Family offices são atraídas pela maresia de sucesso do cannabusiness e participam de rodadas milionárias no Brasil

Pablo Alves Por Pablo Alves
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No Brasil ainda não existe regulamentação oficial do governo em relação aos negócios envolvendo o nicho do mercado canabico, o projeto de lei 399/2015 que regula a utilização medicinal e industrial da erva não sai do lugar desde o ano de sua proposição, 2015. Mesmo assim alguns desses negócios estão à todo vapor, e isso não é um trocadilho, prova disso é que uma parte desses empreendimentos já estão na rodada três de aportes financeiros, e notabilizaram conquistas na casa dos R$ 100 milhões.

No segmento quem mais chama atenção é a farmacêutica Ease Labs por seu poder em atrair mais investimentos. A ponto de realizar sua terceira rodada, o grupo multinacional focado no desenvolvimento e distribuição de soluções naturais direcionadas para a saude, ratificou em abril, ter recebido financiamento de R$ 12 milhões de Bruno Fraga Soares, tenista profissional brasileiro. O aporte foi consumado através do Madfish, family office do competidor olímpico. Esse movimento simboliza a predisposição entre os desportistas envolvidos no lifestyle da cannabis e derruba mitos e tabus referentes ao modo de vida.

Já na segunda rodada a farmacêutica, recebeu investimentos da ALF Participações e do fundo Next, que faz parte da consultoria Alvarez & Marsal. “Fizemos uma nova rodada de investimentos porque eles demonstraram que são as pessoas certas para receber esse aporte. Estamos com eles no longo prazo, iremos até o IPO”, comenta o head de inovação na Alvarez & Marsal, Luis Camisasca.

O arcabouço que permitiu a construção do mercado da cannabis, sua composição e ordenamento, também é responsável por abrir passagem para propostas futuras que a Ease tem para dar continuiade às pesquisas e oferecer terapias não somente com a erva, mas agregando psicodélicos, que tem obtidos resultados positivos nas analises feitas em tratamentos assistidos pela psicoterapia, um deles é o cogumelo com principio da psilocibina. “Hoje, a cannabis é o nosso principal portfólio, mas queremos entrar em psicodélicos e outras substancias. Nossa ideia é ser um veículo de inovação no Brasil, trazendo esses compostos que tem aça comprovada”, afirma Gustavo Palhares, CEO e fundador da Ease Labs.


A maconha desperta o interesse do mercado brasileiro mas a definição de um marco regulatório dificulta seu florescimento. (Foto: Reprodução/VejaRio).


Progresso do maconha business 

Num tempo não distante o financiamento coletivo era o protagonista no que se convencionou chamar “cannabusiness”. Empreendedores pessoa física adquiriam em grupo pedaços de quotas e obtinham ativos das companhias em contraparte. Essa forma de atuação garantiu a vitalidade dos processos de operação da Dr. Cannabis, marketplace pioneiro dentro do segmento. Arrecadando R$ 750 mil na rodada inicial, realizada em 2018. Na rodada número 2, feita em 2020, o valor mais que dobrou batendo R$ 2 milhões. “ O crowdfunding encaixa muito na linha de quem quer participar do mercado, mas não quer montar um negócio”, elucida a fundadora e CEO da DR. Cannabis, Viviane Sedola.

Na configuração atual, quem empreende e coloca dinheiro do bolso para dar vida a uma empresa tem mais chances de captar prováveis investidores se encontrarem parceiros interessados, como os fundos corporativos, destacando as familly offices, entusiasmadas e seduzidas pelas atividades do mercado canábico brasileiro. Em determinadas situações, o magnetismo o nicho é tão forte que nem é preciso procurar para encontrar alguém disposto a fazer um aporte. Bom exemplo dessa realidade é Murilo Chaves Gouvêa, sócio e fundador da Cannapag.

O último financiamento anjo recebido foi de R$ 200 mil, e a iniciativa para a concretização do aporte veio do próprio investidor, Diego de Assis, ele fez contato com Murilo, depois de assistir uma palestra, querendo prosear e entender melhor à respeito de soluções monetárias disponibilizadas pela empresa. Tendo conhecimento da ausência de um banco digital e da falta de recursos de pagamentos direcionadas ao nicho canábico brasileiro, e em outras partes do mundo, ele agarrou a chance de fazer a diferença.

