Apesar de Milão ter perdido alguns dos desfiles mais esperados nesta temporada, o fim de semana foi marcado por apresentações refinadas e criativas das grifes Ralph Lauren, Brioni, Corneliani e Church’s. Cada uma delas trouxe à passarela interpretações únicas do vestuário masculino, unindo tradição e inovação em peças que refletem um olhar contemporâneo sobre a elegância e o conforto.
Cidade italiana reforça sua relevância na moda
Com cenários icônicos e técnicas artesanais, as marcas reforçaram a relevância da capital italiana como polo indispensável para a moda masculina global. Essa movimentação reafirma que, mesmo em meio a mudanças e desafios, o setor continua a evoluir com estilo e sofisticação.
Além das coleções, o ambiente ao redor dos desfiles desempenhou papel fundamental na experiência dos convidados, criando uma atmosfera que mesclou luxo e autenticidade. Desde palácios históricos restaurados até espaços intimistas e exclusivas residências, cada local contribuiu para contar uma história alinhada ao DNA das marcas.
Essa combinação de cenário, som ao vivo e interatividade com o ofício manual proporcionou um respiro cultural e sensorial que reforça o compromisso das grifes com a excelência em todos os detalhes. Assim, Milão não apenas expôs tendências, mas também celebrou a arte por trás da moda masculina.
Ralph Lauren: luxo marítimo e gala descontraída
Na mansão racionalista usada como cenário, Ralph Lauren combinou o charme de uma Bugatti 35 de aço com cocktails sofisticados do Sundowner à Margarita picante para recepcionar convidados. A Purple Label primavera-verão 2026 trouxe blazers texturizados, malhas suaves e tecidos fluidos em paleta cremosa, valorizados por sandálias de couro trançado. Elementos náuticos, como blazers de almirante em linho e camadas listradas em azul e branco, reforçam uma elegância casual com herança marítima.
Brandon Sklenar para coleção primavera de 2026 da Ralph Lauren (Foto: reprodução/Instagram/@ralphlauren)
Brioni: leveza e sofisticação artesanal
Apresentada em um palácio restaurado ligado à família Casati, a coleção primavera-verão 2026 da Brioni destacou-se pela extrema leveza. Os tecidos fluíram em tons de cinza, vermelho siena e ferrugem, enquanto um smoking preto era tecido com tiras estreitas de seda, produzidas minuciosamente em 14 dias, segundo Norbert Stumpfl. Outra peça marcante foi um smoking bege bordado com fios de ouro, homenageando a fábrica nos Abruzzos.
Corneliani: alfaiataria contemporânea e descomplicada
Cumprindo seu papel de termômetro do vestuário masculino daqui a seis meses, a Corneliani levou sua coleção a um palazzo histórico, com trilha sonora ao vivo que incluiu pianista e bluesman.
Desfile da Corneliani em Milão (Foto: reprodução/Instagram/@corneliani_official)
O diretor criativo Stefano Gaudioso Tramonte propôs um visual leve, sem camadas pesadas: elegantes ternos de lã leve em tons caramelados, camisetas de linho cinza e peças sem gola ou lapela. Inovações em tecidos incluíram camisas em linho tricotadas e jaquetas de safari leves, reforçando o lema de “luxo moderno, sem peso”
Church’s: homenageando o clássico “Shanghai”
No Piccolo Teatro Studio Melato, a Church’s apresentou a icônica Shanghai No. 1 de 1929, herdada por um cliente com conexão a Cincinnati, exibida em caixa de acrílico. Essa relíquia inspirou repaginação moderna do modelo, envelhecido com técnica artesanal. A fábrica inglesa em Northampton epicentro do ofício, destacou-se em demonstração: artesãos aparando, lixando e aplicando brilho francês “com camisas brancas velhas lavadas”, técnica recomendada para polimento perfeito.
Mesmo sem as grandes estrelas tradicionais, Milão reafirma seu status de polo vital da moda masculina. Ralph Lauren, Brioni, Corneliani e Church’s não apenas exibiram coleções impecáveis, mas também reforçaram valores como herança artesanal, inovação têxtil e elegância descontraída, traduzindo tendências que certamente ecoarão além deste verão 2026.
