Descontrole fiscal: governo central bate pior déficit de setembro desde 2020

Receitas mal crescem enquanto despesas sobem quase 6% em setembro, o rombo atinge valor recorde e revela falta de controle orçamentário

31 out, 2025
Indicadores econômicos Brasil | Reprodução/Javier Ghersi/Getty Images Embed
Indicadores econômicos Brasil | Reprodução/Javier Ghersi/Getty Images Embed

O governo central terminou setembro no vermelho. O Tesouro Nacional informou nesta quinta-feira (30) que o déficit primário chegou a R$ 14,497 bilhões, o pior resultado para o mês desde 2020. O dado indica que os gastos permanecem em alta, enquanto as receitas têm avanço reduzido.

Mesmo com o rombo vindo um pouco menor do que o previsto pelo mercado, o cenário apresenta desequilíbrio fiscal. As despesas aumentaram quase 6%, enquanto a arrecadação subiu apenas 0,6%. O ritmo de gastos permanece acima do crescimento da arrecadação.

Gastos fora de controle

Os números mostram aumento nas despesas discricionárias, aquelas que dependem da decisão direta do governo. Elas mais do que dobraram em relação a setembro do ano passado. O Ministério da Saúde respondeu por boa parte desse crescimento, com mais de R$ 10 bilhões em desembolsos, elevando o total de gastos para R$ 186,8 bilhões no mês, refletindo repasses principalmente a programas de saúde e ações emergenciais.


Dívida pública segue crescendo (Vídeo: reprodução/YouTube/Jornal da Record)


Na outra ponta, a arrecadação apresentou variações ao longo do período. O governo arrecadou mais com IOF e Previdência, mas houve queda na receita do IPI. O saldo final ficou negativo, e o cumprimento das metas fiscais segue condicionado ao desempenho das receitas e despesas, que pode sofrer impacto de fatores econômicos e conjunturais.

Tolerância ao rombo e confiança em queda

O discurso oficial mantém o tom de cautela. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que não há espaço para cortes adicionais e que o resultado está “dentro da margem de tolerância”. A meta de déficit zero em 2025 continua valendo, com folga de até 0,25% do PIB, equivalente à cerca de R$ 31 bilhões, permitindo algum ajuste futuro conforme o comportamento das receitas e despesas ao longo do ano.

Desde 2022, as metas são ajustadas periodicamente, considerando variações na arrecadação e nos gastos. O Tribunal de Contas da União autorizou que a meta seja cumprida pelo piso, e não pelo centro, ampliando a margem de manobra do governo e oferecendo maior flexibilidade na execução orçamentária.

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