Pia Sundhage fala sobre demissão da seleção, após a Copa do Mundo

Ana Gomez Por Ana Gomez
6 min de leitura
Foto destaque: Pia Sundhage quando era técnica da seleção brasileira. (Reprodução/Alex Pantling/FIFA/Getty Images)

Pia Sundhage revela que queria ter continuado à frente da seleção brasileira. Porém, depois da queda precoce e inesperada na primeira fase da Copa do Mundo de 2023, a técnica acabou sendo demitida pela CBF no final de agosto. Agora à frente da seleção suíça, a treinadora falou com exclusividade ao ge e comentou como foi a saída do cargo e o que poderia ter feito a mais para que a saída do Mundial não tivesse acontecido daquela forma com um empate sem gols diante da Jamaica na terceira rodada da primeira fase.

A entrevista

A técnica afirmou: “eu estava determinada a continuar e cumprir meu contrato e até as Olimpíadas. Primeiro de tudo porque foi uma jornada fantástica. Aprendi muitas coisas em uma cultura diferente, com diferentes jogadoras. Claro que foi devastador que não marcamos gols (contra a Jamaica). Gostaria de ter comunicado para provar que esse time é muito melhor quando se fala de resultados, deveriam vencer a Copa do Mundo. Continuar a analisar a Copa do Mundo porque estávamos tentando preparar para as Olimpíadas, o que precisávamos fazer e colocar mais horas (treinos) no ataque. Como você sabe, tive um encontro com o presidente (da CBF, Ednaldo Rodrigues) e ele só me demitiu”.

Acerca do momento da reunião na sede, a treinadora disse que preferia mostrar respeito pela conversa, porém, ela garante ter ficado triste com o que ocorreu naquele dia.

Pia revelou: “sabe, para mostrar respeito sobre essa conversa. Sabe, você não está vencendo, você não vai continuar. Não foi o que foi dito naquela sala. Foi cruel. Três pessoas e o presidente. Para mostrar respeito por essa pequena reunião eu não vou revelar o que foi dito. Eu sinto muito e fico triste que aconteceu”.


Pia Sundhage na seleção brasileira
Pia deixou a seleção depois da eliminação na Copa do Mundo. (Foto: reprodução/AFP)

A seleção brasileira na Copa do Mundo

Depois de uma goleada por 4 a 0 sobre o Panamá na estreia da competição, o Brasil perdeu para França depois de um jogo disputado, e para classificar a seleção para as oitavas, precisaria de uma vitória simples sobre a Jamaica. Mesmo com o volume do jogo e a pressão, a seleção comandada pela Pia não conseguiu chegar ao gol.

Pia revelou: “quando olhamos para trás, analisando durante a Copa do Mundo, era somente um gol. Criamos chances, mas não conseguimos aproveitar. Digo que é o futebol internacional. São pequenas diferenças para o sucesso ou fracasso. Se você olhar o que jogamos contra a Inglaterra com bom resultado e bom futebol, vencemos contra a Alemanha e também o primeiro jogo na Copa do Mundo. Tudo pareceu tão bem. O jogo contra a França pode parecer difícil, mas mesmo assim perdendo poderíamos ter vencido o último jogo. Nós criamos chances, mas quando eu olho para trás é uma resposta fácil. Nós deveríamos ter colocado muito mais tempo na finalização (trabalhar isso). Digo sobre a última bola e sobre desperdiçar chances. Nós criamos chances. Nós mantivemos posse no campo de ataque mesmo contra a Inglaterra no segundo tempo. E tenho que admitir. Não fomos bons o suficiente para assinalar as chances. Se você voltar e ver as chances que criamos…é triste. Mas isso é futebol no seu nível mais alto”.

A técnica ainda revelou se, pessoalmente, poderia ter feito algo mais para mudar a situação da partida em Melbourne na Austrália. Ela reforçou que não iria fazer algo na partida sem ter certeza sobre a ação. Ela ainda falou sobre as alterações mais cedo, mas justificou: “Claro, há detalhes. Fiquei me perguntando se poderia ter feito isso ou aquilo. Eu não iria colocar uma coisa sem ter certeza absoluta sobre isso. Teve o debate no banco, mandar a campo novas jogadoras. Fomos bem sucedidos anteriormente com isso quando jogamos contra o Canadá ou Inglaterra com substituições no final. É lógico e a resposta mais fácil seria “poderíamos ter feito mais cedo”. Mas você tem algumas crenças. Mantém as que marcaram gols no campo, dando quem sabe uma segunda chance. Não tenho “a coisa” que poderia ter feito. Talvez pequenas coisas”.

Várias vezes, em suas coletivas como técnica do Brasil, Pia disse que acreditava que a seleção brasileira seria imbatível em um curto tempo. A treinadora acredita que o Brasil tem grandes chances de chegar à final do torneio de futebol feminino nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Por Ana Gomez
Escrevo para a editoria de esportes e reviso os textos
Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile