A apresentação da coleção Verão 2026 da Prada confirmou o acerto na decisão de integrar Raf Simons à direção criativa da grife. A afinidade estética e conceitual entre ele e Miuccia Prada salta aos olhos, indicando uma convergência criativa que potencializa os códigos da marca. Mais do que uma união de talentos, a colaboração funciona como uma plataforma de reinvenção. A sintonia entre os dois estilistas consolida uma fase marcante da maison italiana.
Estética nostálgica sem ser retrô
A coleção foi construída a partir de memórias visuais que remetem a outros tempos, mas com uma abordagem que evita qualquer saudosismo simplista. O cenário do desfile, marcado por uma escadaria labiríntica e um jardim de flores em escala monumental, evocava o espírito livre dos anos 1960 e a estética pop da década. O desfile também refletia sobre a construção da juventude como conceito cultural, transportando essa ideia para uma nova geração de consumidores.
Como é característico da Prada, o contraste entre universos opostos apareceu com força. Peças esportivas em tecidos leves dialogaram com elementos de alfaiataria em materiais técnicos, criando uma espécie de síntese da linguagem da marca. A coleção masculina, que desde os anos 1990 vem tensionando os códigos tradicionais do vestuário, se destacou novamente pelo humor refinado e pela leve estranheza que desafia o convencional. A mistura de estilos revelou a identidade multifacetada da grife.

Coleção Verão 2026 – Prada (Foto: reprodução/Instagram/@ffw)
Versões contemporâneas do verão
A leitura sobre o verão apresentada pela Prada trouxe frescor e ousadia. Peças como shorts ultracurtos, camisas longas usadas sem calça, decotes amplos e sandálias combinadas com calças jogging marcaram a coleção. Essas escolhas ampliam o debate sobre o que é apropriado vestir em diferentes contextos sociais. Ao reformular ideias clássicas de vestimenta, a grife reafirma sua postura crítica diante das normas e das convenções estéticas estabelecidas.
A marca italiana tem recorrido a referências visuais de décadas anteriores não para idealizá-las, mas como um meio de impulsionar novas propostas. Essa abordagem transforma lembranças em potência criativa, fazendo com que o repertório histórico seja um trampolim para o ineditismo. O desfile da coleção Verão 2026 deixa claro que, para a Prada, o futuro se constrói a partir de diálogos com o passado, sem nostalgia, mas com intenção e ousadia.