Empresas projetam mais de US$ 35 bilhões em custos com tarifas dos EUA

As corporações internacionais contabilizaram um impacto significativo devido às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, com a projeção ultrapassando a casa dos US$ 35 bilhões. Entretanto, apesar da expectativa do mercado internacional, os acordos feitos entre os EUA e demais países têm dado uma visão mais ampla de possível estabilidade. 

De acordo com levantamento feito pela Reuters a partir de declarações corporativas, registros regulatórios e teleconferências, as empresas esperavam que o impacto financeiro fosse entre US$ 21 bilhões a US$ 22 bilhões, ainda neste ano. Apesar das tensões comerciais entre o país norte-americano e outros países – o que levou os Estados Unidos a atingirem os níveis mais altos de tarifas desde 1930 -, o mercado vem mostrando sinais de estabilização, à medida que novos acordos são feitos. 

Impacto Financeiro

As empresas multinacionais vêem o reflexo das tarifas norte-americanas de forma concreta em seus resultados financeiros. O valor de US$ 35 milhões supera a expectativa inicial registrada em maio de US$ 34 bilhões. Para 2025 a expectativa do efeito financeiro era de até US$ 22 bilhões; já para 2026, o teto beira os US$ 15 bilhões. Esses valores são baseados nas análises de maio, que foram feitas após as tarifas impostas em abril pelo governo dos EUA, com o dia sendo apelidado de “Dia da Libertação”.

Os custos elevam as pressões sobre o mercado internacional. A Stellantis, por exemplo, declarou um prejuízo de 1,5 bilhões de euros em julho, causado pelas tarifas dos EUA. Outros setores, contudo, foram beneficiados, como o setor de bebidas. A Remy Cointreau e a Pernod Ricard, ambas fabricantes de bebidas da França, diminuíram suas expectativas de impacto após o acordo entre a UE (União Europeia) e os EUA. 

Mas o cenário que fez com que as expectativas das companhias globais mudassem foi o acordo por taxas menores entre os EUA e o Japão, com as tarifas sendo de 15%. A Toyota, empresa japonesa do setor automobilístico, realizou uma projeção de US$ 9,5 bilhões, mostrando um impacto claro da desigualdade nos efeitos causados em diferentes empresas. 


Acordo entre EUA e Japão abaixou as tarifas comerciais (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Expectativas de estabilidade

Apesar dos valores elevados, existem sinais de que o mercado possa entrar em uma fase de maior previsibilidade, graças aos acordos feitos pelos EUA com a UE e o Japão, que levaram as muitas empresas a reduzirem suas estimativas iniciais para um pior cenário no mercado.

Em entrevista à Reuters, Antonio Filosa, presidente-executivo da Stellantis, afirmou que “as tarifas estão ficando cada vez mais claras”, indicando que os acordos estão possibilitando uma visão mais ampla do cenário e não o restringindo a resultados negativos. De acordo com ele, as tarifas serão consideradas variáveis a serem gerenciadas pelos negócios. Isso não significa que a incerteza do mercado desapareceu, devido à possibilidade de novas taxas impostas por Trump a qualquer momento, mas que talvez a fase atual seja de maior estabilidade do que o previsto.