Outra que aproveitou essa atração magnética é a Zion MedPharma, que viu o dinheiro chegar até sua porta. Com um elenco de associados galáticos, que incluem o presidente do conselho do Hospital Albert Einstein, Claudio Lottemberg, e o ex-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, responsável por chancelar as primeiras licenças de autorização para importação de cannabis medicinal até o território do Brasil. depois da assinatura que liberou a chegada do produto por aqui, o family office Green Rocks agiu rápido e se apresentou ofertando aparceiramento. Ricardo de Paula Salomão, um dos associados ao grupo, diz que eles foram meticulosos na escolha e fizeram bem dever de casa através de pesquisas, quatro foram sondadas até a escolha final. O que pode levar um especialista, dos mais notórios do Brasil em saude privada, apostar nesse mercado de cannabis? “Muitas coisas mudam com o tempo na medicina. Cirurgia de obesidade, por exemplo. Até que as pessoas aceitassem que aquilo poderia ser válido e seguro foi complexo. Acho que a questão da cannabis vai um pouco por aí. Eu mesmo, dez anos atras, não sei se teria entrado nessa”, alega Lottemberg.


O mercado da cannabis está pegando fogo com aportes que chegam à milhões. (Foto: reprodução/MarcumLLP).


O sócio da The Green Hub, Alex lucena, está de acordo que, mesmo ainda não existindo um marco legislativo regulatório, o estado brasileiro detém trabalhadores preparados, e competem de igual  com o que existe espalhados pelo mundo. “São perfis bem técnicos, da ciência. Gente muito boa na parte médica. Óbvio que estamos longe de poder plantarmos temos healthech e agrotech de primeiro nível para atuar imediatamente quando abrir”, Alex se organiza para impulsionar mais umarodada de investimentos com a TGH, agora a série é B. O primeiro movimento rumo à elaboração da meta conseguinte do grupo: estabelecer um fundo de private equity estruturado na ESG em três anos. 

A marola do mercado da cannabis tem dado o que falar. Um dos fatores que colaboram para o florescimento da cena são sites de informações do tipo Sechat, exclusivo na cobertura da cannabis industrial e medicinal produzindo conteúdo para os interessados no segmento.

 

Conjunto de investidores e mercadorias

O mercado brasileiro possui 15 fármacos liberados para consumo, mas não existe horizonte para alteração da legislação em 2022. Isso acaba emperrando as engrenagens do segmento. “Precisamos focar em produtos para estimular investimentos e depois poder mostrar a experiencia aos fundos de investimentos. E desenvolver tecnologia de cultivo com extração e purificação do óleo para que o extrato seja uniforme ao longo dos diferentes lotes”, ilustra Dirceu Barbano.

Algumas estratégias são mais ousadas e investem numa série diversificada de artigos, como fez a Tegra Pharma, dos parceiros Jaime Ozi e Marcelo Galvão. A empresa de distribução de cannabis arrecadou R$ 10 milhões que saíram das carteiras dos   próprios sócios e de Jose Roberto Machado, investidor anjo, ex-vice-presidente de varejo do Santander. No presente ele é integrante do conselho da farmacêutica.

Atuando de forma diferente, a Maeté, faz o tipo acolhedora e recepciona interessados no empreendimento, dos que não sabem nada, até os investidores de pequeno porte. ” A pessoa diz o valor que pretende investir e fazemos o calculo para ver o equivalente de shares que corresponderia, e ela escolhe se quer investir em uma marca ou holding especifica”, explica Barbara Hedler, co-CEO da Maeté. Todas as companhias sob a batuta da Maeté dispõe de serviços oferecidos pelo hub com a finalidade voltada para o desenvolvimento. A marca de calcinhas produzidas com cânhamo, a Floyou, obteve subsidio para importação da matéria prima, do início ao fim.

Foto destaque: Reprodução/Investidorplace.

 

 

 

 

 

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