O homem que se apresentava ao mundo como um evento, o artista que não era aceito pela alta sociedade da arte, onde Bob Rauschenberg e Jasper Johns, o achavam demasiadamente extravagante e o rejeitavam, foi obrigado a criar a seu próprio mundo dentro da “The Factory”, desse lugar, saiu o que se tornou ontem, em leilão realizado na tradicional Casa Christie’s, a obra de arte mais valiosa do sec. XX.
O artista que inventou a ideia de que era possivel fazer nascer uma nova cultura moderna, essa foi uma das grandes sacadas de Andy, cumpriu sua missão e continua atravessando gerações durante os séculos. Warhol conseguiu reunir num lugar, em Nova York, tudo que era misterioso, mágico, excitante e interessante, no “The Factory”, e ele era o centro dessa órbita onde tudo acontecia e todos se misturavam, dos mendigos às socialitaes, muitos da East Village, bairro de Manhattan, e lar da contracultura já na década de 50 servindo de quartel general para alguns Beatniks. O lugar se tornou leito de nascimento de muitos movimentos artísticos.
O estudio de Andy era o lugar onde as pessoas podiam ser o que elas quisessem e de lá nasceram coisas extraordinárias, incluindo “Shot Sage Blue Marilyn”, popularmente conhecido como retrato de Marilyn, que foi arrematado por US$ 195 milhões e se tornou a obra de arte mais cara do sec. XX já leiloada. As cifras ficaram aquem do que era previsto mas foi o suficiente para deixar para trás Pablo Picasso e “As mulheres de Argel”, leiloada por US$ 179,4 milhões, em 2015.
Depois de passar pelas paredes de algumas casas de colecionadores, depois do leilão a obra vai ter um novo endereço. (Foto: Reprodução/G1).
Segundo o jornal The New York Times, a obra produzida por Andy Warhol em 1964, não esperou muito para ultrapassar o quadro de Picasso em valores de negociação. O quadro de 1×1 pertence a série que o artista produziu após o incidente ocorrido com a Srta. Monroe, em 1962. E o comprador adquiriu uma obra com história e valor agregado, vale lembrar que o quadro passou por momentos dignos de uma performance de Marina Abramovic´ quando foi alvejada por tiros no “The Factory”.
O trabalho serigrafico realizado por Warhol para muitos, é a pedra fundamental da revolução da PopAr’t e faz parte da “Shot Marilyns”, que tem cinco fotografias serigrafadas, todas com fundos de cores distintas, laranja, azul, vermelho, azul claro, turquesa e azul sálvia ( essa que foi vendida no leilão). Reza a lenda que a Performer Dorothy Podber, amiga de um dos fotografos da empresa de Warhol, quando se deparou com as fotos pediu para dar uns tiros nos quadros empilhados, dizem que ele pensou que ela queria fotografar e permitiu, mas ela ao invés de uma camera sacou uma arma de sua bolsa e desferiu os tiros.
Quatro das cinco obras que estavam na pilha foram atingidas e danificadas, a única que escapou ilesa foi a que estava em um lugar separado, e foi justamente essa que foi arrematada no leilão da Casa Christie’s, ela tem valor único pois foi a que saiu ilesa do episodio ocorrido na fabrica. Johana Flaum, chefe de arte do pós-guerra e contemporânea da Casa Christie’s comenta, “quando pensamos nas imagens mais icônicas da história da, pensamos em pinturas como Mona Lisa, de Leonardo Da Vince, O nascimento da Vênus, de Sandro Botticelli, e Les Demoiselles d’Avignon, de Pablo Picasso. E esta é a mesma linhagem, é aquela imagem icônica da segunda metade do século 20. E de uma forma muito Warholiana, foi reproduzida interminavelmente”, finaliza Johana ao Los Angeles Times depois de falar sobre a peça arrematada.
E quem não conseguiu dar seu lance para adquirir sua obra valiosa não precisa se frustar porque a temporada de leilões prossegue. Ainda há tempo para comprar obras de outros artistas importantes do século passado, Jean Michael Basquiat, o próprio Pablo Picasso, Mark Rothko e até o mestre do “Impressionismo”, Claude Monet está disponivel para ir morar na casa de algum colecionador apaixonado, disposto a desembolsar o minimo de US$ 30 milhões
Foto destque: Reprodução/G1