As expectativas eram altas, mas ninguém estava preparado para o espetáculo visual que Lady Gaga entregou na 24ª edição do Coachella. Com duas horas de show, um repertório com 20 músicas e uma sequência de trocas de roupa deslumbrantes, a cantora de 39 anos marcou não apenas o festival, mas também ressignificou os limites entre moda, música e performance.

Vestida para narrar o caos pessoal
Intitulado “The Art Of Personal Chaos” (A Arte do Caos Pessoal), o espetáculo foi dividido em quatro atos, cada um marcado por uma estética visual distinta. Os figurinos que incluíram um vestido vermelho vibrante, uma malha preta enigmática, um vestido branco com penas etéreas e uma armadura metálica com capa não foram meros acessórios, mas protagonistas da narrativa. Gaga encenou, vestida, sua própria metamorfose.

Marcas como “Mugler”, “Matières Fécales” e “Marni” assinaram os looks, provando mais uma vez que Gaga é uma curadora de moda conceitual. Seu guarda-roupa transitou entre o exuberante e o sombrio, entre a delicadeza e a força, simbolizando com precisão as múltiplas camadas de sua performance emocional.
A narrativa dividida em atos
O show estruturado como uma peça em quatro atos, teve como o primeiro, “Of Velvet and Vice”, Gaga apresentou duas versões de si mesma no palco, dialogando com a dualidade da fama e a construção da identidade. Essa abordagem performática elevou o conceito de show para uma experiência teatral, aproximando o pop da ópera contemporânea e inspirando novos formatos de espetáculos no mainstream.

Moda como performance
Um dos momentos mais emblemáticos da noite aconteceu durante “Poker Face”, quando Gaga jogou uma partida de xadrez no palco, usando figurino que remetia ao desfile de verão 2005 de Alexander McQueen. A homenagem, sutil e potente, reafirmou seu papel como ponte entre moda e arte.
Ao transformar o figurino em extensão da narrativa, Gaga mostrou que o vestir pode ser tão poderoso quanto a música. O palco do Coachella não viu apenas um show presenciou um manifesto visual.

A homenagem evidencia o diálogo entre moda e música, e reforça a importância de Gaga como ponte entre diferentes linguagens criativas.

Ao fundir música, teatro, moda e performance em uma única noite, ela redefiniu o papel da estrela pop contemporânea e influenciou toda a indústria ao mostrar que o palco é também um espaço de reflexão, conceito e reinvenção.
Mais do que um show, Lady Gaga entregou uma obra completa de arte viva.