Do auge à queda: ouro desaba após sequência histórica de altas
Ouro despenca mais de 4% após atingir recorde histórico, pressionado pelo dólar forte e realização de lucros, em meio a incertezas globais e cautela
Na segunda-feira (20), o ouro parecia imbatível. Encerrava o dia no topo de uma escalada impressionante, acima dos US$ 4.380, um marco que coroava meses de valorização e incertezas econômicas em mercados globais. Após 24 horas, o cenário virou completamente. Nesta terça-feira (21), o metal precioso registrou sua maior queda desde 2020, numa correção que pegou o mercado de surpresa e devolveu parte dos ganhos acumulados ao longo do ano.
O ouro vinha chamando atenção por todos os lados do mercado. Investidores e analistas não conseguiam tirar os olhos da escalada do metal, impulsionada por compras constantes de bancos centrais e movimentos especulativos. Enquanto isso, o cenário global se mostrava instável, entre tensões geopolíticas e sinais mistos da economia americana, fazendo do ouro um refúgio procurado. Nas últimas semanas, o metal parecia quase imbatível, com uma demanda que não dava trégua e alimentava expectativas cada vez maiores.
Realização de lucros leva ouro a forte correção
Nos terminais de negociação, o movimento foi rápido e intenso. O ouro à vista recuou 4,1%, cotado a US$ 4.178,23 (R$ 22.514,61), enquanto os contratos futuros para dezembro caíam 3,9%, a US$ 4.190,80 (R$ 22.582,41). Esse recuo foi suficiente para interromper uma sequência de recordes impulsionada pela expectativa de cortes nos juros americanos e pela corrida global por ativos de proteção.
Analistas atribuem o tombo a uma conjunção de fatores, incluindo a força do dólar, que avançou 0,4% no dia, e um repentino apetite por risco entre investidores. “Quando o mercado respira e busca ganhos em outros ativos, o ouro é o primeiro a sofrer”, comenta Jim Wyckoff, analista sênior da Kitco Metals.
Ouro tem maior queda após rali histórico (Vídeo: reprodução/YouTube/InfoMoneyNews)
Do auge à cautela: ouro desacelera após alta histórica
A virada acontece em um momento delicado. O metal vinha acumulando alta de cerca de 60% em 2025, sustentado por tensões geopolíticas e compras consistentes de bancos centrais. Agora, com o dólar fortalecido e os olhares voltados para o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos, adiado para sexta-feira (24) devido à paralisação no país, o mercado adota uma postura de espera e maior cautela.
O que antes era euforia virou prudência. Nos bastidores, operadores falam em realização de lucros e ajuste natural após uma escalada rápida demais para ser sustentável. O ouro, que parecia invencível na véspera, lembra agora que até os portos mais seguros balançam quando o vento do mercado muda de direção de forma inesperada.
