As eleições de 2022 afetam não somente o Brasil, mas também boa parte dos eleitores de países da América Latina que conhecem os candidatos à presidência e acompanham a corrida eleitoral.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) são internacionalmente conhecidos personagens da política brasileira, e o Brasil sendo um país com área continental, que não possui conflitos com outros países e que comercializa com as maiores potencias globais, o que acontece nele reverbera por toda a América Latina.
Especialistas e cidadãos entrevistados pela BBC News Brasil, acreditam que se Bolsonaro for reeleito a situação permanecerá como a conhecemos agora, e que seus políticos apoiadores nos países satélites o terão como uma referência forte, e se sentirão mais confortáveis em expressar projetos da direita radical sem nenhuma preocupação, enquanto combatem o crescimento de movimentos da esquerda.
Javier Millei, em entrevista disse ser amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e é uma das figuras públicas que elogiam o governo de Jair: “Bolsonaro está fazendo um excelente governo. É bom se ter consciência do que está acontecendo na economia brasileira, que registra deflação. O problema é a esquerda”, diz Millei que está em corrida eleitoral para presidência da Argentina.
Bolsonaro sempre teve grandes dificuldades em se comunicar com representantes dos governos divergentes a ele: “O problema não é que Bolsonaro e Fernández não se falam. O fato é que Bolsonaro não fala com ninguém” explica Celso Amorim, ex-chanceler do governo Lula, sobre a relação de Jair com o atual presidente argentino.
A mudança que virá caso Lula for reeleito é, segundo simpatizantes do ex-presidente, que os setores centro-esquerda e a esquerda, como a Frente Ampla no Uruguai, se fortalecerão entre os países da América do Sul, impulsionados pela volta do petista que luta e trabalha no mesmo espectro político que seus presidentes atuais: Luis Arce da Bolívia, Gustavo Petro da Colômbia, Alberto Fernández da Argentina e Gabriel Boric do Chile.
Na Argentina, a proximidade das eleições colocou parte da população torcendo contra Lula; segundo um assessor de agronegócio argentino, o grande embate travado no senado entre produtores rurais e representantes do kirchnerismo, poderia mudar e se intensificar com a eleição do petista. “Se Lula for eleito, apoiará Cristina. E não quero que ela volte a ser presidente. Temos uma série de problemas aqui, como a inflação altíssima, que o kirchnerismo não resolve e, além disso, Cristina tem várias denúncias na Justiça”, falou uma fisioterapeuta de Buenos Aires.
Xiomara Castro presidenta de Honduras, Andrés Manuel López Obrador do México, Nicolás Maduro da Venezuela e Gabriel Boric do Chile (Foto: Reprodução/Revista Forum)
“Se Bolsonaro for reeleito, já sabemos o cenário que existe. Mas a influência política (direta), no caso da Argentina, que realiza eleição presidencial no ano que vem, vai depender do desempenho do (eventual) governo Lula. As pessoas no Brasil terão pressa de resultados, e isso pode influenciar a eleição argentina também.”, relata Juan Lucca cientista político.
Para Lucca, caso Lula for eleito, o diálogo presidencial voltará a ser mais presente na América do Sul depois da pandemia, possibilitando que ocorram debates sobre a ampliação do Brics, para a entrada de outros países emergentes no bloco, renovação no Mercosul e melhora nas políticas internas dos países da América Latina.
Foto destaque: Candidato Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) Reprodução/Jornal do Commercio