Crescimento Otimista em 2025: Moody’s prevê PIB do Brasil em 2,5%

Moody’s eleva PIB do Brasil para 2,5% em 2025 com Real forte e emprego robusto, mas projeta forte desaceleração para 2026 com Selic mantida em 15%

09 out, 2025
Agência classifica como "melhor que o esperado" para o ano | Reprodução/Getty Images Embed/Antonio Ciufo
Agência classifica como "melhor que o esperado" para o ano | Reprodução/Getty Images Embed/Antonio Ciufo

A agência de risco Moody’s Analytics surpreendeu o mercado ao revisar para cima a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2,5% em 2025. O otimismo, detalhado em relatório sobre a América Latina divulgado nesta quarta-feira (8), coloca a agência com uma perspectiva ligeiramente mais positiva do que o consenso de mercado, atualmente em 2,16% conforme o último Boletim Focus.

A performance econômica brasileira, que a agência classifica como “melhor do que o esperado neste ano”, é atribuída primariamente a dois pilares de sustentação: um mercado de trabalho robusto e a força da moeda nacional, o Real. Segundo a Moody’s Analytics, esses fatores têm sido os principais motores do consumo privado, injetando dinamismo na economia.

Projeção para 2026 e o impacto da Selic

Apesar do cenário favorável para o ano corrente, o horizonte se mostra mais cauteloso para 2026. A agência projeta uma desaceleração do crescimento do PIB brasileiro, que deve recuar para 1,8%. Essa previsão está intimamente ligada à manutenção de uma política monetária restritiva.

O relatório aponta que a persistência das atuais restrições monetárias, somada à tradicional cautela do ciclo eleitoral, deve impactar negativamente o investimento. A expectativa do mercado, inclusive a sinalizada pelo Banco Central, é que a taxa básica de juros, a Selic, seja mantida em um patamar elevado de 15% por um “longo período”, mesmo após o encerramento do ciclo de alta. Esse cenário de juros altos tende a frear o ímpeto da economia a médio prazo.


Matéria sobre a previsão de crescimento do PIB no Brasil (Vídeo: reprodução/YouTube/InfoMoney)

América latina mostra resiliência, mas abaixo do potencial

O olhar da Moody’s Analytics se estende para toda a América Latina, que demonstrou resiliência ao longo de 2025. A região, apesar de enfrentar desafios como a inflação, taxas de juros elevadas e incertezas globais (incluindo tarifas dos Estados Unidos), projeta um crescimento de 2,3% em seu PIB regional. No entanto, a agência classifica esse número como “abaixo do potencial” da região.

A partir deste mês, a América Latina entra oficialmente em uma temporada eleitoral, começando pela Argentina em outubro e Chile em novembro. Esse fator político é considerado crucial, devendo influenciar consideravelmente os rumos econômicos regionais. Seguindo a tendência brasileira, a projeção é que a região também registre um recuo em 2026, com o crescimento do PIB caindo para 2%. A agência adverte que as incertezas continuarão a ser um desafio adicional, especialmente para o México, devido à sua forte dependência comercial dos EUA.

Vizinhança em Foco: Argentina e Chile

A análise detalhada dos vizinhos revela cenários contrastantes e complexos. Na Argentina, a economia sofreu uma deterioração após o governo de Javier Milei suspender os controles de capital, levando a uma corrida cambial e desvalorização acentuada do peso. Apesar do aumento nas taxas de juros ter prejudicado o consumo e o investimento, a Moody’s Analytics surpreendentemente projeta um crescimento de 4,5% neste ano e de 3,6% em 2026. Contudo, o relatório levanta preocupações sobre a governabilidade de Milei, que, segundo pesquisas, pode não obter maioria simples no Congresso. Isso poderia levar o mercado a desacreditar na continuidade das reformas fiscais e dificultar o avanço de sua agenda econômica.

Já no Chile, o cenário é de crescimento econômico desacelerado e mercado de trabalho enfraquecido. A deterioração da situação fiscal está frustrando os eleitores e deve dominar o debate nas campanhas presidenciais. Os analistas veem um cenário que “favorecerá coalizões da direita”, que podem assumir o controle da presidência e da Câmara dos Deputados, o que é visto como um “risco positivo para as perspectivas de finanças públicas e do investimento público”. A projeção para o PIB chileno é de 2,5%, impulsionada pela alta do cobre e uma política monetária mais flexível, desacelerando para 2% em 2026.

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