A falta de estrutura adequada na Copa América Feminina 2025, disputada em Quito, no Equador, foi alvo de duras críticas por parte das jogadoras da seleção brasileira. De acordo com relatos, as atletas precisaram se aquecer dentro dos vestiários, dividindo o espaço com a equipe adversária, por falta de infraestrutura nos estádios.
Segundo a Conmebol, a decisão de restringir o uso do campo para aquecimento se deve à preocupação com a preservação dos gramados, já que apenas dois estádios — Banco Guayaquil e Chillogallo — receberão todas as partidas do torneio.
Situação expõe disparidade entre torneios femininos e masculinos
A situação gerou indignação entre as jogadoras. Marta, principal nome da seleção, desabafou após a goleada contra a Bolívia:
Essa situação realmente atrapalha. Não havia espaço suficiente para as duas equipes, mas ambas queriam se preparar. Não entendo o motivo de não podermos aquecer no campo. Isso ainda é pior para nós porque aqui é muito abafado e tem altitude.”
Marta
A crítica foi reforçada por outras atletas. A meia Ary Borges classificou o episódio como “ridículo” e apontou a desorganização como um desrespeito com as jogadoras: “Dentro do esporte, precisamos nos unir e não ficar umas contra as outras. O que a Conmebol está fazendo é ridículo.”
A precariedade relatada pelas jogadoras evidencia uma realidade recorrente no futebol feminino: a desigualdade em relação ao futebol masculino. Enquanto a Copa América Masculina de 2024 contou com 14 estádios em 13 cidades dos Estados Unidos, a edição feminina segue com apenas dois estádios e estrutura improvisada.
Seleção brasileira feminina em partida pela Copa América Feminina 2025 (Foto: reprodução/Franklin Jacome/Agencia Press South/Getty Images embed)
Além disso, o investimento na edição masculina ultrapassou os US$ 60 milhões, enquanto o valor destinado à competição feminina não foi divulgado, mas sabe-se que a diferença histórica de repasse entre os torneios ainda é gigantesca. A cobertura midiática também é limitada: o alcance das transmissões e a visibilidade nos principais veículos seguem muito abaixo do ideal, apesar do crescimento do público e da qualidade técnica das jogadoras.
Reivindicações por igualdade no futebol feminino
As falas de Marta e Ary Borges não apenas denunciam as falhas da organização da Copa América Feminina, mas também reforçam a luta por igualdade no esporte. Com o aumento do número de torcedores, transmissões ao vivo e patrocínios voltados ao futebol feminino nos últimos anos, o tratamento desigual em competições internacionais se torna ainda mais difícil de justificar.
Enquanto as atletas seguem demonstrando talento e dedicação dentro de campo, fora dele, continuam na batalha por respeito, estrutura e reconhecimento. A crítica das jogadoras brasileiras pode representar um novo passo em direção a mudanças mais profundas nas competições da Conmebol e no futebol feminino como um todo.
