As férias escolares de julho são um dos períodos do ano mais aguardados, tanto por crianças e adolescentes, quanto pelos pais. Isso porque é a oportunidade que as famílias têm de quebrar um pouco o ritmo agitado do dia a dia e ao mesmo tempo curtir bons momentos juntos. Só que o desafio de muitos é desfrutar desses bons momentos, mas sem viajar. Pelo menos é o que aponta um recente levantamento feito pela empresa de cartões de crédito Trigg, em que 44,4% dos entrevistados disseram que não pretendem deixar sua cidade neste mês de julho. Outros 36,8% alegaram que irão mudar de ares e outros 18,7% ainda não haviam decidido.
Mas não podendo viajar, aí vem um grande desafio para pais e responsáveis: como gastar energia de crianças e adolescentes nestes 30 dias de férias e ao mesmo tempo mantê-los o máximo de tempo longe das telas de computadores, celulares e tablets? A psicóloga Julia Penna, que atende no centro clínico do Órion Complex, reconhece que a missão é trabalhosa, mas não é impossível. A especialista lembra, inclusive, que viajando ou não, um dos objetivos das férias escolares é proporcionar a pais e filhos momentos para fortalecimento de laços afetivos. “A convivência próxima é importantíssima para construir relações saudáveis entre pais e filhos. A partir da convivência mais próxima é que vai se desenvolver um bom diálogo e uma boa compreensão entre eles, facilitando assim uma relação respeitosa, amorosa e minimizando os conflitos”, afirma a psicóloga.
Diversão planejada
Mas para Julia Penna passar as férias em casa é possível sim e pode ser sim muito divertido. A dica que a psicóloga dá para os pais é fazer um planejamento de uma programação, que leve em conta especialmente a faixa etária das crianças adolescentes e seus assuntos de interesse, aliás, a própria definição dessa programação pode ser um bom momento em família durante as férias. Uma outra dica importante da especialista é, sempre que possível, buscar atividades que possam ser feitas por todos os membros da família.
“Passeios e caminhadas em parques, especialmente os que têm brinquedos, idas ao zoológico e museus também são ótimas opções. Em outros dias pode-se organizar brincadeiras que podem ser feitas em casa como amarelinha, pular corda, estátua, adedonha. Outra sugestão é um dia ou noite de jogos de tabuleiro e baralho. E conhecer outras famílias que também não viajaram. Que tal organizar um campeonato esportivo entre famílias? Isso pode ser feito até nas áreas de lazer dos prédios, que hoje em dia são bem grandes e completas”, sugere.
Outra dica é fazer pequenas reuniões em casa para reunir os amigos dos filhos. Julia Penna destaca que é sempre muito valioso essa convivência com outras pessoas da mesma idade. Segundo a psicóloga, não precisa ser muitos amigos, pode ser aqueles que seu filho considera mais próximos e se a reunião for na casa da outra família, tudo bem também, desde que seja uma família que os pais conheçam e achem que são pessoas boas para os filhos conviverem. “Sempre que possível, é importante tentar trazer outras crianças e adolescentes para brincar e passar tempo junto, pois é bem diferente uma brincadeira entre pais e filhos e as brincadeiras entre eles e seus amigos da mesma idade”, salienta a especialista.
Sem telas
Para a Julia Penna, essas atividades e brincadeiras que estimulam a convivência bem como o desenvolvimento cognitivo e físico das crianças e adolescentes, além dos meses de férias, podem também ser introduzidas ao longo do ano. A psicóloga lembra que um grande desafio para pais e mães hoje em dia é evitar o excesso de exposição às telas e explica porque é tão importante supervisionar, e se preciso for, controlar o acesso dos menores a celulares, computadores e outros dispositivos.
“De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças com menos de 2 anos não devem ser expostas a telas. Após isso, o tempo de uso deve ser controlado pelos pais, podendo ser aumentado de acordo com a idade, mas tentando não ultrapassar 2 a 3 horas diárias e adolescentes não devem passar a noite acordados jogando. Também é recomendado desligar as telas uma a duas horas antes de dormir para não afetar o sono e não permitir o uso de telas durante as refeições”, orienta a psicologa.
Júlia Penna revela os motivos para esses cuidados já estão demonstrados em vários estudos, que revelam os prejuízos no desenvolvimento das habilidades de linguagem, sintomas de hiperatividade e desatenção que o excesso de exposição às telas causam. “Esse mau hábito pode também levar ao sedentarismo, a obesidade, sintomas de depressão e ansiedade, distúrbios do sono, transtornos de imagem corporal e autoestima, e ainda dependência digital, problemas visuais como miopia, transtornos posturais e músculo-esqueléticos. Então é extremamente importante que se evite e controle o tempo de uso de telas com os filhos”, afirma.
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