A top brasileira Michelli Provensi (@michiprovensi), de 37 anos, foi eleita entre os vitoriosos do Prêmio Clarice Lispector – Fundação Biblioteca Nacional 2022.
A bela despontou entre as mais de 1.700 inscrições da edição deste ano e conquistou a segunda colocação na categoria Conto, com o livro “Marinheira de Açude”.
Michelli Provens (Foto/Gil Inoue)
Nascida em São Miguel Do Oeste e criada no município de Maravilha, em Santa Catarina, Michelli – ou Michi, como é chamada carinhosamente nos bastidores – começou a carreira na moda em 2001, após ficar entre as vencedoras de um concurso de modelos.
Desde então, atuou em mercados disputados como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha, Itália e Inglaterra, entre outros, onde estrelou trabalhos para grifes do primeiro escalão mundial, como Chanel, Yohji Yamamoto, Comme Des Garçons, Narciso Rodriguez e Issey Miyake, editoriais para Vogue, Elle, Harper’s Bazaar e Marie Claire, além de sessões fotográficas com ícones do segmento como Nick Knight, Juergen Teller e David Bailey.
As andanças mundo afora atuando como modelo foram o ponto de partida para que escrevesse o primeiro livro, “Preciso Rodar o Mundo – Aventuras Surreais de uma modelo real”, em 2013. O sucesso da edição a fez fincar o pé na disputada nova geração literária: “muitas vezes eu pegava um ônibus qualquer, sem rumo, só para ficar escutando histórias”, relembra.
A modelo coleciona ainda em seu currículo publicações de textos em veículos como O Estado de São Paulo, L’Officiel, Harper’s Bazaar e Vogue.
Multiartista por vocação, Michelli, que é representada no Brasil pela ARO Model, divide-se entre a composição de contos, as oficinas de escrita criativa e filosofia, as passarelas e as pick-ups – onde assume o posto de DJ em produções prestigiadas no Brasil e no Japão, para gigantes como Gucci, Dolce & Gabbana e Calvin Klein, entre outros grandes eventos da moda. Como apresentadora, esteve à frente dos programas MTV News, MTV Móv3l e The Beats Show.
Michelli Provens (Foto/Gil Inoue)
SOBRE O LIVRO
Em dezoito narrativas breves, Michelli Provensi nos conduz pelos meandros do oeste catarinense, onde um Brasil tão profundo quanto aquele que conhecemos dos sertões se apresenta com sua fortuna de personagens. Ao lado de camponeses endividados, de videntes, de tatas que trabalham em troca de quartinho e estudo, somos convocados ao conhecimento do efeito dos agrotóxicos, à força das ceifadeiras e à tragédia da morte prematura. O que não nos impede de sonhar com carnavais e de rogar em italiano a santos que atendem dos dois lados do Atlântico. Apesar das singularidades, há mais semelhanças que diferenças entre esse e outros brasis. “Marinheiro de açude” é um testemunho de que Tigrinhos, Maravilha e Riqueza estão muito mais perto do que imaginamos.
Paulliny Tort
“Marinheiro de açude” traz comoventes mitologias familiares e apresenta vidas que nunca foram atravessadas pelo urbano, pela celeridade de uma grande cidade, pela precarização do espaço da terra, pelos códigos mercadológicos das grandes metrópoles. As relações são ásperas, diretas, mas sinceras, espalhafatosas. Tempestade de rio. Com jocosidade hipnótica e desconcertante, os enredos circulam no implícito: um sistema que afeta diretamente a vida de todas as pessoas. Este livro é um acontecimento.
Carol Henrique Schroeder
Foto Destaque: Michelli Provens Foto: Gil Inoue
