamento. A comparação com o Fluminense é inevitável, visto que o treinador comanda as duas equipes, e é nítida a diferença de entrosamento e entendimento entre a seleção e o clube, que traz à mesa a discussão se o “Dinizismo” é uma filosofia para trabalhos com poucos treinamentos, como o de seleções. Diniz avalia a falta de sequência como um contratempo em sua passagem pela seleção e disse:

“Eu gosto muito de trabalhar, é treino e jogo. O jogo acaba sendo o próprio treinamento. Você não consegue treinar as emoções da partida num treinamento. Para mim seria muito melhor se tivéssemos partidas sequenciais, mas eu tenho que me adaptar a isso e fazer com que o time melhore cada vez mais. Torcer para que não ocorra mais problemas de convocação, que possamos ter aqueles que acharmos melhor, e os jogadores não se lesionem.”


Assista aos melhores momentos de Brasil 0x1 Argentina. (Vídeo: reprodução/YouTube/GE)


Vaias e o futuro da seleção

Nos minutos finais da partida, torcedores brasileiros vaiaram e entoaram gritos “olé” para os jogadores da seleção, que vem de uma sequência de quatro resultados ruins. Diniz analisou como normal as vaias, contudo achou exagerados os gritos de “olé” e elogiou a postura da equipe em campo, apesar da derrota, dizendo:

“Acho que gritar olé para a Argentina é um pouco demais. Tanto que o pessoal que falou foi vaiado pelo público que estava. Mas vaiar, ficar indócil com o time porque não está ganhando é extremamente compreensível. Do resto, temos que saber conviver com as vaias e com a pressão. Acho que o time jogou bem, mas não venceu. E quando isso acontece e vem a derrota, é um fato normal.”

Mesmo com apenas duas vitórias em seis jogos, Diniz enxerga como positiva a sua passagem pela seleção em 2023. O treinador exaltou o amadurecimento de jogadores jovens que fazem parte dos planos futuros da seleção e viu o equilíbrio emocional da equipe como um ponto forte para a caminhada rumo ao hexacampeonato, e disse:

“Acho que em termos de processo para o futuro, foram extremamente válidos. Inclusive perder para poder saber o que faz na hora que perde, como é que amadurece o time. (…) Então, dentro das observações que a gente teve, hoje provavelmente foi a entrega de uma coisa assim, com uma perspectiva muito positiva para frente.”

Essa foi a despedida de Diniz de jogos oficiais à frente da seleção brasileira, contudo ainda há dois amistosos contra a Inglaterra e a Espanha no início de 2024. Após os amistosos, é esperado que Carlo Ancelotti assuma a seleção para a disputa da Copa América de 2024, nos Estados Unidos.

Foto destaque: Diniz em treino com a seleção brasileira. (Reprodução/Instagram/@timediniz)

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile