Apesar da expectativa de que a Selic atinja 11,25% até o final do ano, o dólar continua apresentando resistência em sua trajetória de queda. Economistas apontam que, mesmo com a elevação da taxa de juros no Brasil, fatores de risco interno podem estar pesando mais na balança do que os atrativos oferecidos por uma maior rentabilidade.
Um dos principais motivos para essa resistência é o aumento dos gastos públicos, especialmente em um ano eleitoral. As incertezas políticas que costumam acompanhar o período pré-eleitoral geram apreensão nos investidores, que temem que a sustentabilidade fiscal do país possa ser comprometida. Segundo o economista João da Silva, “os investidores tendem a ser cautelosos diante da possibilidade de um aumento nos gastos, o que pode levar a um descontrole nas contas públicas.”
O cenário social afeta no valor do dólar (reprodução/Javier Ghersi/Getty Images embed)
Cenário econômico e expectativas futuras
Além dos riscos fiscais, a instabilidade política e social também influencia a cotação do dólar. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a inflação permanece acima das expectativas, pressionando o Banco Central a adotar uma política monetária mais rígida. Isso, por sua vez, pode limitar a eficácia do aumento da Selic na atração de investimentos externos.
Os economistas ressaltam que a atual disparidade entre as taxas de juros brasileiras e americanas, que tem se ampliado, ainda não é suficiente para inverter a tendência de valorização do dólar. Conforme a análise do banco central, mesmo que os juros no Brasil sejam mais altos, a incerteza em torno das políticas econômicas e o potencial de um cenário adverso para o crescimento fazem com que o mercado permaneça cauteloso.
O impacto das eleições na economia
À medida que as eleições se aproximam, a preocupação com a gestão econômica se intensifica. Historicamente, períodos eleitorais no Brasil são marcados por volatilidade nos mercados, e os investidores buscam sinais de estabilidade e compromisso com reformas fiscais. O economista Maria Oliveira destaca que “as promessas de aumento de gastos durante campanhas eleitorais podem gerar um efeito desestabilizador, levando os investidores a repensar suas estratégias.”
As expectativas em relação aos novos governantes também desempenham um papel crucial. Os analistas do mercado estão de olho nas propostas dos candidatos, especialmente no que diz respeito à responsabilidade fiscal e à condução da política monetária. Para o Brasil conseguir atrair investimentos em um cenário internacional desafiador, a confiança dos investidores será fundamental.